Morro de São Paulo, distrito da Ilha de Tinharé, a cerca de 64 quilômetros de Salvador, está ganhando um novo visual. Isso porque o local recebeu a implantação de uma rede de energia sustentável e pioneira no Brasil.
Na tarde do último sábado (4), durante coletiva para a entrega da segunda etapa da obra, a empresa responsável pela reforma anunciou uma nova linha de distribuição subaquática, que custou R$ 20 milhões e causará impacto em mais de 4 mil moradores.
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Além do trecho subterrâneo, todo o sistema elétrico da ilha conta com uma tecnologia de automação que permite o controle de dispositivos elétricos de forma remota. Esse novo processo diminuirá os riscos de possíveis problemas na distribuição de energia para a ilha.
Mas, afinal, o que significa isso?
O principal intuito da obra é proporcionar maior confiabilidade no fornecimento de energia, já que a linha de distribuição subterrânea opera com mais segurança e eficiência, além de demandar uma manutenção mais simples.
O aterramento dos fios vai priorizar algo importante para o turismo local: a diminuição da poluição visual. Afinal, com as fiações passando de maneira subterrânea pelo distrito, as ruas perdem os emaranhados visíveis nos postes.
Sustentados pelo turismo, os comerciantes de Morro de São Paulo comemoraram o avanço. Entre eles está Seu Eusébio, de 71 anos, vendedor de artesanato na vila principal do distrito.
“As ruas ficam mais bonitas, parece que está mais limpo sem todos aquela ‘fiarada’, e ninguém sabia mais do que era o que, se era telefone ou se era luz. Só é uma pena que não vejo mais os 'nicos' que viviam brincando na Vila”, comentou, aos risos.
Assim como Seu Eusébio, a argentina Eli, que mora e trabalha na ilha há mais de 3 anos, concorda que a obra vai ser mais um atrativo para o turista que pretende visitar o local.
“Aqui na pousada, quando abrimos a janela, a primeira coisa que vemos é isso [os fios]. Fica feio, a pessoa não consegue admirar a paisagem tão bonita. Vai ser muito bom abrir a janela e ver só o mar”, explica.
Além da diminuição visual, Luiz Antonio Carlini, diretor-presidente da Neoenergia Coelba, afirma que o aterramento facilita a manutenção dos fios, já que o controle dos dispositivos elétricos é feito no Centro de Operações Integradas (COI) da distribuidora, localizado Salvador.
Como funciona a instalação?
No caso da obra de aterramento terrestre, o trabalho de perfuração foi mapeado com um equipamento que realiza uma espécie de um raio X do solo e identifica possíveis interferências de tubulações.
Por causa disso, o serviço foi parado alguns vezes, quando foram encontrados artefatos, posteriormente analisados e liberados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipham).
A manutenção nesse caso é ainda mais simples. A Neoenergia Coelba, empresa responsável pela obra, assegura que o sistema de auto recomposição permite a retomada do fornecimento de energia em uma área interrompida com, no máximo, 15 segundos, diminuindo ou zerando as quedas de luz.
Os transformadores e os locais usados para manutenção ficam na parte central da vila, onde é possível identificar a instalação olhando apenas para o chão.
Já no aterramento aquático, o processo acontece de forma diferente. A instalação é feita a partir de um navio, de onde são lançados cabos com o acompanhamento de técnicos mergulhadores.
No duto colocado no mar será utilizada a ferramenta "Air lift", que tem a função de aspirar o duto dos cabos por ar comprimido, permitindo o isolamento.
Atingindo o seu principal objetivo, as obras têm diminuído consideravelmente a poluição visual causada por fios de energia. Apesar de todo avanço, fios de telefone e outras instalações ainda não foram aterrados. De acordo com o presidente da companhia esse será o próximo passo dos serviços de revitalização.
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