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BAHIA

Com seca em zonas produtoras, quilo da farinha chega a R$ 8,50

O quilo da farinha Copioba, produzida em Maragogipe e que já chegou a custar R$ 3,50 há cerca de oito meses, ontem já era vendido a R$ 8,50

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18/01/2013 às 15:06 • Atualizada em 02/09/2022 às 6:57 - há XX semanas
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O engenheiro Pedro Oliveira, de 32 anos, nem gosta de imaginar a possibilidade de faltar farinha na sua mesa. Além da feijoada, do churrasco e da comida baiana, tradicionalmente degustados com o ingrediente, ele mistura a farinha até a pratos como lasanha, macarronada e comida chinesa. “Combina com tudo. É ela que faz a argamassa para encher o tanque”, brinca. Para o administrador Daniel Souza, 33, a moqueca baiana não desce sem o produto derivado da mandioca. “A moqueca é muito líquida e a farinha é o que faz ficar sólida, mastigável. Sem farinha eu não como”, garante. Por sua vez, a publicitária Luciana Moura, 27, é tão apaixonada por farinha que não divide a que compra com ninguém. “Lá em casa, a minha farinha fica guardada à parte. Sem ela, eu pararia de comer feijão”, diz. “A farinha é o que sustenta”. A rigorosa estiagem que os municípios produtores de farinha no interior do estado vivem já há dois anos não só ameaça a satisfação gastronômica de Pedro, Daniel e Luciana, por comprometer a oferta de mandioca, como tem jogado o preço da farinha para as alturas. Hoje, a saca do produto, que custava R$ 70 há um ano, chega a ser vendida por R$ 260. É o que garante a comerciante Terezinha Hora, que possui um quiosque na Ceasinha do Rio Vermelho. O quilo da farinha Copioba, produzida em Maragogipe e que já chegou a custar R$ 3,50 há cerca de oito meses, ontem já era vendido a R$ 8,50, um aumento de 142%. “Antes, toda semana vinha um fornecedor aqui. Agora, a farinha está tão pouca que eles só vêm de 15 em 15 dias. E, quando vêm, chegam com pouco produto”, lamenta. MercadosNo supermercado Extra da Vasco da Gama é possível encontrar o produto industrializado com preço menor, mas também muito acima do preço usual. O quilo da marca São Miguel, que chegou a custar R$ 2,50, era vendido ontem a R$ 5,79. “Assim, o churrasco e a feijoada acabam ficando mais caros”, reclamou a doméstica Eliene de Jesus, 36. “Isso é um absurdo, realmente”. No Bompreço do Rio Vermelho, o preço era mais baixo que o da concorrência. O quilo da mesma marca custava R$ 4,81. O produto do tipo seco amarelo da marca Farinha do João estava mais caro, chegando a R$ 5,20. “O feijão, a farinha, está tudo aumentando por causa dessa seca”, comentou um funcionário. No mesmo estabelecimento, o preço do quilo do feijão da marca Do João alcançava R$ 5,58. No Ceasinha, outros produtos alimentícios cujos preços do quilo valorizaram, em média, 50%, também por conta da seca, foram a banana da prata e da terra (R$ 3), o aipim e o tomate (R$ 5), o carimã (R$ 4) e o inhame (R$ 6). ProduçãoDe acordo com o especialista no cultivo da mandioca da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Nereu Dumont, a produção anual da raiz no estado, que é de 870 mil toneladas, caiu em aproximadamente 60% no ano passado, chegando a apenas 348 mil. “No interior, já faz dois anos que não tem chuva suficiente para o cultivo da mandioca, que precisa do solo umedecido para se desenvolver. O agricultor vê a planta nascer, mas não consegue produzir a raiz”, revela Nereu. Segundo ele, a situação se repete nos principais municípios produtores da Bahia, tanto do Recôncavo Baiano (Santo Antônio de Jesus, Nazaré, Cruz das Almas e Maragogipe), como do Sudoeste do estado (Cândido Sales, Vitória da Conquista), no Portal do Sertão (Irará) e Litoral Norte (Crisópolis). “Em função dessa escassez, a tonelada de raiz de mandioca, que custava R$ 150 há dois anos, hoje está sendo cotada a R$ 1,8 mil”, conta o especialista. E quem espera voltar a comprar farinha barata ainda este ano pode esquecer a ideia. “Como o ciclo médio de cultivo da mandioca é de um ano e meio, a situação de preços altos deve perdurar pelo menos até 2014”, assegura o técnico. A situação hoje é tão crítica que a Bahia, autossuficiente na produção de farinha, já está importando parte da safra de estados como São Paulo e Paraná. “Essa é uma situação atípica, já que aqui se produz tudo o que se consome”. Caso queiram continuar comendo a ‘argamassa’ diária, amantes da farinha como Pedro, Daniel e Luciana terão que continuar gastando mais no produto. Enquanto houver. Matéria original: Correio 24h Com seca em zonas produtoras, quilo da farinha chega a R$ 8,50

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