Ao tentar verificar quem era, acabou sendo baleado e morto por um dos cinco homens encapuzados que tinham acabado de invadir a propriedade e render todos os funcionários.
A fazenda Pau Brasil, de gado e cacau, tem pouco mais de 300 tarefas, e fica no povoado de Contendas. Dono das terras há 39 anos, seu José estava sozinho na sede da fazenda, que fica em Mata de São João, mas está a 3 km da sede de Pojuca.
AçãoEra por volta das 19h, quando os cinco bandidos deram início ao plano. Na hora da invasão, apenas cinco empregados circulavam pela propriedade (dois caseiros e três vaqueiros). De acordo com o relato de um dos vaqueiros à polícia, todos os criminosos estavam encapuzados e usavam escopetas. Eles teriam chegado à fazenda em um carro. “Um dos vaqueiros disse que, pela manhã, um carro rondava a fazenda”, contou o delegado Fábio Nobre, de Mata de São João, responsável pela investigação.
Ainda segundo o delegado, os ladrões renderam os caseiros e vaqueiros. Um deles contou à polícia que teve a casa invadida e foi obrigado por três ladrões a levá-los à sede da propriedade, enquanto os demais assaltantes tomavam conta dos outros reféns. Quando bateram na porta, o fazendeiro abriu a portinhola e percebeu que o vaqueiro não estava só. “O vaqueiro contou que ele (fazendeiro) tentou fechar (a portinhola), mas um dos bandidos atirou e o acertou no peito”, contou o delegado Fábio Nobre.
Ferido, José Francisco gritava repetidamente “me acertaram!”, acreditando que alguém poderia salvá-lo. Sem ajuda, ele subiu ao segundo andar da casa para se trancar em um dos quartos. No entanto, os bandidos conseguiram arrombar a porta da casa e foram atrás dele. No andar de cima, usaram mais uma vez o vaqueiro. Ficaram em silêncio e obrigaram o funcionário a conversar atrás da porta com o fazendeiro.
O fazendeiro, então, abriu a porta do quarto e acabou dominado pelos criminosos, que perguntaram por dinheiro. “Eu tenho pouco dinheiro na minha bermuda porque já fiz o pagamento”, disse a vítima, antes de ter uma quantia roubada de um dos bolsos.
FugaEm seguida, ainda segundo o delegado, os ladrões pegaram uma espingarda encontrada na casa, além de vários eletrônicos, incluindo TV e aparelho de som, colocaram tudo na carroceria da picape Hilux de José Francisco e fugiram. Os ladrões, porém, ao perceberem o giroflex ligado de um carro da PM, abandonaram o veículo com o material do roubo e se embrenharam num matagal.
Ferido, seu José conseguiu ligar para um amigo, que acionou a polícia. A viatura da PM socorreu o fazendeiro ao hospital municipal de Pojuca, mas ele chegou morto, às 20h.
“Quando nossa guarnição chegou no local, eles abandonaram o carro da vítima e entraram no mato. Nós já encontramos a vítima em estado grave. Demos preferência em prestar socorro e acionamos a guarnição de Mata de São João, que ficou até a madrugada em uma incursão para capturar os meliantes, mas não conseguiu pegá-los”, afirmou o major Bruno Sturaro, da 32ª CIPM (Pojuca).
A polícia acredita que os ladrões fazem parte de uma quadrilha que vem invadindo fazendas para roubar dinheiro e armas. “Temos registrados alguns casos aqui. Eles sabem que em toda fazenda tem uma arma, e querem se armar para fazer assaltos na região”, declarou o delegado Fábio Nobre.
Venda da fazendaDurante o enterro de José Francisco, ocorrido na tarde de ontem no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, familiares e amigos comentaram sobre a violência que atinge a região onde o engenheiro foi morto. “A gente já estava temendo essa violência. Pojuca e Mata de São João viraram zonas de perigo, por isso estávamos pretendendo vender a fazenda” afirmou Josana Souza, 39, filha mais velha de Francisco.
Para José Ribeiro, 66, amigo de Francisco há décadas, a violência na zona rural não é um fenômeno tão novo. Há dez anos ele vendeu sua fazenda, que ficava próxima à de Francisco, por conta dos casos de assaltos e mortes que estavam ocorrendo no local. “Eu já saí dali por causa da violência. Há dez anos isso já existia”, afirmou ele.
Irmão de Francisco, o major José Martins Fontes Neto, do Departamento de Pessoal da Polícia Militar, contou que há dois meses foi vítima de um assalto em um posto de gasolina localizado nas proximidades da fazenda do engenheiro. “Violência lá virou uma coisa corriqueira”, disse. “Fazenda era local de paz, não é? Não é mais”, lamentou o major.
Vindo de uma família tradicional de fazendeiros de Mata de São João, Francisco era dono da fazenda há 39 anos, quando recebeu a propriedade do pai. Segundo os familiares, o local era considerado pelo engenheiro como seu “santuário”. “Aquilo ali era a vida dele”, disse Almiro Fontes, irmão de Francisco.
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