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Entrevista com Luís Eduardo Magalhães Filho: 'debate é sempre o melhor caminho'

Agenda Bahia tem foco no futuro, na visão de sócio-administrador

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04/08/2011 às 9:55 • Atualizada em 28/08/2022 às 12:56 - há XX semanas
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O empresário Luis Eduardo Magalhães Filho, sócio-administrador da Rede Bahia, realizadora do Agenda Bahia com a Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia), aposta no debate para encontrar caminhos que levem ao desenvolvimento sustentável do estado. O jovem executivo acredita que a experiência do Carnaval baiano será fundamental para a organização da Copa do Mundo 2014 em Salvador, mas teme pela mobilidade urbana. Ele conversou, terça-feira, com o diretor de redação do CORREIO Sergio Costa e o editor-executivo Oscar Valporto sobre a realização do evento. A seguir, os principais trechos da entrevista. Qual a sua expectativa em relação à segunda edição do Agenda Bahia?Que o evento sirva como um grande palco para o debate de temas relevantes como sustentabilidade, infraestrutura, agronegócios e turismo e que o resultado sirva como combustível para o desenvolvimento em vários aspectos de nosso estado. Creio que teremos uma grande oportunidade de aprofundar essas questões. Na primeira edição do Agenda Bahia, tivemos um panorama mais amplo sobre esses assuntos estratégicos. Agora, teremos foco em questões que estão na ordem do dia no estado, como a modernização dos portos baianos, o sistema de transporte urbano em Salvador, as perspectivas do turismo com a Copa do Mundo 2014. A Rede Bahia é líder em praticamente todos os segmentos, é referência na comunicação no Norte e Nordeste e sucesso no entretenimento. O Agenda Bahia marca a entrada do grupo nos eventos de negócios?Certamente. A Rede Bahia já tem uma empresa, a Icontent, com a experiência em organizar eventos de sucesso como o Festival de Verão, que já está na sua 13ª edição, e o Festival de Inverno, que estamos novamente organizando agora em agosto, em Vitória da Conquista. Por outro lado, o grupo também tem uma vocação para produção de conteúdo, demonstrada pela qualidade dos nossos programas de TV - dos telejornais ao Mosaico e o Aprovado -, pelo sucesso do CORREIO, hoje líder em circulação na Bahia e entre os 20 jornais com maior venda no Brasil, e pela evolução da CBN Bahia. Portanto, era natural que a Rede passasse a atuar no setor de eventos de negócios como o Agenda Bahia e creio que o seu sucesso indica que devemos fazer outros investimentos nesse setor.
Na sua visão, qual a principal característica deste evento?A principal é o estímulo ao raciocínio, ao debate de ideias para o estabelecimento das bases para a solução dos problemas. Essa característica me entusiasma porque, apesar das discussões do Agenda Bahia serem mais no campo econômico, também foi a principal característica da ação política de meu pai, o deputado Luis Eduardo Magalhães. Ele achava que o debate era sempre o caminho mais construtivo, sempre capaz de solucionar problemas, de vencer desafios. Fico satisfeito em ver que essa abertura tornou-se uma marca do Agenda Bahia, com a reunião de autoridades públicas, de empresários, de executivos, de especialistas da academia, todos com essa disposição para o diálogo. Como empresário de sucesso, como enxerga as principais vantagens competitivas do estado?A Bahia é quase um país dentro de outro pela sua diversidade. O imenso litoral, o maior do Brasil, e a variedade de climas e solos do estado criam condições para quase todos os tipos de empreendimentos industriais e agrícolas. Temos ainda uma posição estratégica dentro do nosso país, pela proximidade com os polos econômicos do Sudeste, e em relação ao exterior: estamos há sete horas de avião da Europa e dos Estados Unidos. Não podemos esquecer que a Bahia é uma referência para os brasileiros de outros estados e para os estrangeiros: Salvador e o litoral baiano estão entre os principais destinos turísticos do país. Que lições o Carnaval baiano pode emprestar à preparação da Copa 2014?A Copa do Mundo é uma grande prova e nós temos oportunidade de mostrar nossa capacidade e competência para receber um evento desse porte. Será um momento em que a Bahia e Salvador, particularmente, estarão em evidência para bilhões em todo o mundo. O grande cartão de visita da Bahia é o nosso Carnaval. Durante uma semana, Salvador promove uma festa com mais de dois milhões nas ruas com paz e alegria. O Carnaval revela a vocação da Bahia para o turismo, com a recepção calorosa aos visitantes pelos baianos. Mas revela também a capacidade empreendedora dos baianos pelos negócios que surgem a cada ano, com mais e mais empresas buscando a visibilidade do Carnaval no estado para divulgar seus produtos e suas ações. E também uma capacidade de organização dos órgãos públicos que se unem ao setor privado para organizar uma festa que é elogiada por todos. Quais os pontos que o preocupam em relação à Copa?Em primeiro, segundo e terceiro lugar, em relação ao país, são os estádios. No caso da Bahia, aparentemente, estamos até avançados neste quesito. Aqui, transporte é minha maior preocupação, mas não apenas esta discussão sobre a mobilidade urbana. O aeroporto de Salvador precisa de uma reforma urgente que modernize as operações, inclusive com mais uma pista, e dê mais conforto aos passageiros. Nos últimos tempos, só temos notícias ruins sobre o aeroporto: alagamento e goteiras a cada chuva mais forte, brigas entre taxistas e motoristas clandestinos na disputa por passageiros, invasão da pista por animais. O valor reservado pela Infraero para a reforma é pequeno em relação às necessidades do aeroporto e ao potencial turístico de Salvador. A demora na definição do plano de transporte da cidade para a Copa do Mundo também me inquieta: vejo que em outras cidades as obras de mobilidade urbana já começaram. Temo que Salvador fique para trás.
Qual sua expectativa em relação ao legado da Copa do Mundo para Salvador?Essas obras que estamos discutindo são fundamentais para a população de Salvador, particularmente um sistema de transporte público eficiente. Estou otimista que teremos ainda um impacto enorme no setor turístico: pela reforma, mesmo modesta, no aeroporto e no porto de Salvador, pela instalação de um equipamento moderno como a Arena Fonte Nova em um setor da cidade que precisa ser revitalizado, e pela visibilidade que a Copa dará a Salvador. Também deve ser uma preocupação de nós, do setor privado, e das autoridades públicas de aproveitar o evento para qualificar trabalhadores para o setor de turismo e eventos. É uma vocação da Bahia, mas, para seu desenvolvimento pleno, o turismo precisa de pessoas realmente preparadas para receber os visitantes, potencializar as atrações que o estado já oferece, e criar novos empreendimentos. Na sua opinião, qual o principal entrave ao desenvolvimento sustentável da Bahia?Acho que os processos burocráticos ainda são muito lentos e ineficazes, o que atrapalha e muito nossa competitividade. Há gargalos evidentes na infraestrutura do estado. Necessitamos da ampliação e modernização dos nossos portos. Queremos a Ferrovia Oeste-Leste para o escoamento da produção do estado. Mas, já que estávamos falando em qualificação, não podemos esquecer que a educação - na verdade, a falta de acesso à educação de qualidade de muitas famílias baianas - também é um entrave ao desenvolvimento. A Bahia, em muitas áreas, é ainda uma grande importadora de mão de obra. Precisamos de profissionais mais qualificados e, para isso, é preciso investimento em educação desde a infância. Em relação à inovação, tema do seminário no item sustentabilidade, qual a principal característica do estado e dos baianos?Para falar em inovação, sou obrigado a voltar ao Carnaval. Na Bahia, inventaram o trio elétrico - pode haver maior prova de inovação? E, na Bahia, o trio elétrico virou um produto e criou-se um novo conceito de Carnaval. Criatividade e empreendedorismo, essas são características da Bahia e dos baianos. O Carnaval dos trios elétricos da Bahia virou um produto de exportação - tem Carnaval baiano o ano inteiro em Fortaleza, em Natal, em Belo Horizonte. A diversidade dos investimentos no estado - na agricultura, na indústria, na mineração - também é uma marca importante. O senhor considera a Rede Bahia inovadora?Em vários aspectos. A Rede Bahia sempre foi pioneira em suas ações. O próprio Agenda Bahia é um exemplo. Fomos um dos primeiros a investir na digitalização das emissoras de TV. Por isso, temos programação própria e com a cara da Bahia. Por isso, promovemos o maior festival anual de música do Brasil. Por isso, reformulamos o CORREIO e alcançamos a liderança no meio jornal. Por isso, estamos investindo nas plataformas para internet. Estamos sempre buscando novos negócios e oportunidades, além de incentivar a criatividade e a ousadia no grupo. O Agenda Bahia, na sua visão, marca um novo momento do estado, reunindo vários segmentos para debater o futuro do estado, independentemente de ideologia ou posição política?Esse foro foi concebido para ajudar a buscar soluções para nosso estado. O Agenda Bahia reúne as grandes forças da nossa sociedade, a começar pela parceria na organização da rede, que reúne os principais veículos de comunicação do estado, com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia, representante do empresariado, e a Ufba, uma das mais respeitadas universidades do país. Temos ainda a participação de gigantes como a Petrobras e a Braskem, da PDG, líder de mercado brasileiro no setor imobiliário, da Associação dos Produtores de Florestas Plantadas do Estado da Bahia, que reúne um setor importante e em crescimento no estado, da Coelba, da Bahiatursa. Vamos receber o governador Jaques Wagner e secretários de áreas estratégicas do governo. Como disse no começo, meu pai sempre teve suas posições políticas claras e isso jamais impediu o diálogo com qualquer segmento, mesmo com adversários políticos. E meu avô ACM sempre disse que a Bahia devia estar acima de qualquer divergência. O Agenda Bahia tem esse foco: construir um futuro melhor para o nosso estado com base no debate e no entendimento. NÚMEROS DA COPA

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