No próximo domingo, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) inicia a segunda etapa do processo seletivo para 2012. E, logo no primeiro dia, os amedrontados vestibulandos dão de cara com a assustadora e temida redação. “Ela é o que me deixa mais nervosa”, desabafa a marinheira de primeira viagem Ísis Gama. “Eu tô muito ansiosa, com medo do tema. Tem muita coisa pra ser abordada”, diz.
Mas, para os professores especialistas no assunto, o segredo é muita atenção e pouco desespero. “A Ufba parte de temas subjetivos, com a linguagem figurada, para que os alunos tentem compreender o que é pedido e tragam para a nossa realidade objetiva”, explica a professora de redação da ONG Pierre Bourdieu, Taíse Teles. “O assunto sempre vai partir disso e o vestibulando tem que captar a ideia central dos textos motivadores”.
De acordo com Taíse, até mesmo o aluno que não tiver um amplo conhecimento sobre o tema pode se sair bem caso entenda o que está sendo pedido. “A partir dos fragmentos, ele pode trazer o assunto para o mundo dele e sua memória social. Parte do conteúdo vem disso”, diz.
A professora Ana Paula Marques, do Colégio Antônio Vieira, também tem dicas valiosas. “Os temas propostos geralmente passam pelos livros e filmes recomendados pela Ufba. Eles transitam pela abordagem temática presente nessas obras”, revela. “ Os textos de apoio propõem um tema que exige a reflexão e análise crítica do aluno, respaldado por aquilo que ele estudou e acompanhou durante o ano”.
Segundo Ana Paula, o planejamento do texto é fundamental. “Nesse momento, ele precisa trazer a tese dele sobre o tema e idealizar com clareza os argumentos para construir um texto objetivo e que tenha progressão temática. Isso quer dizer que um parágrafo tem que dar continuidade ao outro para que o corretor perceba que ele tem conteúdo. Não pode ficar girando em torno da mesma ideia”, comenta.
Caligrafia
Leonardo Mendes, professor do colégio Vila Lobos, alerta para a grafia dos concorrentes. “Não pode ter uma escrita confusa, porque um texto ilegível é fator de eliminação. Aqueles que têm problemas de caligrafia devem ter muito cuidado”. Mas, segundo ele, o que é priorizado na correção da prova é o conteúdo. “O foco da Ufba é isso. Ela quer uma abordagem criativa e crítica do tema de uma forma organizada”.
A diretora do Serviço de Seleção da universidade, Antonia Elisa Caló, ressalta pontos que devem ser levados em conta pelos candidatos no dia da prova. “ Não se deve esquecer de usar a caneta na realização da redação e, principalmente, se ater ao tema. Há muito problema com isso”, conta.
Para Caló, o que tem levado candidatos a terem dificuldades é a falta de habilidade com a escrita. “O desenvolvimento e a organização das ideias têm de caminhar juntos ao aprofundamento do tema. Muitas vezes a redação fica só na superficialidade ou então não há uma relação entre os parágrafos”, explica a diretora. “ O tema tem que ser introduzido, desenvolvido e concluído. Isso é uma regra básica”.
Cuidados A redação da Ufba só é zerada se houver fuga ao tema proposto ou for escrita na primeira pessoa. “A correção preza muito pela originalidade, mas tem que ter cuidado porque às vezes quem ousa muito pode fugir da temática”, observa Ana Paula.
“É fundamental que ele organize o texto com um parágrafo para a introdução, outro para a conclusão e, no máximo, três para o desenvolvimento. Cada parágrafo deve ter um tópico frasal e ideias secundárias. É bom ter em mente que os corretores analisam conteúdo, linguagem e estrutura”, acrescentou.
Para Taíse Teles, em caso de dúvida, o importante é se pautar nas orientações da prova.
“O aluno tem que observar se o título é pedido, por exemplo. Se não for, o uso dele é facultativo", esclarece.
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