Os números pós-Copa na Bahia impressionam: mais de 700 mil pessoas circularam pela cidade, mais de 20 mil foram à Fan Fest e outras mais de 30 mil pessoas utilizaram o metrô como meio de transporte. Os dados são da prefeitura e do Governo do Estado. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Seção Bahia (ABIH-BA), entre os dias 14 e 21 de junho, a ocupação hoteleira alcançou os 90% na capital baiana.
Ao que tudo indica, o evento foi um sucesso para o desenvolvimento da economia da cidade. Mas, nem para todos os comerciantes o Mundial foi tão bem visto. A empresária Lídia Duarte, que possui uma floricultura no bairro de Itapuã, afirma que os prejuízos começaram no primeiro dia do evento e se agravaram quando os jogos aconteciam em Salvador "O movimento caiu desde o do Dia dos Namorados. No dia do jogo de Bósnia e Irã, o espaço aéreo foi fechado e minhas encomendas que viriam da Colômbia só vieram na quinta à tarde. Sem contar as faturas, as contas que ficaram atrasadas."
Em uma comparação com o mesmo período do ano passado, Duarte calcula prejuízo signficativo "Tivemos uma perda de 60% em relação do ano passado. No São João, eu já sabia que teríamos desfalques, mas esse ano, foi bem pior. Os cartões dos dias dos Namorados ficaram empacados". Além da queda nas vendas, a florista viu-se com um novo problema: "Nos dias de jogo, ficamos sem nenhuma segurança. Você não via um policial aqui, nada", reclama.A Polícia Militar, através da assessoria, informou que durante os dias de jogos a 15ª Companhia Independente da Polícia militar (CIPM), responsável pela segurança da região, registrou redução de ocorrências e realizou o patrulhamento com o apoio de outras unidades da polícia como Esquadrões de Polícia Montada, Motociclistas Águia, Rodesp Atlântico entre outras.Do outro lado da cidade, na Avenida Vasco da Gama, uma das poucas próxima à Arena Fonte Nova que não sofreu interdição total, a situação não foi diferente no que diz respeito ao lucro dos comerciantes. "No caso das oficinas, os motoristas estavam evitando de passar por aqui, então tivemos poucos clientes. Chegamos a fechar a loja logo após a interdição do trânsito do Dique do Tororó nos dias de jogos, porque nada passava", disse o dono da oficina Radiadores Lima, localizada pouco antes do viaduto que liga a Vasco da Gama à Avenida Garibaldi. Outro empresário da área que sofreu bastante com os jogos na Fonte Nova foi o cabeleireiro Valdir. Dono de um salão que fica na rua que liga a Vasco ao Dique do Tororó, Valdir sentiu o impacto no bolso devido às interdições da área. "Durante a Copa das Confederações, foi decretado feriado. Dessa vez, apesar do burburinho, eles suspenderam a decisão. Acho que isso afetou bastante a economia. Meu faturamento, por exemplo, caiu em 60%", contou. De acordo com ele, o salão não chegou a ser fechado totalmente em nenhum momento, mas, durante as tardes de jogos em Salvador, alguns funcionários foram liberados do trabalho. "A cidade estava muito engarrafada e , na área do salão, não passava carros. A gente tinha esperança de chegar cliente, mas quase nunca ninguém chegava. Acabei organizando a escala para que as funcionárias que morassem mais longe não precisassem vir nesses dias", explicou.Mesmo sem apresentar números, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL- Salvador) afirma que as vendas do setor apresentaram significativo crescimento entre os meses de junho e julho. "Com a proximidade do início do maior evento do futebol mundial, gradativamente, as vendas alcançaram patamares diferentes, superando as expectativas para o período. E o crescimento que estava lento, teve aceleração com os jogos acontecendo", relata Antoine Tawil, presidente da Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas.
A florista Lídia Duarte teve prejuízo de 60% em dias de jogo da Copa |
Funcionários de loja de adereços situada no bairro de Nazaré |
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-Bahia) registrou um aumento de 50% no consumo em bares da cidade e média de 30% no crescimento dos restaurantes durante o período. Rio Vermelho, Barra, Ondina estão entre os bairros com maior consumo do município entre os dias de jogos da Copa. Segundo Luís Henrique Amaral, presidente da Abrasel Bahia, o faturamento foi bastante significativo para o setor "Houve uma mudança no comportamento no hábito de consumo. Eventos desse porte têm poder de atração muito grande e, especificamente, em dias de jogos", explica.Os bares do Centro Histórico e o consumo nas churrascarias foram os destaques da categoria durante o período. "Sem dúvidas, o consumo nos bares do Centro Histórico foi notável. Houve dia em que faltou limão para fazer caipirinha. As churrascarias nos dias de jogos internacionais tiveram um crescimento muito grande. Podemos analisar o perfil do turista que frequenta o local: mais de 70% homens, de meia idade e com um consumo médio de 12 mil reais", analisa.
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