O Supremo Tribunal Federal (STF) negou, na última segunda-feira (16), um pedido da defesa da médica oftalmologista Kátia Vargas Leal Pereira, acusada de provocar o acidente que resultou na morte dos irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes Dias, no dia 11 de outubro de 2013. O pedido era o último apelo para não ir a júri popular. Ela já havia recorrido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também negou.De acordo com o advogado da família das vítimas, Daniel Keller, o recurso ao STF não modificaria a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), tomada por unanimidade em abril de 2014. "Esse recurso não é previsto em lei, só fizeram para ganhar tempo. Não tem mais recurso para evitar o júri. Estamos esperando a juíza do caso marcar o julgamento", disse Daniel, que sequer havia sido intimado pelo STF após o pedido.
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| Foto: Reprodução / Arquivo Correio |
No dia 30 de março, o ministro Lázaro Guimarães, desembargador convocado do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, negou o pedido feito ao STJ pelo advogado Fabiano Cavalcante Pimentel, da defesa da médica Kátia Vargas. O pedido envolvia a desclassificação do delito para homicídio culposo - quando não há intenção de matar - e a retirada da qualificadora de motivo fútil, determinante para a decisão pelo júri popular. Kátia Vargas é acusada de homicídio qualificado."Incabível o afastamento das qualificadoras, eis que não se revelam as mesmas manifestamente improcedentes", diz a decisão do ministro Lázaro Guimarães. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico no dia 4 de abril deste ano, quase dois anos após o TJ-BA aprovar a ida da médica a júri popular.Dois dias depois, em 6 de maio, o STF recebeu os autos do processo. O recurso, desta vez, havia sido protocolado por outro advogado, José Luis Mendes de Oliveira Lima, de São Paulo, que também faz parte da defesa da médica. O processo foi distribuído no dia 9 de mario para a ministra Carmen Lúcia, do STF, que negou seguimento do recurso especial na última segunda-feira (16).O CORREIO procurou o advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima, para falar sobre o recurso protocolado no STF, mas ele não retornou aos pedidos de contato feitos pela reportagem.
AngústiaMãe de Emanuel e Emanuele Gomes Dias, a enfermeira Marinúbia Gomes disse esperar angustiada a marcação da data do júri. "Ela recorreu ao STJ há mais de dois anos e recentemente, acho que no início desse mês, foi julgado por unanimidade que fosse determinado o que a Bahia decidiu, que ela fosse para júri popular. Decidido isso, cadê a data do júri? Estamos nessa angústia de esperar que a justiça daqui da Bahia dê a data do júri popular. Pro júri, a gente já sabe que ela vai. Agora, quando, a gente não sabe. Dr. Daniel está correndo atrás disso dia e noite", disse Marinúbia, se referindo ao advogado da família.
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| Foto: Amana Dultra / Arquivo CORREIO |
Segundo ele, a juíza do caso, Gelzi Maria Almeida Souza, "está para marcar" a data do júri. "Ela está decidindo alguns procedimentos preliminares", declarou Daniel Keller. Também de acordo com o advogado, a médica voltou a trabalhar normalmente como oftalmologista.
CongressoNo último dia 12 de maio, o Tribunal de Justiça da Bahia autorizou a ida dela a São Paulo, entre os dias 19 e 22 de maio, para participar do Simpósio Internacional de Glaucoma da Unicamp, que vai acontecer no Hotel Maksoud Plaza, no bairro de Bela Vista, na capital paulista, nos dias 20 e 21.No mesmo dia, a juíza determinou que o Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto (ICAP), do Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT) mantenha sob custódia no pátio do órgão os dois veículos envolvidos no acidente: o Kia Sorento branco, placa NZK-6668, pertencente à médica, e a moto Yamaha XTZ preta, placa NTQ-8040, pilotada por Emanuel Gomes Dias, na época com 21 anos. O argumento foi "a necessidade de realizar algumas diligências requeridas pelas partes".
Relembre o casoOs
irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes Dias, de 21 e 23 anos, morreram na manhã do dia 11 de outubro de 2013 depois que a moto em que eles estavam bateu em um poste em frente ao Ondina Apart Hotel, no bairro de Ondina. Na época, testemunhas disseram que Kátia Vargas saiu com o carro da Rua Morro do Escravo Miguel, em Ondina, e fechou a passagem da moto pilotada com Emanuel, que levava a irmã na garupa, no sentido Rio Vermelho.Após uma parada no sinal, Emanuel protestou contra a atitude da juíza, batendo com o capacete contra o o carro. Foi quando o sinal abriu para a moto, que seguia no sentido Rio Vermelho, mas não para o carro da médica, que faria um retorno no sentido Jardim Apipema.
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| Foto: Evandro Veiga / Arquivo CORREIO |
A médica, então, furou o sinal vermelho e acelerou o veículo em direção à motocicleta. Foi quando Emanuel perdeu o controle da direção e se chocou contra o poste. Ele e a irmã morreram na hora. Após o impacto, a médica chegou a entrar na contramão e bateu, metros à frente, no portão do Ondina Apart Hotel.Ela ficou internada no Hospital Aliança, em Salvador, e saiu de lá direto para o Presídio Feminino de Salvador, na Mata Escura, onde ficou presa por 58 dias, até ter o alvará de soltura assinado pelo juiz Moacyr Pitta Lima, no dia 16 de dezembro de 2013.
