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BAHIA

Vizinhos do delegado morto revelam insegurança no condomínio

No local é comum a ocorrência de roubos de carro. Vítima foi definida por colegas como destemido e dedicado à profissão

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04/04/2016 às 10:10 • Atualizada em 26/08/2022 às 19:10 - há XX semanas
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Delegado foi baleado em frente ao condomínio (Foto: Antônio Queirós/Arquivo CORREIO)
As últimas cenas de vida do delegado Luís Carlos Ribeiro Couto, 59 anos, foram resumidas em menos de um minuto. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que ele foi baleado e morto por bandidos na tarde do último sábado (2), em frente ao condomínio Villa Atlântica, no Loteamento Miragem, em Lauro de Freitas, onde morava.
As imagens, obtidas ontem pelo CORREIO, são de uma das câmeras de um dos condomínios vizinhos e mostram o exato momento em que os assassinos desembarcaram de um carro branco e caminharam lentamente na direção do delegado, que estava no portão de entrada da casa.
Pelo menos três pessoas participaram da execução. Os vizinhos da vítima reclamam da insegurança no local. “O delegado Luís Carlos era um destemido”, disse um corretor de imóveis ao CORREIO.
Segundo ele, há cerca de duas semanas, ele conheceu o delegado quando levou um cliente para olhar uma das casas no condomínio Villa Atlântica. “Ele se apresentou e disse que quem comprasse o imóvel poderia ficar tranquilo em relação à segurança, pois falou que era delegado e que se bandido se aproximasse, ele atiraria”, contou. A insegurança é rotina no dia a dia de quem mora no Loteamento Miragem.
Segundo moradores, no local é comum a ocorrência de roubos de carro. “É assalto toda hora. Não tem horário. Eles agem sempre em dupla e abordam as pessoas quando chegam em casa”, declarou um arquiteto. A rua é composta por vários condomínios e a maioria não tem vigilante.
“São poucos que têm guarita, mas mesmo assim, aqueles que têm, não intimidam os ladrões, que estão armados e os vigilantes não”, declarou. Em um dos condomínios vizinhos ao Villa Atlântica, onde o delegado morava, duas casas foram arrombadas em cerca de seis meses.
“Eles aproveitaram que os moradores não estavam em casa e conseguiram entrar pelo teto e levaram muita coisa”, disse um morador que pediu anonimato. Sequestro relâmpagos também são comuns. Somente neste ano, duas pessoas foram levadas pelos bandidos em frente às duas escolas infantis.
“Nas duas situações, pais tinham acabado de deixar os filhos nas escolas quando foram surpreendidos com bandidos armados. Eles foram obrigados a sacar dinheiro em agências bancárias na Estrada do Coco e liberados em seguida”, contou uma mulher que mora no condomínio.
Imagens revelam que a vítima não teve como reagir ao ataque
O crime aconteceu na tarde de sábado (2) às 13h12, conforme o vídeo. Às 13h11, um carro branco estaciona no final da Rua Maria das Reis Silva. Às 13h11, um carro branco estaciona no final da Rua Maria das Reis Silva. Depois de dois homens descerem, o carro é manobrado por uma terceira pessoa e colocado em ponto de fuga – o veículo é estacionado em cima calçada de frente para rua.
Em seguida, os dois bandidos vão em direção ao Condomínio Villa Atlântica. Caminham ignorando a intensa movimentação de veículos no local. Nas imagens, é possível identificar que um deles usava uma camisa branca e uma calça escura.
As imagens indicam que houve uma execução. Ao se aproximarem do condomínio, a dupla de criminosos dá de cara com o delegado e atira. Mesmo o delegado já caído, os bandidos efetuam mais disparos e correm em direção ao carro, que sai em disparada para o final da rua.
Horas depois do crime, ontem, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que Luís Carlos saiu para jogar o lixo do lado de fora do condomínio, quando suspeitou de dois homens que estavam nas imediações. Ele, segundo a PM, teria voltado para casa e pego uma arma.
Nas imagens, não é possível saber se o delegado chegou a reagir. Os objetos de valor que eram usados pela vítima não foram levados pelos bandidos. O delegado chegou foi levado para o hospital Menandro de Faria, mas morreu antes.
Investigação
A Polícia Civil não descarta nenhuma motivação para o crime, inclusive a de execução. O caso está sob os cuidados do delegado Odair Carneiro, que comanda a força-tarefa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) responsável por investigar crimes contra policiais.
Ontem (3), ao ser questionado quanto à possibilidade de o crime se tratar de uma execução, já que os bandidos nada levaram do delegado e pela circunstância do fato, o delegado José Bezerra, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse: “Estamos apurando toda e qualquer motivação. Não descartamos nenhuma possibilidade”.
Viaturas da Polícia Militar e delegados estiveram na tarde de sábado (2) no condomínio, em Lauro de Freitas, onde o delegado Luís Carlos foi morto (Foto: Betto Jr/COREIO)
Fotos de dois homens circulam no aplicativo WhatsApp como sendo um dos autores do crime - Rafael Dente e Neguinho Elmo, que seria um dos autores dos disparos. Questionado sobre a possível participação deles da morte de Luís Carlos, o delegado José Bezerra negou.
“Não tenho conhecimento e não podemos dar detalhes sobre a investigação”, declarou. Ontem, o CORREIO esteve na 11ª Delegacia (Tancredo Neves), onde o delegado trabalhava, mas nenhum polícial quis comentar o caso. Ele já tinha 23 anos de polícia e iria se aposentar no ano que vem.
"Foi um choque para todos nós", lamenta delegada
O delegado Luís Carlos foi enterrado ontem à tarde, na Ordem Terceira de São Francisco, na Baixa de Quintas. Colegas lamentaram a morte. “Ele colocou a vida dele em risco. Faz parte da nossa profissão. Fica a lembrança de um ótimo policial. Ele me substituiu quando deixei a delegacia da cidade de Cícero Dantas”, disse o delegado Gildécio José de Souza, delegado-geral adjunto da Polícia Civil.
“Foi um choque para todos nós. A Polícia Civil vai dar uma resposta para que isso não sirva de exemplo para pessoas mal intencionadas”, declarou a delegada Jussara Santos, titular da 7ª Delegacia (Rio Vermelho). “Ele era um integrante da associação e muito dedicado à profissão. Ele é o quarto delegado assassinado em dez anos na Bahia. Isso mostra um período decadente da segurança pública no estado”, disse o delegado Pietro Baddini.
Já de delegada Maria Fernanda Porfírio, diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), e o delegado Joelson Reis, titular da 23ª DP (Lauro de Freitas), que auxilia nas investigações, não quiseram falar com os jornalistas no cemitério – a pedidos dos familiares, a imprensa não teve acesso ao enterro.
Correio24horas

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