Um dia após a mudança na política de privacidade, o Google Brasil convocou jornalistas para uma entrevista por telefone nesta sexta-feira (2), para esclarecer o procedimento. O porta-voz da empresa, Felix Ximenes, disse ter percebido uma "reação alarmista" inicial em todo o mundo, "mas que depois foi acalmando, conforme foram lendo a nova politica e comparando com a antiga". No Brasil, porém, afirma ter notado "uma interpretação equivocada do que estamos fazendo". Há quase 2 dias, a política de privacidade passou a ser única para os mais de 60 serviços oferecidos pelo Google. Antes da mudança, anunciada em janeiro deste ano, a empresa enviou alertas aos usuários, e afirmou que, na essência, as regras não foram alteradas, mas reunidas de forma mais simples. Na Europa, porém, a agência de regulamentação de dados da França disse que iniciará uma investigação sobre as novas normas, após uma interpretação preliminar indicar que elas não são compatíveis com as leis europeias de proteção à privacidade pessoal. Um dos tópicos comentados pelo diretor de comunicação nesta sexta foi que, segundo ele, há notícias que dizem que o Google obteve "o que nem o governo americano conseguiu, que é criar uma identidade única na internet”. Ximenes rebateu, dizendo que o Google não tem uma identidade única para o usuário na internet, mas para o usuário do Google. "Somos uma empresa, a internet é muito maior que a gente. Não somos uma porta de entrada na internet, a internet é um ambiente aberto." O porta-voz também destacou que o Google não passará a coletar dados com a nova política de privacidade porque já o fazia. "Já tínhamos esses dados porque você já utililizava, o log da chamada [do celular do Google, exemplificou] fica registrado. Agora oferecemos ao usuário o controle os dados disponíveis." Junto à explicação da nova política de privacidade, o Google disponibiliza a chamada ferramenta de gestão de privacidade O cruzamento de dados, porém, deve aumentar. "Estamos deixando claro que, em alguns casos, isso [um dado] pode ser cruzado, desde que traga benefícios para você [usuário]", afirma o diretor. Uso anônimo e encerramento de contaXimenes destacou que, se o usuário não achar suficiente o controle de seus dados por meio da ferramente de gestão, ele ainda tem a opção de utilizar o Google sem a criação de um perfil (login). Isso, porém, é restrito a alguns serviços, como o de busca e a visualização da maioria dos vídeos no YouTube, por exemplo. Outros, como a rede social Google+ e o próprio Gmail exigem que o usuário tenha uma conta e forneça dados pessoais. O porta-voz não confirma se esse tipo de exigência será ampliada a outros ou novos serviços. "Mas é possível manter mais de um perfil para diversos serviços", afirma, "desde que não seja com o mesmo e-mail; pode até ser com o mesmo nome, porque [o Google] não faz checagem de homônimos". O diretor destacou ainda que a empresa permite que o usuário que discorde da política retire conteúdo de e-mail e das redes sociais, por exemplo, levando a outro site que escolher, e que informações desaparecem após "dias", quando as contas são fechadas -no Orkut, porém, segundo Ximenes, elas são armazenadas por até 3 meses, após a desativação do perfil, e ficam invisíveis nesse período. "O dado pertence ao usuário, e não ao Google", afirma. ComparaçãoAo comentar críticas à política de privacidade, o diretor faz comparações com outras empresas. "Quem mais sabe sobre você é seu cartão de crédito, não é o Google. Por que as pessoas não estão fazendo as mesmas perguntas sobre outras empresas?", questionou. Perguntado sobre que tipo de garantia o usuário tem sobre o que é feito com os dados coletados, Ximenes respondeu que a empresa nunca vendeu essas informações e que nunca um ataque aos serviços foi bem-sucedido. "Nosso negócio é 100% construído em credibilidade, não há nada que prenda vocês à gente. Se falharmos na qualidade, ou na credibilidade, vocês vão embora." Celular 'mudará' internetA nova política do Google, afirma o porta-voz, antecipa que "as experiências na internet serão cada vez mais pessoais", o que ocasionará na mudança de comportamento do usuário. "A tendência é uma experiência mais pessoal, cada vez mais vai ser feita pelo celular. A máquina de casa é multiusuários, o celular, não", compara Ximenes. "Cada vez mais os serviços ele [o usuário] usa têm um grau de personalização, mas ele tem que saber que tem escolha e controle [sobre isso]."
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