O Brasil vai ampliar em quase 50% a rede de radares meteorológicos a partir de 2013, permitindo previsões mais rápidas e precisas, o que pode ser determinante para salvar vidas e diminuir prejuízos com chuvas fortes e tornados. Já foram licitados nove radares, que serão somados à base existente de 20. Também foram licitados 4 mil pluviômetros automáticos, que vão medir a quantidade de chuva em tempo real. Hoje o total de pluviômetros no país é cerca de 300. O investimento é R$ 90 milhões e os novos equipamentos devem estar funcionando em sua totalidade até 2014. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (8) pelo geólogo Agostinho Tadashi Ogura, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), durante o 12º Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, realizado na Escola Naval. O evento termina sexta-feira (9), organizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SEA) da Presidência da República. “É uma licitação estratégica para o país. Os contratos devem ser assinados ainda este ano. Temos lacunas de estações observacionais muito importantes voltadas para a questão dos desastres. Ter o radar é olhar a previsão meteorológica no campo futuro. Ter o pluviômetro é saber o quanto está chovendo de fato. Como a gente trabalha muito com essa relação para dar o alerta, é fundamental melhorar a base de observação no país. Temos algumas áreas de risco desprovidas desta tecnologia, que já está no mercado há muito tempo”, disse Ogura. Os radares vão ser instalados na região costeira do país, onde está concentrada a maior parte da população e também onde existe maior vulnerabilidade social, por causa das condições habitacionais precárias. Os pluviômetros serão instalados dentro das áreas de risco, com possibilidade de serem localizados junto às estações rádio-base das operadoras de telefonia celular, o que garantiria segurança para os equipamentos e facilitaria o envio dos dados. Ogura comparou a situação brasileira com a de outros países, onde a previsão climática é mais desenvolvida. “Só para se ter uma ideia, o Japão [que tem área aproximada à do estado de São Paulo] tem 20 radares meteorológicos.” Ele explicou que para serem emitidos alertas cada vez mais rápidos e de maior precisão é necessário justamente ter os equipamentos de campo enviando informações em tempo real. Os satélites meteorológicos são fundamentais para acompanhar frentes frias ou até tornados, mas não oferecem capacidade de calcular em detalhes a força dos fenômenos. O Cemaden foi criado em dezembro de 2011, como reação do governo federal à grande tragédia que aconteceu na região serrana do Rio em janeiro daquele ano, quando enxurradas causaram a morte de aproximadamente 900 pessoas e geraram prejuízos que até hoje se refletem na economia local. O Cemaden começou monitorando 56 municípios e atualmente já possui dados de 250. Quando os novos radares e pluviômetros estiverem funcionando, terá capacidade de monitorar até 900 municípios no país.
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