Há quatro meses, o jornalista Gilberto Scofield Jr e seu companheiro, Rodrigo Barbosa, adotaram PH, de quatro anos. A criança, filho de pais alcoólatras, a criança PH vivia em um abrigo na cidade de Capelinha, em Minas Gerais. Desde que sua mãe morreu e seu pai não quis ficar com ele. Antes deles, uma outra mulher já tinha adotado a criança, mas acabou sendo denunciada pelo próprio irmão e por uma vizinha por maus tratos, o que obrigou a Justiça a intervir, devolvendo-o de novo ao abrigo. Em carta publicada no blog 'Ser mãe é padecer na internet', do portal Estadão, Scofield explicou o processo de adoção e os desafios da paternidade. Ainda segundo o jornalista, antes da adoção, PH foi rejeitado por três casais heterossexuais, que alegaram que ele era "feio" ou "negro demais". "Antes de nós, três casais heterossexuais já haviam visitado PH no abrigo e também o rejeitaram: dois porque o acharam “muito feio”. O terceiro porque, para eles, PH era “negro demais”. Hoje, nós completamos quatro meses com ele no Rio, em nossas vidas. Ele está num pré-escolar, frequenta aulas de natação e ginástica e não poderia estar mais feliz com as novidades da nova vida. É um exercício especial de paternidade, aquela busca delicada entre dar a ele a sensação de pertencimento e acolhimento que ele precisa numa família que nunca teve e os limites que um menino de (agora) cinco anos precisa num momento em que testa tudo em relação à autoridade dos pais. Precisamos dar amor e ensinar o que é amor. Mas precisamos educar. Não faz parte de nosso planos criar um pequeno tirano", postou na coluna.
Os dois foram habilitados pela Vara de Família do Rio de Janeiro em julho, e três meses depois, uma criança estava estava dentro do perfil do casal. "Partimos, com os corações aos pulos, eu e meu companheiro de 12 anos, numa viagem que nos pareceu interminável. PH estava lá: um menino de quatro anos que foi se aproximando desconfiado, mas que depois de 15 minutos, já estava brincando alegremente de carrinho com a gente. Nossos corações se encheram de esperanças, era emoção demais, carência demais de um lado e do outro, vontades súbitas de cair em prantos a troco de nada", relatou. De quebra, Scofield mandou um recado para o presidente da Câmara dos Deputados e defensor do Estatuto da Família, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Não, deputado Eduardo Cunha. A paternidade virtuosa não é um monopólio da heterossexualidade. E caso a sua religião não pregue a tolerância, preste atenção num fato muito simples: toda a criança adotada por um casal de gays ou de lésbicas foi abandonada/espancada/negligenciada por um casal heterossexual, esse mesmo que o senhor julga serem os únicos capazes de criar filhos 'normais'. "
Gilberto Scofield Jr e seu companheiro, Rodrigo Barbosa, adotaram PH, de quatro anos |
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