O Brasil nunca teve tanta gente sem emprego. Pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que leva em conta apenas os trabalhadores com carteira assinada, o Rio é um dos destaques negativos e perdeu mais vagas do que gerou no último mês. O estado é um dos retratos do país que, de abril de 2016 até abril deste ano, perdeu 969.896 postos de trabalho. E com novos escândalos de corrupção, que agravaram a crise e a confiança dos empresários, a luz no fim do túnel que previa melhoria do mercado ainda esse ano foi adiada para o fim de 2018
"A previsão do mercado era que teríamos uma melhora nos níveis de emprego no 3º trimestre para, no 4º, ter uma revertida do quadro negativo. Agora, com uma nova crise instalada, é impossível prever o comportamento do mercado. Aumentou muito a desconfiança das empresas, o que é ruim para o trabalhador. Certamente essa situação vai atrasar a retomada do mercado de trabalho que deve ficar entre o fim de 2018 e começo de 2019",diz Manuel Thedim, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets).
Em abril, o país conseguiu criar 59.856 vagas formais. Os destaques positivos ficaram pro conta dos setores de Serviços, com 24.712 postos a mais, Agricultura, com 14.648 vagas formais, Indústria de Transformação, com 13.689 postos, e Comércio, com a criação de 5.327 postos a mais.
A tendência, segundo Thedim, é que estes mesmos setores sejam os protagonistas da retomada do emprego no próximo ano.
"Há um movimento positivo desses setores e espera-se que, após a superação da crise política e da s incertezas na economia, eles sejam os propulsores das contratações. Vale destacar que, quando as famílias voltarem a consumir, o setor de comércio e serviços devem ser os grandes destaques dos indicadores econômicos", avalia.
CAPITAL MANTÉM SALDO NEGATIVO
Em abril, mais uma vez o estado do Rio foi destaque negativo na criação de empregos. No mês, o estado perdeu 2.554 postos de trabalho com carteira assinada e, nos três primeiros quatro meses do ano, foram 55.868 vagas a menos. O município do Rio também não escapou da retração no mercado de trabalho e, no mês passado, fechou 3.442 vagas formais.
"Podemos dizer que o Rio chegou ao fundo do poço e isso significa que podemos começar uma leve recuperação ao longo do ano. Há uma crise institucional que impede a criação de vagas por falta de confiança. Acredito que esse ano teremos melhor performance da economia, que deve dar leve melhora nos dados de emprego no município", diz o economista UFRJ João Saboia.
Segundo Saboia, os setores de comércio e serviços foram um dos que mais demitiram no Rio, em especial porque ficou para trás a euforia com os grandes eventos.
"Esse é o ano para zerar a situação negativa e vislumbrar crescimento só em 2018 ou 2019"
TRABALHADORES SEM ESPERANÇA
Com o mercado de trabalho estagnado no Rio, desempregados enfrentam cada vez mais dificuldades para conseguir uma vaga, visto que a concorrência aumentou e o número de chances de emprego têm caído. Nos bancos de emprego espalhados pela cidade, histórias de profissionais em dificuldade são comuns.
É o caso do auxiliar administrativo Esthevan Poubel. Ele conta que, após sair do emprego em novembro do ano passado, onde trabalhou por um ano e meio, conseguiu fazer poucas entrevistas para um emprego na mesma área.
"Está muito difícil arrumar uma vaga. Venho semanalmente aos postos do Sine para monitorar as chances disponíveis, mas só vejo oportunidades na minha área uma ou duas vezes por mês. E do ano passado para cá a situação ficou ainda pior", diz.
A cozinheira Márcia Pereira da Silva, de 44 anos, perdeu o emprego em um restaurante em setembro do ano passado. Ela, que recebeu a última parcela do seguro-desemprego em abril, teme passar necessidade.
"Tenho dois filhos para sustentar e, sem nenhuma vaga em vista, não sei o que vou fazer daqui pra frente sem o benefício — afirma ela, que diz estar disposta trabalhar em qualquer área para ter um salário mensal".
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Redação iBahia
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