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Curitiba registra 7 tentativas de suicídio ligadas a Baleia Azul

Notificações ocorreram em apenas uma madrugada; governo do estado criou força-tarefa para identificar administradores dos desafios

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Redação iBahia

24/04/2017 às 21:01 • Atualizada em 31/08/2022 às 21:41 - há XX semanas
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Em uma única madrugada, do último dia 17 para o dia 18, sete casos de tentativa de suicídio e automutiliação entre jovens com idade entre 13 e 17 anos foram registrados em apenas duas unidades de pronto-atendimento de Curitiba, no Paraná. Todos os casos tinham ligação com o jogo Baleia Azul, que consiste em tarefas diárias repassadas por um “curador”, e que, ao fim, terminaria com o suicídio do jogador. Outro caso semelhante aconteceu na mesma semana na cidade de Pato Branco. Desde então, outros casos de suicídio ainda sob investigação foram registrados no estado, que até o momento é um dos com maior incidência no jogo macabro.
Os números fizeram soar o alerta vermelho. Na semana passada, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná iniciou o trabalho de força-tarefa para investigar os casos de indução ao suicídio, envolvendo o Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime (Nucria), o Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). O objetivo principal é localizar e identificar os “curadores” do jogo, as pessoas que entram em contato com os adolescentes e repassam as tarefas a serem cumpridas, sempre de madrugada e pelas redes sociais.
A força-tarefa já ouviu algumas vítimas e faz diligências para identificar os suspeitos de incentivar suicídios. A Polícia Civil não comentou os casos para não atrapalhar as investigações.
— O trabalho da polícia é de identificar e responsabilizar os indivíduos que possam estar recrutando jovens e administrando jogos por redes sociais, incitando-os ao suicídio — disse o secretario de Segurança Pública, Wagner Mesquita, na coletiva de imprensa em que a força-tarefa foi lançada.
Mesquisa ainda aconselhou aos responsáveis, professores e outros que percebam as atitudes estranhas, para registrar boletim de ocorrência e preservar computador, celular e outros meios por onde se fazia o contato dos curadores com os jovens. O trabalho de coleta de dados e rastreio de informações está sendo feito pelo Cope.
Ao mesmo tempo, a prefeitura de Curitiba está realizando reuniões entre várias secretarias para tratar do assunto. Todas as unidades de saúde receberam alertas sobre o protocolo de atendimento, visando principalmente o cuidado emocional dos familiares que encaminham adolescentes com pensamento suicida. Além disso, a Secretaria de Educação também enviou às unidades para que professores e pais fiquem atentos a mudanças em jovens que podem indicar comportamentos autodestrutivos.
Dos oito casos registrados no Paraná relacionados ao jogo, cinco foram de tentativa de suicídio por ingestão de remédios e três por automutilação. Até o momento, não houve registro de morte relacionada ao jogo. Os jovens estão sendo atendidos por equipes multidisciplinares composta por psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais. As famílias devem receber suporte emocional e de assistência social.
Em Curitiba, os sete casos se assemelham por terem ocorrido com adolescentes da região sul da capital. Porém, segundo Maria Cristina Barreto, psicóloga da Secretaria de Saúde de Curitiba, responsável pela área técnica da criança e do adolescente, os jovens não se conheciam e, até o momento, não foi identificado o elo de ligação entre eles.
— Por enquanto, é uma triste coincidência — diz a psicóloga. — O fato de ter vindo à tona faz refletir sobre a necessidade de refletir mais sobre a suscetibilidade de jovens e adolescentes a transtornos psíquicos e a sofrimento mental. Temos que falar sobre depressão em crianças e adolescentes, nos perigos do bullying e em como ajudar quem está em sofrimento.
Maria Cristina reforça que os pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento nos filhos, como irritabilidade, isolamento, uso exagerado de redes sociais em detrimento de outras atividades, alterações de sono e apetite e uso de drogas.
— Não é para culpabilizar os pais, que muitas vezes não têm ideia do que está acontecendo. É um alerta para que todos nós fiquemos mais atentos — ressalta.

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