icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
BRASIL

Desafio da Rio+20 é pôr em prática o que a Rio 92 não realizou

Um documento divulgado semana passada pela ONU ressalta que, nos últimos 30 anos, das 90 metas ambientais estabelecidas em acordos globais, apenas quatro tiveram progresso significante

foto autor

13/06/2012 às 9:01 • Atualizada em 31/08/2022 às 19:55 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
Vinte anos se passaram desde a Conferência Rio 92, e até agora os avanços ambientais conseguidos no mundo ficaram mais no campo da teoria. "Avançamos muito no sentido de elaborar documentos importantes como as convenções do Clima, da Biodiversidade e a Carta da Terra. A conferência também sensibilizou a sociedade e provocou um maior engajamento das empresas", contabiliza o vice- presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi. Mas ele mesmo emenda que "muitos compromissos implementados não foram cumpridos". De lá para cá, a emissão de carbono na atmosfera aumentou e o desmatamento também, apesar do Brasil ter conseguido contê-lo. Um documento divulgado semana passada pela ONU ressalta que, nos últimos 30 anos, das 90 metas ambientais estabelecidas em acordos globais, apenas quatro tiveram progresso significante: eliminação do uso de algumas substâncias químicas, remoção do chumbo dos combustíveis, acesso à água e incentivos a pesquisas para a redução da poluição marinha. Hoje, com a abertura oficial da Rio+20, o desafio é justamente colocar em prática soluções para os problemas ambientais do mundo. E é bom que os líderes de governo presentes consigam algo de concreto, porque o evento está custando caro aos cofres federais do Brasil: o orçamento previsto é de R$ 430 milhões.
O desafio é grande porque os problemas não são poucos, conforme se pode perceber pelo mapa acima. Principalmente se for considerado que ali estão listados apenas os principais problemas de cada país, o que não significa que eles não tenham outros. A começar pelo Brasil que precisa aprender a combater a poluição dos rios e diminuir a produção de lixo. A questão dos resíduos também é um problema para a maioria dos países desenvolvidos, por causa do consumo exagerado. "Os produtos são feitos para não durarem e irem logo para o lixo. Quando quebram, é mais barato comprar outro", explica Emerson Tales, da Ufba. Segundo ele, esse é o caso da maioria dos países europeus e dos Estados Unidos. Só que alguns gestores destes países não participarão da discussão porque não estarão na conferência. O presidente dos EUA, Barack Obama, já avisou que não vem. "Ele não gosta de se meter, acha que vão apertá-lo porque ele não assinou o tratado", lembra o professor da Uneb Joaquim Soares Neto, especialista em geotecnia ambiental. Ele se refere ao protocolo de Kyoto, no qual os países desenvolvidos se comprometem a diminuir a emissão de gases poluentes no ar. A chanceler alemã Angela Merkel também não estará na Rio+20. Deveria, pois a Alemanha é um dos poucos países europeus que ainda utilizam carvão mineral como matriz energética. O material é o que mais libera partículas de carbono na camada de ozônio. Ali pertinho, no Norte da Europa, Finlândia, Suécia e Dinamarca são exemplos do bem. "Eles conseguiram um bom nível de desempenho ambiental", elogia o coordenador de Engenharia Ambiental da Unifacs, Paulo Sérgio Araújo, explicando que a pequena dimensão territorial destes países, aliada ao alto grau de educação da população influenciam no resultado positivo. Já o Canadá e a Holanda são os que menos produzem lixo no mundo. No outro extremo, estão os países pobres, onde a desinformação e a falta de condições básicas de higiene são os principais problemas. "Há uma falta de consciência das pessoas", destaca Emerson. Governo gasta R$ 430 milhões só com eventoEm um evento que discute a economia verde e o desenvolvimento sustentável, o governo brasileiro dá o mau exemplo por conta de suas questões burocráticas. O governo federal vai gastar R$ 7 milhões só para alugar 22 mil itens de mobiliário para a Rio+20. As empresas que participaram do pregão garantem: o valor é três vezes mais alto do que se esses itens fossem comprados. Só para ter ideia, na época da Eco-92, os móveis foram comprados pelo governo e até hoje são utilizados em órgãos públicos federais. Em sua defesa, a assessoria da Rio+20 garante ter sido feita “pesquisa de mercado”, diz que o aluguel saiu “mais barato”, mas não mostra comprovantes. No total, serão empregados no orçamento planejado R$ 430 milhões pelo governo brasileiro. Quando comparado ao encontro do G20 (grupo das potências em desenvolvimento) de 2010, no Canadá, que custou por volta de US$ 800 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bi), o evento pode ser considerado barato. Uma estimativa do governo brasileiro espera cerca de 50 mil pessoas, mas o número ainda é incerto. Porém não são apenas as autoridades que irão para o Rio de Janeiro. Três grupos vão sair de diferentes estados em direção à conferência de bicicleta. O bonde Sul, com ciclistas de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, viaja em uma rota de 650 quilômetros de extensão. O bonde Centro-Oeste, com 11 integrantes, fará uma rota de 1.200 quilômetros. No bonde Nordeste, apenas dois integrantes farão a mais longa das viagens, 2.200 quilômetros.

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Brasil