Nesta quarta-feira, dia 31, é comemorado o Dia Mundial da Poupança, data criada para a conscientização sobre a importância de preservar recursos para o futuro. No entanto, aqui no Brasil, por conta do aumento dos preços dos produtos e das dificuldades financeiras atuais, poupar é um luxo para poucos. É o que mostra levantamento feito pelo Instituto Axxus, em parceria com a Unicamp e a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), segundo o qual 80% dos trabalhadores brasileiros não conseguem poupar para realizar nenhuma forma de investimento, enquanto os outros 20% aplicam em algum fundo mensalmente, ou apenas quando sobra algum dinheiro no fim do mês. A pesquisa foi realizada em mais de cem empresas brasileiras, com dois mil funcionários de 10 estados.
Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) comprovam que poupar não é um hábito do brasileiro: apenas 35% dos brasileiros costumam poupar habitualmente, sendo que 28% afirmam guardar o que sobra do orçamento e 7% estipulam um valor a ser poupado. Em agosto, ainda de acordo com a pesquisa CNDL/SPC Brasil, em agosto, apenas 16% dos entrevistados conseguiram guardar algum dinheiro, enquanto 40% tiveram de sacar parte de seus recursos para poder pagar as contas.
O desemprego e a crise na economia têm grande parcela de culpa nessa situação, afirma a planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto, sócia da consultoria Par Mais, mas mesmo aqueles que estão empregados e com renda têm dificuldade de gastar menos do que ganha. Segundo ela, a descoordenação entre o que entra de dinheiro todo o mês e o que é consumido pelas despesas regulares e extraordinárias leva a uma atitude perigosa para as finanças, que é a ideia de poupar somente “se sobrar” dinheiro.
— Essa atitude do ‘se sobrar’ não adianta, porque dificilmente acontece. A maioria das pessoas sempre posterga para o próximo mês. Eu prefiro a estratégia do ‘pague-se antes’. Quando você separa, por exemplo, 10% do seu dinheiro logo depois que recebe o salário, pode ser difícil no início, mas gradualmente você aprende a viver com os 90% restantes — aponta Annalisa.
Além da falta de cultura de poupança do país, Annalisa acredita que a falta de hábito de fazer orçamento doméstico ajuda a compreender por que tantos brasileiros não guardam dinheiro.
— É importante criar um objetivo para guardar dinheiro. Sem foco, fica mais difícil conseguir poupar — alerta a especialista, ressaltando que o brasileiro ainda é muito imediatista e não se preocupa em acumular patrimônio para o futuro. — A falta de hábito de poupar acontece porque as pessoas não costumam associar a poupança à realização de sonhos. E por isso não fazem um planejamento — diz.
Presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos também defende que se poupe primeiro para gastar depois, e o ideal é que, ao receber o salário, a pessoa reserva a quantia necessária para seus objetivos futuros e para readequar seu padrão de vida.
— Poupar dinheiro para realizar sonhos é algo que, com certeza, mudará completamente a sua relação com as finanças. Assim você abandonará hábitos de consumo exagerados e inconscientes e passará a ser alguém que realiza sonhos constantemente — afirma.
Domingos acrescenta que, para poupar, será preciso que todos na família, inclusive as crianças, mudem seu comportamento no que diz respeito ao desperdício e gastos extras:
— É bom marcar uma conversa com todos, não sobre redução de gastos, mas sim sobre sonhos a serem realizados. Fale abertamente e estabeleça ao menos um sonho coletivo, algo que todos de casa desejem, como uma viagem ou uma reforma na casa.
Annalisa reforça que não é preciso abrir mão do consumo e deixar de fazer coisas que dão prazer:
— A palavra de ordem é equilíbrio! Saber equalizar o orçamento e evitar gastos desnecessários facilita na hora de guardar uma parte da renda todos os meses. O segredo é planejar e saber priorizar.
No entanto, afirma a especialista, não existe regra para poupar mensalmente, mas todas as pessoas devem economizar alguma quantia todo mês.
— Uma boa prática para ter reserva para emergências e para planejar a aposentadoria é buscar economizar 20% da receita líquida mensal — recomenda.
Mas como fazer isso com um orçamento tão apertado? Para a planejadora financeira, um bom começo pode ser guardar parte do 13º salário, do adicional de férias, ou até mesmo de um bônus.
—E em caso de aumento do salário ou promoção, considere guardar pelo menos 50% do incremento, ao invés de incorporá-lo ao padrão de vida corrente — sugere.
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Redação iBahia
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