|
---|
A pesquisadora americana Helen Fischer, PhD em antropologia biológica, realizou uma pesquisa em 58 sociedades, nas quais constatou que os divórcios acontecem, na maioria dos casos, no quarto ano de casamento. Segundo os estudos, a causa das separações está ligada à necessidade de homens e mulheres gerarem filhos e ampliarem suas variações genéticas, contribuindo assim para a evolução humana. Quatro anos, neste caso, seria o tempo ideal para "criar" as crianças e se casar novamente com outros pares, prezando pela monogamia em série. Não se sabe quais os critérios que nortearam esses estudos, muito menos a lógica desses resultados. Mas, são tão inusitados, que sugerem alguns questionamentos. A separação não prejudicaria o desenvolvimento de uma criança com quatro anos de idade? Por que então os pais submeteriam os pequenos a este trauma, apenas com o objetivo de variar a genética? Seria uma tentativa de criar uma geração variada geneticamente, bem como psicologicamente afetada em série? Seria este o novo modelo de família? Os novos valores do mundo moderno? O casamento, neste caso, passaria a ser tão somente um contrato genético válido para tantas sociedades? Improvável. Longe da realidade. É evidente que há muito tempo o casamento enquanto instituição não tem mais a mesma conotação do passado. Há tantos registros de casamentos quanto de divórcios, a cada ano. Sim, há mais filhos, hoje de pais separados do que de pais juntos, mas isso é consequência e não causa. Como diz o ditado popular o que começa errado, termina errado. Muitos relacionamentos acabam antes mesmo dos quatro anos. Isso, porém, está mais ligado às incompatibilidades e intolerâncias do que qualquer outra coisa. Quantos casamentos acontecem de forma tão rápida que as pessoas n]ão têm nem mesmo tempo para se conhecer. Mesmo no mundo moderno, no qual a mulher trabalha, é independente e dona do seu nariz, o casamento ainda é visto como um indicador de sucesso pessoal para ela. Ninguém fala, mas a verdade é que a sociedade aceita melhor uma mulher divorciada, do que aquela que nunca casou. Essa nunca deixou de ser a "encalhada". Diante disso, muitas buscam um casamento a qualquer custo e nessa formam relações que não se sustentam. Sem contar que nenhum curso para noivos, nenhum conselho de amigos, dá conta de ensinar a alguém os segredos da convivência, de dividir a vida, a casa e o dinheiro com outra pessoa. Essas coisas se aprende na prática, aparando as arestas e isso dá muito trabalho e exige tempo e paciência. E, em um mundo corrido, transformando pela velocidade da tecnologia, o que mais fica atingido são as relações, sejam elas de amizade, familiares e amorosas. Tudo virou descartável.As pessoas acham mais fácil separar e trocar de par do que investir tempo em um casamento até que ele esteja ajustado às duas partes. Os prazos de validade estão menores, falta paciência e as pessoas estão mais independentes, financeira e emocionalmente. Na sociedade moderna, essa realidade explica melhor as estatísticas do divórcio do que a tal variação genética. A reflexão contemporânea é muito mais ampla. Mas nada invalida a esperança de ver casamentos felizes. Há uma nova geração de casais que investem em suas relações e defendem a longevidade do matrimônio. Muitos, inclusive, até adiam a decisão de ter filhos com o objetivo de consolidar a convivência e preparar a chegada dos pupilos. Uma atitude, no mínimo, sensata.