“Quando um livro é publicado, pode machucá-lo, mas antes que ele o machuque, eu tive que me machucar primeiro. Só posso dizer sobre você o tanto que consigo dizer sobre mim mesmo”. Com a frase de James Baldwin a norte-americana Margaux Fragoso sintetizou seu sentimento ao escrever "Tigre, Tigre", livro que conta os abusos sexuais que sofreu na infância e adolescência. Em entrevista à revista Época, a escritora explicou sua relação com o agressor - um homem 44 anos mais velho que ela, e com seus pais. "Parei de ter relações sexuais com Peter aos 17 anos, mas carreguei esse trauma profundo comigo muitos anos depois", revelou.
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O livro de Margaux, lançado recentemente no Brasil pela editora Rocco, é mais que um simples desabafo, é uma expressão sincera de uma mulher que passou por uma década de abuso, vergonha e confusão sem a ajuda de ninguém. Hoje com 32 anos, a escritora revela que nem seu pai, homem rígido e tradicional, nem sua mãe, uma paciente psiquiátrica, foram capazes de impedir seu contato com o pedófilo. Os abusos começaram quando ela tinha apenas 8 anos e Peter Curran - nome fictício usado no livro, tinha 52. Na entrevista, Margaux Fragoso defende que a melhor forma de prevenir o abuso é ter um dialogo aberto com os filhos. "Nós, pais, precisamos enfrentar as coisas que mais nos perturbam, porque aí mostramos aos nossos filhos que eles podem nos dizer tudo. Mas se o abuso acontecer, não trate a criança como se ela estivesse arruinada", concluiu. "Tigre, Tigre" foi bem elogiado pela crítica especializada e segundo a revista New York, o livro tem a “cena mais indecente” publicada nos últimos dez anos.