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Estuprada por adolescente se diz contra redução da maioridade

Luiza Pastor, 56, foi violentada quando era universitária e diz que o incidente a faz renovar sua opinião sobre a campanha pela redução da maioridade penal

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28/04/2013 às 13:06 • Atualizada em 31/08/2022 às 13:48 - há XX semanas
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Rompendo com um dos principais argumentos da redução da maioridade penal, a jornalista Luiza Pastor, de 56 anos, decidiu compartilhar uma experiência traumática na edição deste domingo (28) do jornal Folha de São Paulo. Casada e mãe de uma filha, Luiza era ainda estudante de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP) aos 19 anos, quando foi surpreendida por um menor no seu local de trabalho.Em 1976, ela era secretária de um pequeno escritório com uma série de medidas de segurança novas para a época: crachá, catracas de acesso, registro de documentos na entrada e vários seguranças fardados no saguão. Apesar disso, o adolescente conseguiu entrar no prédio e, ao ver a porta da sala de Luiza aberta, entrou e fez uma pergunta genérica como desculpa para poder verificar se ela estava sozinha.Ao confirmar que a vítima estava só, ele revelou um revólver e obrigou que ela tirasse a roupa. Com medo, Luiza obedeceu. Em texto escrito em primeira pessoa, ela revela que percebeu que o algoz era "muito novo, subnutrido provavelmente" e que a arma tremia em suas mãos. Ela se concentrou em não reagir. "Aguentei a humilhação e a violência do estupro, chorando de raiva e vergonha, mas finalmente tudo acabou e ainda estava viva".Ela foi trancada no local pelo menor, que mandou que ela não saísse do banheiro. Minutos depois, ela foi encontrada por um dos seguranças do prédio, que estranhou ao ver a porta trancada pelo lado de fora. Ela conta que o funcionário veio perguntar se estava tudo bem com ela. "Não, não estava, explodi, gritei e, chorando, larguei tudo aberto e fui embora, em busca do colo de minha mãe".Luiza não fez boletim de ocorrência e fez planos para passar uma longa temporada fora do país. Apesar disso, ela foi intimada a depor pela delegacia, após os seguranças denunciarem o ocorrido. Ela compareceu ao unidade policial e teve contato com a ficha criminosa do adolescente, identificado pelas iniciais P.S.. "Egresso de várias detenções, tinha o estupro por atividade predileta, mas sempre se safara. Filho de mãe prostituta e pai desconhecido, havia sido criado pela avó, uma senhora evangélica que tentara salvar-lhe a alma à custa de muitas surras. Era óbvio que algo havia dado muito errado no processo", relata.Segundo ela, o delegado declarou que não adiantava prender o jovem, pois o juiz sempre mandava soltá-lo. "O melhor é a gente deixar ele escapar e mandar logo um tiro. Vocês não acham?", questionou. "Não, eu não achava. Eu tinha claro que a vítima, ali, era eu. Que, se tivesse tido ferramenta, oportunidade e sangue frio, eu teria gostado de poder matar o safado que me violentara --e dormiria tranquila o resto da vida. Mas tinha mais claro ainda que a vingança que meu sangue pedia não cabia à Justiça, muito menos àquele que pretendia descontar no criminoso sua própria impotência", explica a vítima.Ela se recusou a depor contra o jovem e não disse mais nada. "Ainda me chamaram de covarde, por me discordar de um justiçamento. E insinuaram que, se eu tinha pena dele, era porque, vai ver, tinha até gostado. Não preciso dizer do alívio que senti ao embarcar, dois dias depois, para fora deste país".Luiza Pastor conta ainda que nunca soube se o adolescente chegou a ser preso e condenado ou não, mas que relembra do caso toda vez que ouve falar na discussão sobre a redução da maioridade penal. "Sem dar a todos, menores e maiores, uma oportunidade de educação e de recuperação, algo que exige investimento e vontade política, uma política de Estado consciente de suas responsabilidades, teremos criminosos cada vez mais cruéis", opina.Matéria Correio 24h Mulher estuprada por adolescente se diz contra redução da maioridade penal

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