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Idosa que morou em hospital é adotada 'como se fosse filha'

Glaucia Gomes pede doações, em especial comida, após Cota ir morar com sua família

Redação iBahia • 27/10/2017 às 16:23 • Atualizada em 27/08/2022 às 8:54 - há XX semanas

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Há seis anos, Glaucia Gomes, de 29 anos, conseguiu emprego de copeira e conheceu Cotinha — uma senhora cuja idade e identidade ninguém conhece. As duas trabalharam juntas no Hospital Beneficiência Portuguesa, onde a idosa morava há 50 anos depois de sofrer um acidente em Araraquara, São Paulo. Dois anos atrás, a unidade de saúde fechou as portas e a moradora foi levada a um abrigo. A copeira teve o coração tocado pela colega e decidiu resgatá-la e assumir os cuidados da idosa como se fosse uma filha.

Foto: Reprodução

A história foi revelada nesta quinta-feira pelo G1. Cotinha recebeu esse nome no hospital em alusão a Cota, apelido comum da época para Maria. Glaucia só assinou recentemente um termo de responsabilidade pela idosa, que foi registrada, em caráter provisório, como "Maria de Tal". Na casa, agora vivem quatro pessoas: a cuidadora, a criança, Cotinha e o marido, Fabio Hermínio, que embarcou no desafio desde o início, em janeiro de 2016.

— Qualquer pessoa com sentimento faria a mesma coisa, porque quem tem bom coração não deixaria ela lá. Ela ficaria abandonada no hospital, aí a polícia cumpriu ordem de busca e levou para abrigo. Cotinha ficou perdida, sem ninguém conhecido, a boneca dela não estava com ela. Quando fui visitá-la, falei que voltaria para levá-la para casa. Eu não sei rezar, mas naquele dia eu rezei. Uma hora depois me ligaram para saber se eu queria ficar com ela — conta Glaucia, que estava desempregada na época da decisão.

"Se eu abrir mão dela aqui, ela para um abrigo. Quem vai falar por ela?", resumiu ao juiz que questionou o motivo da atitude. Três meses depois do fim do hospital, em abril do ano passado, sócias de uma casa de repouso souberam da história e deram emprego como cuidadora para Glaucia. "Deus me levou bem no ramo que eu ia precisar aprender", reconhece a paulista. O casal levou a filha para dormir com ele e arrumou o quartinho para a nova integrante.

— Eu acho que eu era igual todo mundo, tratava ela bem. Eu nem era tão próxima como outros foram e viraram as costas. Na hora que o hospital fechou, as pessoas não quiseram cuidar de uma senhora. Eu entrei com sentimento, fui e peguei. Eu vejo que ela é grata. Quando ela viu o quarto dela, me abraçou e falou: 'Tadinha'. Ela acha que 'tadinha' é amor. Quando fui dar banho, me abraçou como se dissesse obrigada por fazer isso — relatou.

Acidente levou Cota e irmãozinho ao hospital
Apesar da boa relação, a família vive apertada nas finanças: vive de aluguel, com a renda de cuidadora e de mensageiro, do marido. Até por isso, Glaucia pede doações, em especial comida, que possam ajudar o clã a viver com mais tranquilidade. O leitor pode contatá-la nos telefones (16) 98200-9625 ou (16) 99963-2598 para ajudar.

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Foto: Reprodução

Cotinha e um irmão de 4 anos foram levados ao hospital depois de ser atingidos por um caminhão. O pequeno morreu e a menina, então com cerca de 12 anos, passou seis anos enfaixada na cama da unidade. Na época, a via não possuía pontilhão, instalado há 50 anos — o que permitiu a funcionários estimarem que a idosa tem 62 anos. Com o acidente, sua perna ficou torta. Ela já teria alguma sequela mental, que se agravou. Só há 10 anos começou a desenvolver a fala e se desenvolve como se fosse criança.

— A comida da Cota tem que ser batida, não é tudo que ela pode comer. Ela me chama de 'mamãe', fala papá quando vai comer. Antes, nem tentava falar, só trabalhava. Nos comunicamos por gestos. Trato como se fosse a minha filha. Não me dá um pingo de trabalho e me aviso quando a neném vai fazer arte. Ela toma banho sozinha e dorme. Deixo coisas fáceis para ela comer. Mas tende a piorar. Por causa da perninha torta, tem dificuldade de andar. Mas ela é tão saudável! Não toma um medicamento! — frisou Glaucia.

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