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"Eles têm toda a razão e o que pedem faz todo o sentido", diz o atacante Hulk |
Hotéis isolados, áreas reservadas, policiamento reforçado. Por terra, é difícil romper o isolamento da Seleção Brasileira. Mas não há proteção que resista à circulação de informações no ambiente virtual. Embora reunidos desde o dia 28 de maio – e tendo apenas um dia de folga no período –, os jogadores mostraram consciência dos protestos por várias cidades do país, como Salvador, Brasília, Rio e São Paulo. Hoje, em Fortaleza, está prevista mobilização a partir das 10h, na Avenida Alberto Craveiro, principal via de acesso ao Castelão. “Eles têm toda a razão e o que pedem faz todo o sentido. Temos que dar ouvidos. O Brasil precisa melhorar em muitas coisas. A gente sabe que é verdade”, comentou o atacante Hulk, geralmente de respostas curtas e pouco contundentes. “Eu vim de baixo, passei muita dificuldade na vida e hoje estou numa situação melhor. Mas bate uma vontade (de ir às ruas)”, admitiu. Também presente na coletiva, no hotel Marina Park, o zagueiro David Luiz reforçou o coro. “Sou a favor do direito de expressão do cidadão, mas sem violência. O cidadão, se não está feliz, tem direito de se expressar. É só assim que vamos enxergar onde estão os erros”, avaliou. “O brasileiro ama o seu país e é por isso que as manifestações estão acontecendo”, disse o camisa 4. O técnico Luiz Felipe Scolari começou no discurso defensivo, afastando o futebol do aspecto político. “A Seleção é do povo. Somos do povo. Acho que estamos dando a eles aquilo que eles mais esperam de nós: que o time vá crescendo e possa representar o Brasil. Esse é nosso trabalho e é isso que estamos fazendo. Não temos interferência nas outras áreas”, declarou. Depois, no entanto, até elogiou a postura de personalidade dos jogadores. Cobrou apenas que respeitem limites técnicos e temas internos e assumam a responsabilidade no futuro. “Os jogadores têm total liberdade para opinar sobre qualquer assunto, desde que cada um assuma sua responsabilidade. As manifestações dos atletas são interessantes porque me parece que essa alienação que é imposta aos nossos profissionais está deixando de existir”. Nas redes sociais, Dante, baiano de Salvador, deu força: “Vamos juntos, Brasil. Amo meu povo e sempre apoiarei vocês”, escreveu no Twitter. No Instagram, Daniel Alves, natural de Juazeiro, pediu: “Ordem e Progresso para um Brasil sem violência, por um Brasil melhor, por um Brasil em paz, por um Brasil educado, por um Brasil saudável, por um Brasil honesto, por um Brasil feliz”.
Juninho Pernambucano pede para os jogadores cantarem hino de costasJuninho Pernambucano, que agora atua no New York Red Bull, dos Estados Unidos, demonstrou estar por dentro das manifestações que estão ocorrendo em todo o Brasil. Através do seu Facebook, o meia pediu para os jogadores da Seleção apoiarem o movimento antes da bola rolar contra o México, hoje, às 16h, no Castelão. “Todos cantarem o hino de costas para a bandeira e assim mostrariam que eles entendem que o futebol não é mais importante que o povo. Seria um gesto de solidariedade em um momento de esperança numa real mudança”, escreveu.
Blatter não concorda com onda de protestos nas ConfederaçõesO presidente da Fifa, Joseph Blatter, se mostrou contrário aos protestos pelo país em plena Copa das Confederações. “Estão relacionando (as manifestações) com a Copa das Confederações. Eu posso entender que as pessoas não estão felizes. Mas acho que elas não deveriam usar o futebol para anunciar as reivindicações”, disse. O dirigente aproveitou para ironizar ao afirmar que “o Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não impusemos ao Brasil esta Copa do Mundo”. Na estreia do Brasil na competição, Blatter e a presidente Dilma foram vaiados no estádio Mané Garrincha.
Leia mais Blatter, presidente da Fifa: "Brasil pediu essa Copa do Mundo" Matéria original: Jornal Correio*
Isolados na concentração, jogadores apoiam onda de protestos