Nova regulamentação da Anac prejudica segurança nos voos

A segurança nos voos brasileiros pode ser comprometida caso um novo regulamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aprovado no dia 17 de março, seja realmente levado adiante. A nova regulamentação prevê um número menor de comissários de voo por aeronave. Antes era um profissional para cada porta a nível de piso. Após as mudanças, esse número reduziu para um comissário a cada grupo de 50 assentos. Isso quer dizer que num avião com 200 passageiros e seis portas, o número diminuiria de seis para quatro. “Isso nos causa uma preocupação muito grande. Primeiro, pelo aspecto cultural e segundo, pela segurança. Caso aconteça alguma situação de emergência, certamente essa redução da tripulação pode comprometer na hora de orientar os passageiros a evacuar o avião”, afirmou Sérgio Dias, diretor executivo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Ao mencionar o aspecto cultural, o diretor referiu-se às regras mundiais que determinam os requisitos de evacuação de emergência, o que faz parte da mudança que entrou em vigor em março. “Infelizmente, isso não funciona no Brasil. No momento em que o comissário de voo orienta os passageiros sobre como agir nas situações de emergência, muitos deles não prestam atenção, situação contrária ao que acontece nos outros países”, explica Sérgio. O número mínimo de comissários é definido em função do número máximo de assentos e de uma demonstração de evacuação em situações de emergência. Segundo a assessoria de comunicação da Anac, essa demonstração é acompanhada por inspetores da agência e feita com pessoas desconhecidas da empresa aérea. “Durante a simulação, a aeronave deve ser evacuada em, no máximo, 90 segundos. Se a empresa não conseguir realizar a manobra nesse tempo, não estará apta a voar”. Além da segurança do voo, outra preocupação do SNA com esse novo regulamento é a diminuição dos postos de trabalho. “Atualmente, temos mais de 10 mil comissários de voo no país. Com certeza muitos deles estão com seus empregos ameaçados após essa nova regulamentação”, salienta o diretor do sindicato.