Organizações não governamentais (ONGs) dos países de língua portuguesa querem criar uma rede de solidariedade para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Na maior parte dos estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), há crianças e jovens expostos a diversos riscos relacionados à história de cada país. Este é o caso dos jovens sem família em Angola desde os tempos da guerra civil, que terminada em 2002, ou dos órfãos em Moçambique, que perderam os pais por causa do vírus HIV/aids. A violência no Timor Leste ainda persegue e mata crianças e adolescentes por causa de rivalidades iniciadas no período da independência (1999), assim como na Guiné-Bissau alguns pais são enganados, porque, ao deixar seus filhos irem estudar o Alcorão (livro sagrado do islamismo) no Senegal, acabam perdendo contato com eles, que passam a ser exploradas como pedintes no país vizinho. Além da vulnerabilidade extrema nos diferentes países, os jovens têm em comum histórias de vida marcadas pela ausência do Estado na promoção do bem-estar e na garantia de acesso a direitos mínimos e serviços básicos. No entanto, em todos os países lusófonos existem entidades que tentam proteger crianças e adolescentes, afirma a portuguesa Liliana Azevedo, gestora de projetos da Associação para a Cooperação Entre os Povos (Acep). Apesar das semelhanças de causa e de atuação, e de um idioma em comum, as organizações trabalham isoladamente sem rede de apoio mútuo. “Falta uma iniciativa assim”, diz Liliana. Segundo ela, os países da CPLP já formam redes em outras áreas, como, por exemplo, segurança alimentar. Desde 2009, com apoio da CPLP e outros financiadores, a Acep e entidades sociais dos países lusófonos desenvolvem o projeto Meninos de Rua: inclusão e inserção, com atividades de expressão artística, como desenho, escultura e fotografia, para estimular a autoestima das crianças. Cerca de 600 crianças de Angola, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau,de Moçambique, de São Tomé e Príncipe e do Timor Leste já participaram do projeto. Os trabalhos das crianças foram expostos até a semana passada em Lisboa, na sede da Assembleia de Portugal. Segundo Liliana Azevedo, as oficinas foram inspiradas em experiências do Centro de Referência Integral de Adolescentes (Cria), ONG brasileira em atividade há quase 20 anos, que atua hoje em 23 comunidades da periferia de Salvador e em 16 cidades do sertão baiano. O Cria é referência por causa da montagem de peças de teatro que retratam a história de vida e instigam a percepção dos jovens sobre o seu contexto, abordando questões de direito, violência, educação sexual e meio ambiente.
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