Quatro adolescentes foram apreendidos acusados de participar de um estupro coletivo contra uma vendedora de roupas, no bairro de Lagoinha, em São Gonçalo. Agora, são seis jovens entre 16 e 17 anos detidos suspeitos do crime. Todos eles admitiram ter participado do fato, mas afirmaram que a vítima havia consentido.
— A investigação continua, estamos fazendo uma parelela para identificar outros envolvidos nos outros estupros relatados pela vítima. A gnete acredita que até a proxima semana o caso estará concluido — Débora Rodrigues, titular da Deam de São
Dos acusados, dois foram apreendidos em flagrante na noite do fato, dois foram prestar depoimento e acabaram detidos e os outros foram encontrados em casa. As apreensões foram decretadas pelo juiz da Vara de Infância e Juventude de São Gonçalo.
— Todos eles contaram que tiveram relação com a vítima, mas afirmaram que foi com consentimento. Nós não podemos dar muitos detalhes sobre a investigação, mas posso afirmar que os exames da vítima afirmam claramente que ela foi violentada.
Ainda de acordo com a delegada, uma investigação paralela está sendo feita para apurar outros estupros sofridos pela vítima.
— Vamos, inclusive, ouvir o ex-namorado dela que teria filmado ela durante um momento de intimidade. Segundo ela, esse homem passou a mostrar o vídeo para outras pessoas e os traficantes do bairro passaram a persegui-la e estupra-lá — disse.
O crime
A vendedora de roupas de 34 anos revelou que há 4 anos sofre sucessivos estupros coletivos. Seus algozes, segundo ela, são traficantes da localidade onde vive. O último caso aconteceu na madrugada de segunda-feira, quando foi mais uma vez violentada por um grupo de dez homens, entre os quais estavam vários adolescentes. Só que desta vez, o grupo foi surpreendido por policiais militares na hora do ato. Oito homens conseguiram fugir, mas dois menores foram apreendidos.
Mãe de três meninas, de 12, 13 e 14 anos, a vendedora conta que não tem conseguido dormir e que vive dias de pânico, desde que foi estuprada pela quarta vez pelo grupo.
— Estava em um bar, na Rua Cardeal Sebastião Leme, bebendo cerveja com um amigo. Já era uma da madrugada quando quatro rapazes chegaram na minha mesa e me obrigaram a entrar no banheiro com eles. Meu amigo ainda chegou a dizer que estava comigo, mas eles falaram que quem mandava em mim eram eles — conta a vítima: — Já no banheiro, fui obrigada a fazer sexo oral em todos eles.
Logo em seguida, os quatro criminosos saíram do bar arrastando a vítima pelo braço e a levaram para a Rua Caetano Moura, local muito escuro. Segundo a vítima, os quatro homens a jogaram em um muro e começaram uma longa sessão de abusos e tortura.
— Eu implorava para que eles parassem, mas não adiantava de nada. Eles só me machucavam mais. Aos poucos, foram aparecendo outros homens até que percebi que tinham uns 10 homens abusando de mim. Eles diziam que iriam me matar e me jogar no valão se eu ficasse gritando — relata a vítima, sem conseguir controlar o choro.
Ainda de acordo com a vendedora, os estupradores só pararam de violentá-la quando perceberam que uma viatura da Polícia Militar havia entrado na rua:
— Um deles notou um movimento estranho na rua e falou: “Tem um carro sinistro vindo ali” e logo em seguida, correram para o matagal.
Assim que os policiais chegaram ao local, encontraram a vítima chorando compulsivamente e sem roupas. Enquanto conversava com eles, um dos PMs viu dois menores passando pelo local e os abordaram. Os dois, um de 15 e outro de 16 anos, foram reconhecidos pela vitima como participantes do estupro coletivo.
Eles foram levados para a 74ª DP (Alcântara) na mesma viatura da vítima. Os dois foram indiciados por fato análogo ao crime de estupro. A vítima prestou depoimento, fez exames de corpo de delito, no IML de São Gonçalo e foi liberada.
A Polícia Civil diz que o caso está sob sigilo e que diligencias estão sendo feitas para tentar localizar os outros criminosos.
Como tudo começou
A vendedora de roupas conta que o seu pesadelo começou em junho de 2011, quando ainda namorava um funcionário de uma empresa de refrigerantes. Em uma determinada ocasião, o namorado, segundo ela, filmou sem que ela soubesse a relação sexual deles. Dias depois, ele passou a mostrar para os homens do bairro o que havia feito com ela.
— Foi a partir desse vídeo que minha vida se tornou um inferno. Ainda falei para ele apagar o vídeo e disse que isso iria me complicar. Os traficantes de Lagoinha também tiveram acesso ao material. Já em março de 2012, quando eu estava em um trailler no campo de Miriambi (Bairro vizinho ao de Lagoinha), seis homens, todos do tráfico, me obrigaram a fazer sexo com eles. Eles me arrastaram para dentro do banheiro e fizeram tudo comigo. Eles ficam o tempo todo me coagindo. Me batem muito — relata.
Um dos relatos mais recentes de abusos contra a vítima aconteceu no dia 15 de setembro. Ela conta que estava na rua indo para casa, quando foi abordada por um dos traficantes que já a conhecia:
— Ele me obrigou a fazer sexo oral nele no meio da rua. Depois me levou para a casa dele. E eu ainda falei: "não traz mais ninguém, por favor", ele disse que seria só ele. Mas depois que entramos na casa dele, a história mudou. Chegaram vários garotos lá e me estupraram novamente. Foi horrível. Eles me batem muito. E ainda me filmaram tendo relações com eles.
Segundo a vendedora, ela se tornou uma espécie de objeto sexual dos traficantes e por causa das filhas passou a ter medo de denunciar os seus algozes.
Na madrugada da última quinta-feira, assustada depois do assunto ter se espalhado pelo bairro, a vítima conseguiu sair e se abrigar na casa de amigos em uma outra cidade.
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Redação iBahia
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