Todo adolescente reclama da vida. O colégio é chato, os pais não os compreendem, as brigas com os amigos, o fim do namoro... Tudo é motivo para um breve fim do mundo. Mas, diferente da maioria das meninas de 16 anos, a jovem Hazel Grace Lancaster tem um motivo real para lamentar: o câncer.
Desde os 13, ela convive com câncer na tireoide, que evoluiu para uma metástase no pulmão. Sua principal companhia não é uma amiga ou colega de escola, mas um cilindro de oxigênio ligado a uma cânula no nariz que lhe permite respirar. Mas, calma, segura esse lenço, porque ainda não é hora de chorar.
A história de Hazel preenche o enredo do filme A Culpa é das Estrelas, adaptado do livro homônimo do escritor americano John Green, 36 anos, que estreia hoje no Brasil e nos Estados Unidos. Com um orçamento de US$ 12 milhões, valor baixo para os padrões de Hollywood, o longa é dirigido por Josh Boone (Ligados pelo Amor/2012).
SonhosMuito inteligente e sarcástica, Hazel não é afeita ao drama. Ao invés de se martirizar, ela mergulhou na leitura e encontrou conforto no livro Uma Aflição Imperial, do escritor Peter Van Houter, americano que se mudou para a Holanda e vive recluso.
Talvez por isso, sua mãe, desconfiada de que a filha estivesse em depressão, insistiu para ela participar de um grupo de apoio a crianças com câncer. Na primeira reunião, um garoto charmoso chamado Augustus Waters chama sua atenção. Nesse instante, a batalha solitária de Hazel ganha mais um soldado.
Com um cigarro apagado pendurado na boca, Augustus, ou só Gus, encara a vida de maneira passional. Seu único medo é ser incapaz de não fazer algo inesquecível. A paixão entre os dois é imediata. Mas não melosa, como de Isaac – amigo de Gus que tem câncer ocular – e sua namorada. Os protagonistas criam uma relação instigante, de amor e cumplicidade.
Disposto a realizar o maior desejo de Hazel, Gus organiza uma viagem para a Holanda, para que juntos possam conhecer o escritor Peter Van Houter (Willem Dafoe). O encontro é, em parte, frustrado, mas a viagem se torna o grande momento da vida de ambos.
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Novatos"Eu acho que Gus se apaixona por Hazel, primeiro porque ele quer ser um herói pra ela, mas depois ele percebe, a partir dela, que tem coisas muito mais importantes", argumenta o novato Ansel Elgort, ator nova-iorquino que dá vida a Augustus, durante entrevista no site Movie Coming Soon.
Para a personagem principal, o diretor escalou a californiana Shailene Woodley, que participou de filmes como Divergente e Os Descendentes. Ela contou que, para conseguir o papel não economizou esforços. Foi à luta e mandou um email para John Green, onde dizia que era obcecada por ele e pelo livro e faria qualquer coisa para estar em A Culpa é das Estrelas. "Por favor me deixe participar de uma audição pra você", escreveu.
A escolha dos atores agradou os fãs, que não param de se multiplicar. O livro, só no Brasil, figura no primeiro lugar da lista dos mais vendidos da Veja, e está no ranking há 61 semanas. Ao todo, foram 1,2 milhão de cópias comercializadas no país, desde 2012. A versão digital não fica atrás, e é o terceiro e-book mais vendido da Amazon Brasil.
O sucesso foi tão grande que surpreendeu até o autor. "Reconheço que este é meu livro mais bem escrito, mas o imaginei lido por amigos, pela comunidade de escritores e críticos literários. Jamais imaginei que iria virar esta loucura. Meu trunfo foi apostar em uma história divertida, não lacrimosa, sobre jovens apaixonados, porém doentes. Fugi do esquema da pessoa saudável aprendendo lições de vida da enferma que, por sua vez, morre no fim. Acho que isso me ajudou", revelou John.
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ExpectativaOs jovens aprovam, acima de tudo, a linguagem simples, direta e despretensiosa do escritor, capaz de tocar em assuntos pesados sem parecer piegas. "O que eu mais gostei foi em saber que seria sobre dois jovens com câncer, e que um se apaixonaria pelo outro, mesmo ele não tendo uma perna e mesmo ela vivendo sempre acompanhada de um carrinho de oxigênio", afirma a estudante Ellen Loyd, 14 anos.
Para Camila Ceuta, 13, o enredo é o grande trunfo da publicação. "O que mais gostei da história foi o romance, a adrenalina. Tinha horas que eu achava que a Hazel ia morrer ou o Augustus ia morrer, ou o Isaac não perderia a visão", observa.
As duas, assim como as Marianna Ferrer, 17, e Catarina Sampaio, 20, estão ansiosas para assistir ao filme. "A produção de um filme a partir de um livro sempre é um desafio. Isso me torna curiosa e me traz expectativas, às vezes até receios", pondera a estudante de Produção Cultural Catarina. Já Marianna foi mais enfática: "Espero sinceramente que seja igual, idêntico ao livro", diz.
Parece que muita gente está pensando como as meninas. Nos Estados Unidos, A Culpa é das Estrelas bateu o recorde de vendas antecipadas de ingresso na categoria drama romântico. Agora, pode preparar o lenço, ok? Ok!
Matéria original: Correio24h
A Culpa é das Estrelas: adaptação do livro de John Green fala de cumplicidade e do primeiro amor
