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CINEMA

Devido aos novos consumidores, dublagem cresce muito no Brasil

Por isso, agora, todos os Telecines dispõem de opções legendadas com áudio original e versão dublada

• 01/04/2012 às 13:03 • Atualizada em 01/09/2022 às 19:44 - há XX semanas

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Quem tem TV por assinatura em casa já percebeu a proliferação de filmes e séries dubladas em quase todos os canais. O mesmo vem acontecendo no cinema. Antes restritas ao público infantil, as cópias sem legendas agora são voltadas também para adolescentes e adultos.É uma realidade concreta, não há como negar. Principalmente depois do crescimento da classe C, que vem sustentando essa mudança de atitude. É o que revela pesquisa da Associação Brasileira das TVs por Assinatura (ABTA), feita em 2011, segundo a qual 76% do público da classe C preferem conteúdo dublado - na tevê paga e no cinema. E é justamente essa parcela que cresce exponencialmente na base de assinantes. Hoje, pelos cálculos da Anatel, são 38 milhões, grande parte representantes da classe C, que gostam da ter, na TV paga, a comodidade que têm na TV aberta de ouvir seus programas favoritos em português.As TVs a cabo não vacilaram, claro, e oferecem um cardápio de produções dubladas cada vez maior. O gerente-geral da HBO Networks, Gustavo Grossmann, confirma: “Precisamos estar atentos ao que o mercado está pedindo. Pesquisas da rede apontaram a classe C como a mais crescente entre o grupo de assinantes. Esse público está mais acostumado com a programação da TV aberta, que tem sua programação toda em português”.Filmes Na rede HBO, a dupla opção de áudio aparece para os canais HBO, HBO HD, HBO PLUS, HBO Plus*e, Max, Max HD, Max Prime, Max Prime*e, e Signature, mas varia de acordo com o programa e a operadora. Já os canais Cinemax, HBO2, HBO Family são totalmente dublados, e este último também oferece áudio original, sem legenda. O mesmo aconteceu com o grupo Telecine, que começou a exibir programação dublada no canal Pipoca há seis anos. Como é hoje a maior audiência da rede, houve uma expansão da dublagem para os outros canais. “As pessoas dizem que gostam de filme legendado, mas alegam que, quando estão com os pais ou com as crianças, preferem dublado”, atesta a diretora de marketing do Telecine, Cristina Piloto. Por isso, agora, todos os Telecines dispõem de opções legendadas com áudio original e versão dublada - menos o Cult, fiel à legendagem das obras exibidas, por princípio. Séries A questão é simples. Em casa, a televisão divide a atenção do público com outras coisas. É o telefone que toca, alguém que puxa conversa, o computador ali do lado, chamando para um passeio pelo Facebook... Muito mais fácil, portanto, se, numa dessas escapadelas, o público não perder o cerne da trama. O cenário não é diferente nos canais que exibem séries, cujos personagens falam, cada vez com mais frequência, em português. Na Sony, por exemplo, as produções já são dubladas, sem opção do áudio original. O mesmo acontece nos canais ANX e Sony Spin, cuja programação regular já será integralmente dublada a partir deste mês. A Fox, por outro lado, oferece a possibilidade de escolha entre o áudio original e o dublado. Já no FX, não há opção, toda a programação já vem dublada. Os fãs mais puristas se revoltaram e xingaram horrores no Twitter. Acontece que oferecer a opção de dublagem ou legendas é um trabalho feito em conjunto entre os canais e as operadoras de TV paga. Para esses, que vão na contramão da tendência, a boa notícia é que a Warner anuncia que não pretende abrir mão das legendas nas séries ali exibidas. Até porque um processo de dublagem é invariavelmente mais caro que qualquer trabalho de legendagem. O aumento do poder aquisitivo da classe C também influenciou no incremento da dublagem nas salas de cinema. A última pesquisa de mapeamento de público, feita em 2008, pelo Datafolha, revela que 56% dos frequentadores ocasionais - aqueles que vão ao cinema, em média, uma vez por mês - preferem assistir a filmes dublados, ainda que assim se perca a sutileza da interpretação original dos atores. Segundo dados obtidos pela coluna Radar da revista Veja, o número de filmes e desenhos animados estrangeiros dublados que chegaram ao país passou de 44, em 2010, para 77 filmes, em 2011. Ainda de acordo com a mesma fonte, pesquisas realizadas pelos exibidores apontam que as legendas afugentam largas parcelas de espectadores que não conseguem acompanhá-las, seja por falta de costume, seja pela velocidade com que costumam ser apresentadas. “Nós tentamos dar a opção de dublados e legendados ao público, mas sempre olhamos o conforto do espectador. Nos filmes em 3D, por exemplo, sempre preferimos a versão dublada, porque a legenda atrapalha os efeitos visuais”, afirma o experiente Aquiles Mônaco, 54 anos, diretor-presidente da rede Orient Cinemas, que inclui as salas dos shoppings Iguatemi, Barra e Lapa. Na prática, é o mercado quem define essa opção. “A versão dublada proporciona um faturamento 70% maior do que a legendada do mesmo filme exibido. Felizmente, a dublagem no Brasil é considerada uma das melhores do mundo, feita por atores profissionais”, explica Mônaco. “Há alguns anos, era parte do cotidiano de cada distribuidora estudar a possibilidade de oferecer cópias dubladas de determinado filme e, nos dias de hoje, grande parte dos filmes já é ofertada tanto com legenda, como dublada”, arremata Paulo Pereira, gerente de marketing do Cinépolis do Brasil. Na Europa, filmes estrangeiros são exibidos dubladosSe no Brasil assistir a filmes dublados nas salas de cinema é coisa nova, em muitos países da Europa essa realidade já é, há muito, usual. Filme estrangeiro na Espanha, França, Itália e Alemanha, por exemplo, só é exibido se for no idioma daqueles países, mesmo que comprometa atuações irretocáveis, como a da oscarizada Meryl Streep no recente A Dama de Ferro. É, sobretudo, uma questão cultural, de valorização da língua. Mas, não se engane, é também iniciativa baseada em pesquisa, como divulga o jornal espanhol El País: com o envelhecimento do público, uma nova geração de espanhóis prefere mesmo é assistir a filmes dublados. Das quatro mil salas de cinema na Espanha, apenas 80 exibem obras legendadas. Isso se explica assim: há mais de uma década, o público fiel à legendagem era de 4% do total. Ano passado, esse número caiu para 1,2%. Exibidores dizem que isso vem acontecendo por causa do empobrecimento cultural das novas gerações, que não se importam em deixar de ouvir a voz original do ator. O preço também é fator fundamental. Na Europa, de maneira geral, uma cópia dublada custa, em média, 700 euros, enquanto a legendada, 3 mil euros. Nos Estados Unidos, a dublagem também se faz presente quando o filme é estrangeiro. Mas, como 99,9% são americanos mesmo, isso não é notado. O crítico de cinema André Setaro, que foge dos dublados como o diabo foge da cruz, comentou o assunto em seu blog no Terra Magazine. “É de causar espanto que, em países civilizados, a dublagem já é um fato consumado há mais de meio século. Acontece que um filme é lançado nesses países com a maioria das cópias vertidas para o idioma pátrio, restando as originais em salas mais caras”, diz, na postagem de 11/11/2011.

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