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Vá com calma se decidir assistir 'A Baleia' nos cinemas

Este é um dos longas indicados ao Oscar 2023 e o favorito para ganhar a categoria de Melhor Ator, pela atuação primorosa de Brendan Fraser (A Múmia)

Marcela Gelinski • 10/03/2023 às 18:00 • Atualizada em 10/03/2023 às 18:11 - há XX semanas

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					Vá com calma se decidir assistir 'A Baleia' nos cinemas
Foto: Divulgação

A Baleia é um dos longas indicados ao Oscar 2023 e o favorito para ganhar a categoria de Melhor Ator pela atuação primorosa de Brendan Fraser (A Múmia). E já aviso logo aqui que esse não é o tipo de filme que agrada todo mundo, nem que deve ser visto por todo mundo. Isso porque a temática extremamente pesada da produção pode despertar uma série de gatilhos em alguns espectadores. É preciso estar atento a isso, antes de entrar na sala da cinema.

O diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro) traz para o cinema o roteiro de uma peça de teatro homônima e conta com o suporte do dramaturgo Samuel D. Hunter, que assina o roteiro e também foi o criador da produção teatral. Então já podemos imaginar que este é um filme de poucos cenários e muita troca de falas. Ainda assim, isso é uma composição da própria situação do personagem e suas limitações da rotina do dia a dia.

Acompanhamos Charlie (Fraser), um professor de literatura inglesa que vive na reclusão de sua casa por conta do quadro de obesidade severa. Ele apresenta várias patologias associadas e conta com a ajuda da amiga Liz (Hong Chau, O Menu), uma enfermeira, para cuidar minimamente de sua saúde, já que ele afirma não ter dinheiro para ir ao hospital. O filme já começa com o desespero de um quase infarto por conta de uma atividade comum, algo que já é muito difícil para ele.


				
					Vá com calma se decidir assistir 'A Baleia' nos cinemas
Foto: Divulgação

Rapidamente percebemos, em A Baleia, que estamos acompanhando os últimos dias de sua vida, algo que ele demonstra não se importar. A forma como Charlie se acalma através da leitura (que descobrimos ao final do que se trata), mostra que ele ainda tem algum lampejo de gosto pela vida. Nos demais momentos, é a decadência da vontade de viver que o move diariamente aos hábitos totalmente contrários à sua saúde.

Enclausurado, o filme faz questão de passar essa sensação para o espectador. Falta iluminação natural, o tempo é sempre chuvoso, ele está sempre meio suado. É uma percepção de abafamento e angústia que nos preenche, exatamente tal qual acontece com o protagonista. Aronofsky é muito certeiro nesta criação real. Para o bem e para o mal, vamos sentindo as emoções do personagem e mergulhando na dor de privação dele.

É um filme extremamente depressivo que trata de suicídio, desistência, morte, angústia, decepção, entre outras temáticas bem difíceis. Então, é bastante possível que o espectador caia em um ou mais gatilhos. Por isso, recomendo fortemente que só assista se estiver num bom dia pois, se assim não for, pode acabar te levando para um lugar obscuro.

Dado o alerta, voltamos ao filme em si. Brendan dá absolutamente tudo de si na atuação. Ele varia entre todas as emoções que seu personagem solicita, sem parecer que está atuando efetivamente. É um dor que vem de sua alma e que ele consegue transmitir perfeitamente ao espectador. Confirmo que ele é o favorito ao Oscar deste ano e acrescento que será extremamente decepcionante se não ganhar. Sua performance está irretocável!

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A inserção da filha de Charlie, Ellie (Sadie Sink, Stranger Things) só comprova os caminhos que o levaram até ali. Ele é um homem que carrega muitas dores e culpas, algo que o consumiu ao longo de anos, o levando até aquele estado. Ele come para engolir as emoções e tentar se sufocar com elas. Essa é a sensação que temos a todo momento e que comprovamos no final. O suicídio pela comida o coloca no lado oposto do que aconteceu com seu companheiro, como se o protagonista o desafiasse na morte.

Ainda que algumas pessoas possam ter a percepção de que A Baleia é um filme que trata da obesidade com um olhar muito enviesado, acredito que várias leituras podem ser feitas. Do meu lado, entender os caminhos que o levaram até ali, humanizar o personagem e suas dores, assim como tirar o elemento “vilão” da narrativa, faz com que sejam possíveis reflexões importantes sobre a temática.

Aronofsky nos presenteia, mais uma vez, com um longa difícil de engolir, mas não por sua qualidade, que considero excelente. Mas por tocar em pontos que claramente não queremos pensar no dia a dia. Além disso, ele consegue ainda dar algumas alfinetadas no sistema de saúde estadunidense, assim como nos preconceitos enraizados na sociedade sobre as pessoas fora do padrão que precisam de ajuda e atenção.

Confira o trailer abaixo


				
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Imagem ilustrativa da coluna Coisa de Cinéfilo
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