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Zonas erógenas não têm relação com a orientação sexual

Ânus não é restrito a gays e vagina não é exclusividade hétero

Gisele Palma • 29/09/2023 às 15:30 • Atualizada em 29/09/2023 às 17:03 - há XX semanas

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É urgente dizer o óbvio: fetiches não determinam a nossa sexualidade. Já quero começar a coluna de hoje com um assunto mais polêmico que mamilos: o ânus. É curioso como a esmagadora maioria dos homens heterossexuais tem uma relação de amor e ódio com essa parte do corpo: se for o da sua parceira, que delícia; se for o seu próprio, "chega pra lá que eu sou macho!", como se a condição de ser homem ou de ser hétero fosse tão frágil que bastaria um toque anal para tudo ruir.


				
					Zonas erógenas não têm relação com a orientação sexual
Foto: Reprodução / Freepik

As pessoas que nascem com pênis têm próstata, uma glândula muito inervada, que, quando estimulada, pode provocar sensações extremamente prazerosas. E adivinha onde ela fica? Poucos centímetros acima do ânus. Logo, além de todo o aspecto psicológico, fisicamente também faz todo sentido beijar e penetrar o famigerado butico.

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"Mas homem que gosta de dar o cu é gay, não?". Nem sempre. É totalmente possível que um homossexual não goste de estímulos no seu ânus, da mesma forma que um hétero pode gostar que sua parceira o penetre, fazendo a chamada "inversão".

Ser gay é sobre ter atração afetiva e sexual exclusivamente por outros homens; ser um homem hétero, pelo contrário, é se atrair unicamente por mulheres. Logo, não importa o que o excita, as práticas sexuais que o estimulam, os fetiches que possua… nada disso desvalida a sua orientação.

No meio lésbico, essa discussão é super válida também. Não é raro eu receber mensagens nas minhas redes sociais de meninas extremamente confusas: "Amo quando a minha namorada me come com a cinta*. Será que realmente sou lésbica?", como se a penetração fosse um direito exclusivo das relações homem-mulher ou pau-buceta.


				
					Zonas erógenas não têm relação com a orientação sexual
Foto: Reprodução / Freepik

*Uma breve explicação: a cinta ("cintaralho") é um dildo acoplado a uma calcinha/cueca, uma das alternativas possíveis para a penetração

E aqui eu repito que prática sexual não é definidora de sexualidade. A vagina é um canal tubular inervado, abraçado pelos bulbos clitorianos, que tornam o estímulo lá dentro ainda mais satisfatório. Você pode sentir muito prazer ao ter sua vagina penetrada (por dedo, packer, vibrador, pênis…), porque essa é uma parte sensível do seu corpo e isso não tem relação com a sua orientação. Sua vagina é uma zona erógena independentemente de quem você ame.

É normal uma mulher hétero não gostar de penetração, assim como uma lésbica pode amar. Um homem cis pode não gostar de penetrar sua parceria e uma mulher cis pode adorar penetrar a sua com uma cinta. Um gay pode odiar anal e uma pessoa não-binária pan pode ser louca por cu. E tá tudo bem!

Se um homem cis hetero namora uma mulher transgênero que possui pênis e ele faz oral nela ou ela o penetra, ele não passa a ser bi ou gay. Ele segue sendo um homem hetero, porque a orientação é definida a partir da atração, não sobre como essa pessoa transa nem sobre a genitália da sua parceria. Da mesma forma, uma mulher cis lésbica não se torna bi ou hetero por se relacionar com uma mulher trans, uma mulher cis hetero não deixa de sê-lo por transar com um homem trans e assim por diante.

É preciso naturalizar que fetiches e prazeres não são nem devem ser balizadores da nossa orientação ou identidade de gênero. Ter esse entendimento é um passo fundamental para a vivência de uma sexualidade livre e realizada.

Imagem ilustrativa da coluna Educação xualSe
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