Esses dias eu estava no metrô e ouvi uma conversa entre duas mulheres. Uma delas dizia: “Os homens não são mais os mesmos”. Fiquei pensando, é curioso como ainda se espera que determinados padrões de comportamento masculino sejam reproduzidos, enquanto esquecemos que cada pessoa carrega sua própria bagagem emocional, medo e insegurança.

Percebo que, a cada dia, a sociedade vem pedindo para que pessoas que se identificam como homens cis se conectem mais com suas emoções, reconheçam suas vulnerabilidades e admitam seus medos. Agora que a vulnerabilidade começa a aparecer, muitos ainda não sabem como lidar, e isso vale para todos.
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Sentir medo, insegurança e limitações nunca foi fácil. Diferentes sistemas culturais ensinaram que se mostrar vulnerável era sinal de fraqueza. A reação ainda é de julgamento, mas quem disse que os padrões antigos eram saudáveis?

Enquanto isso, muitas pessoas seguem presas a expectativas externas sobre relacionamentos e conexões afetivas. Normas rígidas reforçam desigualdades e hierarquias emocionais. Baixa autoestima, medo do abandono, medo do não, sentimentos que ainda são ignorados por muitos.
Eu acredito que a responsabilidade afetiva não é de um gênero só. Existem pessoas de todos os gêneros e identidades, cada uma vivenciando vulnerabilidades e aprendendo a lidar com elas. A maturidade emocional exige que cada um olhe para dentro, independentemente de gênero ou orientação sexual. Terapia não é luxo, é ferramenta de autoconhecimento. Cuidar da própria mente e do próprio coração é essencial para se conectar com os outros de forma íntegra e consciente.

As redes sociais apenas escancaram padrões rígidos e expectativas sufocantes que sempre existiram. Mas, com atenção e coragem, é possível transformar isso. Reconhecer medo, insegurança e limites sem culpar o outro é o ponto de partida para relações mais autênticas e saudáveis.
Vá por mim, no fim, o desafio é individual, mas o impacto é coletivo. Quando cada pessoa faz seu trabalho interno, a vulnerabilidade deixa de ser fraqueza e se torna força. Amor, desejo, intimidade. Tudo flui melhor quando entendemos que sentir é coragem.

Coragem não é nascer pronto; é se olhar, se aceitar e se mover, mesmo com medo.
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