Com a chegada da primavera, somos lembrados de que transformação e renovação exigem cuidado, tempo e ação. Muita gente só procura psicoterapia quando parece não haver mais saída. Da minha experiência, atualmente as pessoas passam por quatro caminhos antes de chegar à terapia.

O primeiro, esmagadoramente, é a inteligência artificial. Escrever sobre seus problemas e receber respostas rápidas pode dar a sensação de alívio. Mas a máquina não sente, não conhece sua história, não percebe suas contradições. Você sai achando que resolveu algo, mas a angústia permanece, como se tivesse falado com um espelho que devolve frases prontas.
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O segundo caminho são os amigos. Escutam, dão opiniões, muitas vezes com boa vontade e carinho. Só que o conselho do outro nasce da vida dele, não da sua. Apoio é valioso, mas não é solução. As boas intenções nem sempre cabem na sua realidade, e seguir o que não se encaixa pode aumentar a frustração.

O terceiro é a espiritualidade. Pode ser igreja, o universo, a ancestralidade, a energia, até o seu próprio gato. Não há problema algum em acreditar em algo maior, mas esperar que um milagre resolva o que depende da sua ação é paralisante. Fé sem movimento é esperar sentado por algo que só você pode transformar.
O quarto caminho é o bar. Essa filosofia de mesa, “relaxa, deixa passar”, funciona como anestésico temporário. Passa, sim, mas passa por cima de você. No dia seguinte, ressaca física e moral dividem espaço com os problemas que continuam exatamente no mesmo lugar, prontos para te encontrar logo cedo.

Só então, já no limite, muita gente decide procurar psicoterapia. Mas chega esperando um botão de emergência, como se fosse possível desfazer em duas sessões anos de nós acumulados. Psicoterapia não é remédio rápido nem fórmula mágica. É processo, construção, aprender a olhar para si sem atalhos, assumir responsabilidade e agir com consciência.
Boa parte das pessoas que se dedicam regularmente à terapia relatam melhora não apenas no bem-estar emocional, mas também na forma como conduzem a própria vida: mais conscientes, mais responsáveis, menos reféns do improviso. A lição é clara: não existem atalhos. O mundo pode oferecer soluções sedutoras, mas nenhuma substitui a coragem de enfrentar a si mesmo.

E que bom que este texto que eu escrevo agora para você saia exatamente no início da primavera. Assim como as flores não brotam da noite para o dia, nossa transformação pessoal exige atenção, paciência e ação contínua. Esta estação nos convida a florescer, a cuidar de nós mesmos e a assumir nosso próprio crescimento.

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