Uma nova companhia de dança está surgindo na cidade de Cachoeira, interior da Bahia. A companhia é o Balé do Recôncavo, idealizado e dirigido pelo bailarino e coreógrafo Elísio Pitta. O sonho é antigo, muito antigo, mas só há cinco anos, principalmente no período da pandemia, o bailarino e coreógrafo decidiu que a hora era essa.
Elísio é soteropolitano, mas assegura que antes de nascer em Salvador já havia nascido em Cachoeira. Deu para entender? O artista justifica que a mãe dele, dona Anísia da Rocha Pitta, a ialorixá Mãe Santinha de Oyá (já falecida) era cachoeirense, assim como seus avós maternos. O amor à Cachoeira foi ganhando força com viagens nos fins de semanas. Na hora da volta para Salvador, a vontade era de ficar, sem falar também nos motivos religiosos. Tudo conspirava a favor. Ele, então, percebeu que estava na hora de criar o Balé.
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A ideia é trazer o mundo da dança para o Recôncavo baiano. A dança, segundo Elísio, está passando por um processo de apagamento e desvalorização pela falta de políticas públicas e apoio. Quem deveria fomentar isso não faz. Ressalta que as grandes companhias como o Balé Stagium, Grupo Corpo, Companhia de Dança Débora Colker, São Paulo Cia de Dança, são alguns dos grandes grupos que conseguiram se manter, mas mesmo assim têm lutas diárias para fazer o que fazem.
Pitta fala que está fincando uma base em Cachoeira e o bailarino não está sozinho. Ele tem muitos aliados nesse projeto, entre eles o coreógrafo e bailarino norte-americano Clyde Morgan, conhecido no mundo da dança. Morgan tem uma ligação muito forte com a Bahia. Outro apoio importante para a Companhia de Dança Negra veio do Balé do Teatro Castro Alves, que cedeu seis coreógrafos e bailarinos para o projeto. Há quatro meses Aguinaldo Fonseca, Paulo Fonseca, José Antônio Sampaio China, Denys Silva, Lícia Morais, a professora de técnica de dança contemporânea Rosa Barreto e, ainda, a professora da Escola de Dança da UFBA Amélia Conrado estão na ativa no nosso Recôncavo.
Os primeiros inscritos da companhia de Cachoeira
Uma grata surpresa foi a inscrição de 120 pessoas interessadas em participar do Balé, inclusive alguns bailarinos de outros estados. Os 12 candidatos foram selecionados nas audições. São eles que vão apresentar o espetáculo “Da boca de Matilde”, de 12 a 14 deste mês, na Sala de Eventos da Estação Ferroviária de Cachoeira.
“É a história de si mesmo e do nascimento de uma Companhia de Dança Contemporânea no território do recôncavo baiano", diz Elísio. Mais adiante, ele acrescenta que os bailarinos vão contar histórias de vida e histórias de danças da ancestralidade. "Estamos fincando uma base em Cachoeira, um pilar. O Balé do Recôncavo já é uma realidade. Já tem fila de coreógrafos, bailarinos do Brasil e até de fora que vem pra cá", completa ele.
O coreógrafo sonha alto, pensa em realizar uma Bienal de Dança, em Cachoeira, e ainda reeditar o projeto 'Biblioteca do Corpo' de Ismael Ivo, morto em 2021, de complicações da Covid-19. O Balé do Recôncavo vai fazer história em Cachoeira. A arte transforma, especialmente, a vida dos jovens e abre portas, oportunidades. É nisso que acreditamos.
Wanda Chase
Wanda Chase
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