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Tabus, Tretas e Troças

A dança dos números dos campeões na era dos pontos corridos

Análise das campanhas vitoriosas entre 2005 e 2024 mostra um retrato consistente e estável do desempenho necessário para levantar a taça

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Sílvio Tudela

17/11/2025 às 12:01 - há XX semanas
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Duas décadas após a adoção dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro disputado com 20 clubes, a análise das campanhas dos campeões entre 2005 e 2024 mostra um retrato consistente e surpreendentemente estável do desempenho necessário para levantar a taça. Os números ajudam a entender padrões de competitividade, a evolução técnica das equipes e até como o futebol brasileiro mudou taticamente ao longo desses anos.


					A dança dos números dos campeões na era dos pontos corridos
A dança dos números dos campeões na era dos pontos corridos. Foto: Reprodução / X

A soma de todas as pontuações dos vencedores entre 2005 e 2024, quando o Campeonato Brasileiro passou a contar com 20 clubes - foram 24 em 2003 e 2004 -, chega a 1.541 pontos, o que gera uma média exata de 77,05 pontos por título. Em termos de aproveitamento, significa que, em geral, o campeão brasileiro faz aproximadamente 67,6% dos pontos possíveis, já que um campeonato disputado em 38 rodadas permite o máximo de 114 pontos. Essa regularidade impressiona, pois mesmo com mudanças de formato externo (calendário, VAR, SAFs, número de candidatos ao título), a régua da performance vencedora praticamente não se altera e a média histórica para ser campeão é de 77 pontos.

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Os campeões com mais pontos

O topo da lista tem um dono destacado e ele é o Flamengo, que, em 2019, assinalou 90 pontos (78,9% de aproveitamento). A campanha histórica comandada por Jorge Jesus disparou como a maior da era dos pontos corridos com 20 clubes. Além de chegar a esta incrível marca, o time rubro-negro entregou uma das temporadas mais dominantes da história recente do futebol brasileiro, com conquistas nacionais e internacionais.

Mas o torneio também apresentou campanhas muito fortes, com desempenhos que mostram que chegar à casa dos 80 pontos é sinônimo de hegemonia e quase impossibilita qualquer perseguição na reta final:

  • 2019 – Flamengo: 90 pontos (78,9% de aproveitamento);
  • 2021 – Atlético-MG: 84 pontos (73,7%);
  • 2015 – Corinthians: 81 pontos (71,0%);
  • 2022 – Palmeiras: 81 pontos (71,0%);
  • 2014 – Cruzeiro: 80 pontos (70,2%);
  • 2018 – Palmeiras: 80 pontos (70,2%).

Os campeões com menos pontos

Na outra ponta do ranking, alguns títulos foram marcados pelo equilíbrio extremo da competição e, curiosamente, o dono desse título é também o Flamengo, que, em 2009, chegou a 67 pontos (58,8% de aproveitamento). É a menor pontuação de um campeão desde a implantação dos pontos corridos com 20 clubes e um exemplo clássico de campeonato “embolado”, no qual nenhum clube disparou e o favoritismo foi mudando de mão a cada rodada.

Outras campanhas mais “econômicas” refletem temporadas de maior turbulência técnica, trocas de treinadores e um nível mais parelho entre os candidatos ao título:

  • 2009 – Flamengo: 67 pontos (58,8% de aproveitamento);
  • 2023 – Palmeiras: 70 pontos (61,4%);
  • 2010 – Fluminense: 71 pontos (62,3%);
  • 2011 – Corinthians: 71 pontos (62,3%);
  • 2020 – Flamengo: 71 pontos (62,3%);
  • 2017 – Corinthians: 72 pontos (63,1%).

O que os números dizem sobre o Campeonato Brasileiro

Competitividade crescente: A variação entre o maior e o menor campeão (90 × 67) é grande, mas a média de 77 pontos mostra que a competição, apesar das diferenças de orçamento, segue equilibrada na maior parte dos anos.

O Flamengo de 2019 alcançou um patamar raro no futebol brasileiro recente: intensidade tática seguindo o modelo europeu, elenco altamente técnico e estabilidade de comando. Desde então, ninguém ameaçou chegar próximo de 90 pontos novamente, o auge técnico até agora. Um desempenho que parece longe de ser superado.

O padrão “80+” como título incontestável: Das campanhas que ultrapassam os 80 pontos, quase todas são lembradas como temporadas dominantes: Cruzeiro (2014), Corinthians (2015), Palmeiras (2018 e 2022) e Atlético-MG (2021). Todas elas envolvem times muito consistentes defensivamente e com manutenção de treinador.

Quando o nível técnico está mais nivelado, como em 2009, 2010, 2011, 2017, 2020 e 2023, a disputa acirrada e com reviravoltas se reflete em pontuações menores e o campeão tende a vencer com algo na casa dos 70 pontos, sendo conhecido praticamente na última rodada.

Um campeonato imprevisível e cada vez mais exigente

A análise dos últimos 20 campeões reforça uma verdade já conhecida pelos torcedores: para ser campeão brasileiro, é preciso regularidade, profundidade de elenco e estabilidade técnica. O corte de aproximadamente 77 pontos se mantém como o verdadeiro “padrão ouro” do Campeonato Brasileiro. Em anos de excelência, ultrapassar 80 pontos confirma hegemonia. Em anos de equilíbrio, 70 já pode bastar, mas com sofrimento até a última rodada.

A leitura e a interpretação destes números ajudam a contar a história de duas décadas de emoções, disputas intensas e mudanças estruturais que moldaram o Campeonato Brasileiro como um dos torneios mais competitivos do mundo.

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