Mais uma vez, a arbitragem brasileira se tornou o centro das atenções no Campeonato Brasileiro. O torneio vem sendo marcado por polêmicas que reacenderam o debate sobre a qualidade dos árbitros e a transparência do VAR, especialmente após o clássico entre São Paulo e Palmeiras, no MorumBis, que terminou com vitória alviverde de virada por 3 a 2, e uma revolta generalizada entre jogadores, dirigentes e torcedores tricolores.

O principal ponto de discórdia foi um pênalti não marcado para o São Paulo, a omissão silenciosa do VAR e decisão do árbitro Ramon Abatti Abel de não checar o lance no monitor de campo, gerando indignação imediata entre os são-paulinos.
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Logo após a partida, a diretoria do São Paulo emitiu uma dura nota, afirmando que pretende levar o caso à FIFA para ter acesso aos áudios da comunicação entre o árbitro de campo Ramon Abatti Abel e juiz Ilbert Estevam da Silva, que comandava o VAR. A decisão ganhou repercussão internacional e expôs novamente as falhas no sistema de arbitragem brasileiro.
Em contraste, o Palmeiras, que foi beneficiado pelo erro, publicou comunicado em tom de crítica aos rivais, afirmando que “há um movimento de desestabilização do campeonato” e que “as arbitragens devem ser respeitadas”. A reação foi vista por muitos analistas como hipocrisia, já que o próprio clube vinha sendo um dos mais críticos às decisões do apito nas últimas temporadas.
A pressão surtiu efeito rápido: a CBF anunciou o afastamento imediato de Ramon Abatti Abel e de Ilbert Estevam da Silva, decisão que reacendeu discussões sobre o preparo e a autonomia dos árbitros no país.
Um problema que não é de hoje
Os erros de arbitragem têm se multiplicado ao longo da temporada. Segundo levantamento de portais esportivos, pelo menos 16 partidas do Campeonato Brasileiro 2025, até a interrupção por causa da Data FIFA, já tiveram lances decisivos com interferência direta da arbitragem, seja por pênaltis não marcados, impedimentos mal analisados ou revisões demoradas e inconsistentes do VAR. Os casos vêm se acumulando e, em muitos deles, a CBF tem admitido falhas técnicas, mas sem aplicar punições consistentes e rever resultados.
Especialistas e ex-árbitros apontam que o problema não é apenas de tecnologia, mas de gestão e formação. O VAR, que deveria trazer mais justiça, tem sido usado de forma inconsistente, com critérios que mudam de jogo para jogo.
"Há uma cultura de corporativismo e falta de transparência. O torcedor não entende o que está sendo analisado, o tempo de revisão é excessivo e as decisões não são explicadas. Isso mina a credibilidade do sistema", afirmou o comentarista de arbitragem Sálvio Spínola, em entrevistas à imprensa.
Entre o descrédito e a esperança
Com o Campeonato Brasileiro entrando em sua reta decisiva, cresce o temor de que os erros de arbitragem influenciem diretamente o título e o rebaixamento, como já ocorreu em temporadas anteriores. A CBF promete revisar protocolos e ampliar treinamentos, mas ainda não anunciou mudanças estruturais.
Enquanto isso, torcedores seguem com a sensação de que o futebol brasileiro, mesmo cercado por tecnologia e investimentos, continua refém do apito, um problema antigo, que volta e meia rouba a cena, eclipsando o que realmente deveria ser o protagonista: o jogo.
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