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Tabus, Tretas e Troças

Clubes superendividados representam dilema que ameaça o futebol

Reféns das dívidas, equipes perdem competitividade e talentos, vivem instabilidade no calendário esportivo e sofrem punições severas da FIFA

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Sílvio Tudela

27/10/2025 às 16:24 - há XX semanas
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O futebol brasileiro vive uma contradição curiosa: nunca movimentou tanto dinheiro, mas os clubes seguem mergulhados em dívidas bilionárias. Segundo levantamento da consultoria Sports Value, atualizado até o fim de 2024, o passivo somado das principais equipes do país já ultrapassa R$ 12 bilhões. A situação expõe fragilidades na gestão e levanta dúvidas sobre o futuro de algumas das maiores instituições esportivas do Brasil.


					Clubes superendividados representam dilema que ameaça o futebol
Clubes superendividados representam dilema que ameaça o futebol. Foto: Fernando Bueno / Corinthians

O Corinthians lidera a lista, com cerca de R$ 1,9 bilhão em dívidas, muito em função dos custos da Neo Química Arena. Em seguida aparecem Atlético-MG (R$ 1,4 bi), também pressionado pelo financiamento da Arena MRV, e Cruzeiro (R$ 981 milhões), ainda em processo de reestruturação após a transição para SAF. Vasco (R$ 928 mi) e São Paulo (R$ 852 mi) completam o “Top 5”. Nem Palmeiras e Flamengo, elogiados pela gestão financeira e que vêm sendo hegemônicos na conquista de títulos desta década, escapam do endividamento.

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Ranking dos dez clubes mais endividados:

  • Corinthians: R$ 1,902 bilhão;
  • Atlético-MG (SAF): R$ 1,400 bilhão;
  • Cruzeiro (SAF): R$ 981,1 milhões;
  • Vasco da Gama (SAF): R$ 928,5 milhões;
  • São Paulo: R$ 852,9 milhões;
  • Internacional: R$ 834,8 milhões;
  • Palmeiras: R$ 825,3 milhões;
  • Bahia (SAF): R$ 821,0 milhões;
  • Santos: R$ 645,2 milhões;
  • Fluminense: R$ 632,8 milhões.

Além desses dez, completam a sequência Grêmio (562,3 mi), Red Bull Bragantino (414,2 mi), Flamengo (353,5 mi) e Vitória (307,2 mi), que figuram com dívidas também bastante expressivas. O Botafogo SAF não foi incluído no levantamento, pois não publicou seu balanço financeiro até o prazo legal, encerrado em 30 de abril de 2025.

O buraco só aumenta

A dívida elevada tem múltiplas origens. Estádios modernos, como a Neo Química Arena e a Arena MRV, representam compromissos de longo prazo com financiamentos e juros altos. Ao mesmo tempo, a busca por elencos competitivos, com salários milionários, pressiona ainda mais os cofres. Some-se a isso a herança de gestões desorganizadas, contratos onerosos e problemas tributários que se acumulam há décadas.

Mesmo clubes que aumentaram receitas com bilheteria, transmissões, patrocínios e venda de jogadores não conseguiram reverter o quadro: os custos seguem crescendo em ritmo maior que as entradas.

SAFs e promessas de solução

A transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tem sido vista como uma luz no fim do túnel para vários clubes. Cruzeiro, Vasco e Bahia, por exemplo, passaram a atrair investidores e renegociar passivos. Mas a mudança não elimina a dívida de imediato: muitas vezes ela apenas reorganiza os prazos e centraliza negociações. Especialistas alertam que, sem disciplina financeira, mesmo o modelo SAF pode repetir erros do passado apenas com outra roupagem.

Cenário representa um alerta

As consequências do endividamento são visíveis dentro e fora de campo. Elencos menos competitivos, atrasos salariais, cortes em categorias de base e infraestrutura, dificuldade para planejar o futuro. Em casos extremos, há risco de crises institucionais e até insolvência. Para o futebol brasileiro como um todo, o cenário representa um alerta. Quanto mais clubes gigantes se veem reféns das dívidas, maior o risco de queda de competitividade, perda de talentos, instabilidade no calendário esportivo e punições severas impostas pela FIFA.

O ranking mostra que tradição e torcida apaixonada não blindam ninguém contra má gestão. Corinthians, Atlético e Cruzeiro figuram entre os mais endividados, mesmo com grandes receitas e torcida de massa. A saída parece passar por maior governança, transparência, controle de custos e diversificação de receitas. Só otimismo e fé não estão sendo suficientes.

A verdade é que o futebol brasileiro está em uma encruzilhada: ou avança em direção a um modelo sustentável e justo para todos os clubes ou continuará refém de dívidas que, mais cedo ou mais tarde, podem comprometer o espetáculo dentro de campo e a própria existência dos clubes.

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