A escolha do futuro técnico da Seleção Brasileira de futebol masculino ainda não tem data marcada pela CBF e, para variar, está rodeada de mistérios e jogadas políticas nos bastidores. Entre os dirigentes, cronistas esportivos e torcedores, algumas dúvidas pairam no horizonte: a CBF deve apostar num técnico brasileiro ou estrangeiro, num treinador de qualquer nacionalidade que atue e conheça o futebol nacional ou num nome desconhecido do público?
Sem a presença do técnico Tite, que deixou a equipe logo após a Copa do Mundo do Qatar, a CBF escolheu o técnico Ramon Menezes, que levou a Seleção Sub-20 ao título sul-americano, para comandar a equipe de forma interina. O Brasil foi derrotado pelo Marrocos por 2 a 1 no primeiro amistoso de 2023.
Entre os que que atuam no futebol brasileiro e aparecem como preferidos para treinadores estão o experiente Dorival Júnior, último vencedor da Copa do Brasil e da Libertadores da América com o Flamengo; Fernando Diniz, admirado pelo estilo de jogo proposto e que conquistou o Campeonato Carioca deste ano, revertendo uma desvantagem de dois gols e atropelando o Flamengo por 4 a 1, com uma exibição histórica; e o português Abel Ferreira, que à frente do Palmeiras ganhou todos os títulos que disputou – exceção feita ao Mundial de Clubes, logicamente – com uma regularidade impressionante (dois Campeonatos Paulistas, uma Copa do Brasil, um Campeonato Brasileiro, uma Supercopa, duas Libertadores da América e uma Recopa Sul-Americana) desde 2020 no clube.
Correndo por fora, porém com grande resistência na entidade como sinaliza a imprensa, quem também faz grande lobby internamente é o técnico Cuca, que brilhou com o Atlético-MG em 2021, mas deixou o clube com o intuito de tirar um ano sabático em 2022, talvez esperando pelo convite.
Treinador com mais conquistas em torneios interclubes da UEFA (oito) e também com o maior número de títulos da Liga dos Campeões da UEFA (quatro), o italiano Carlo Ancelotti, atual técnico do supercampeão Real Madrid, aparece como favorito ao cargo e, segundo alguns veículos de imprensa do Brasil e do exterior, já deu sinal positivo para a CBF. Ex-técnico do então vitorioso Flamengo (2019 e 2020), o português Jorge Jesus, atualmente no Fenerbahçe, da Turquia, também já demonstrou interesse em ser o técnico da equipe e chegou a fazer um grande lobby no início do ano, quando esteve no Rio de Janeiro.
Apesar de não haver conversa confirmada com a CBF, a imprensa europeia (Marca, Sport Bild e L'Equipe, respectivamente) vem apontando o revolucionário e vitorioso espanhol Pep Guardiola, atualmente à frente do Manchester City, como opção; e outros dois carrascos da Seleção Brasileira que demonstram interesse no cargo. Um deles é o alemão Joachim Low, técnico que comandou a Alemanha na conquista da Copa do Mundo de 2014 e impôs o traumático 7 a 1 em nosso currículo, e que está sem trabalhar desde a Eurocopa, em 2021. O outro é Zinedine Zidane, que foi o algoz verde e amarelo na final da Copa do Mundo de 1998 e estava presente no jogo que eliminou o Brasil nas Quartas de Final do Mundial de 2006, e que está sem clube desde que deixou o Real Madrid em 2021.
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Clubes x Seleção Brasileira
Apesar das escolhas feitas pelos últimos técnicos que assumiram a Seleção Brasileira (Tite, Felipão, Mano Menezes e Dunga, por exemplo), boa parte da torcida torce o nariz para o fato de que praticamente a totalidade de jogadores atuem na Europa, o que reduz a conexão com a torcida e não demonstrem tanto amor assim à emblemática camisa verde e amarela. A grande maioria da torcida expressa sua insatisfação com isso e atribui esse contexto à enorme pressão de patrocinadores e de empresários dos atletas frente à frouxidão dos treinadores.
E em mais um capítulo do embate eterno entre os clubes que não querem liberar seus técnicos para a Seleção, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, veio a público afirmar que o Tricolor Carioca não liberará Fernando Diniz em um eventual convite da CBF em hipótese alguma. Em entrevista, reforçou que há um projeto de dois anos elaborado para o treinador e que seria preciso pagar uma multa rescisória de alto valor e proporcional ao tamanho do contrato.
Há poucos dias, Leila Pereira, presidente do Palmeiras, afirmou que “Abel Ferreira não precisa de Seleção, ele já está em uma seleção” e tranquilizou os torcedores de seu clube. Questionado sobre o assunto, o treinador reforçou sua vontade de seguir no comando do time paulista, com quem tem contrato até dezembro de 2024, e sinaliza não estar muito interessado em deixar o clube, onde tem total autonomia e é idolatrado, para receber as inevitáveis críticas da imprensa em um novo trabalho.
Enfim, esperemos que a história da escolha de um excelente técnico para a Seleção Brasileira não se repita como foi com Muricy Ramalho, mas isso é assunto para outra coluna.
Silvio Tudela
Silvio Tudela
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