A chuva que atinge Salvador há mais de 24 horas causou diversos estragos em diferentes pontos da cidade na última quarta-feira (12). Segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), o acumulado de chuva em cerca de 72 horas já ultrapassa 150 milímetros em algumas áreas, superando o esperado para todo o mês de novembro, que era de 108,2 mm.

No bairro de Fazenda Grande 2, uma laje inacabada desabou sobre uma casa, deixando um casal soterrado pela manhã. As vítimas foram resgatadas com vida por vizinhos e levadas para o Hospital Geral do Estado (HGE).
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De acordo com informações da TV Bahia, a mulher sofreu fraturas e o companheiro teve ferimentos graves, permanecendo internado em uma ala de cuidados intensivos.
Após o resgate, a área foi isolada, junto com outros cinco imóveis próximos. A Prefeitura de Salvador informou que os moradores receberão auxílio-aluguel.
Em Itapuã, um rio que passa por obras de macrodrenagem transbordou, alagando casas e surpreendendo os moradores ainda durante a madrugada.
Para tentar salvar parte dos móveis, os moradores colocaram geladeiras e objetos em cadeiras e estruturas improvisadas, mas muitos bens foram perdidos - como sofás, guarda-roupas e camas. Quem conseguiu salvar algo fretou caminhões com a ajuda de vizinhos e levou os pertences para a casa de familiares, com medo de novos alagamentos.
"A gente está em desespero, sem saída. Nosso Natal e o nosso Réveillon vai ser desse jeito? A gente sem poder receber ninguém em casa, preocupado com os danos. Eu estou no prejuízo", desabafou ao g1 a comerciante Ivana Santana, moradora da área atingida.

Em nota ao g1, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), responsável pela obra, informou que os trabalhos no Canal Mangabeira, em Itapuã, fazem parte do projeto de macrodrenagem dos rios Jaguaribe e Mangabeira, executado pelo governo estadual para reduzir os alagamentos históricos na região.
A Conder acrescentou que o transbordamento ocorreu por causa das fortes chuvas, destacou que o canal está com 80% das obras concluídas e afirmou que equipes têm feito a desobstrução de barramentos. “Equipes vão conversar com os moradores impactados para prestar a assistência necessária”, completou o órgão, que prevê a conclusão da obra para março de 2026.
No bairro de Narandiba, parte de uma encosta cedeu nas primeiras horas do dia, assustando os moradores. Um poste foi soterrado.

Há oito anos, o barranco havia recebido uma manta sintética impermeável com uma camada de concreto para conter o risco de deslizamento, mas a estrutura não resistiu ao volume de chuva.
Cinco famílias que vivem em frente à encosta deixaram as casas e se abrigaram na residência de uma vizinha que mora em uma área mais segura. Segundo a Codesal, uma obra emergencial será iniciada no local.
"Quando eu ouvi o tombo, eu levantei correndo. A gente saiu na varanda do quarto e só viu a terra caindo. Peguei roupa, identidade e mais nada", contou a dona de casa Rosilene de Oliveira.
Já no bairro do Barbalho, parte dos moradores ficou sem energia elétrica após uma árvore cair sobre a rede de fiação. O incidente ocorreu na noite de terça-feira (11), e, até a última atualização desta reportagem, o reparo ainda não havia sido concluído.
O diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macedo, informou que a tendência é de que o volume de chuva diminua até sexta-feira (14), mas reforçou a necessidade de atenção. "As pessoas precisam entender que o solo está encharcado e, mesmo com a abertura do tempo, as chances e a possibilidade de escorregamento de terra ainda permanecem. As pessoas precisam continuar atentas", alertou.
Nas últimas horas, a Codesal registrou 183 ocorrências, sendo a maioria por ameaças de desabamento (48), deslizamentos (29) e ameaças de deslizamento (24). Apesar da gravidade, nenhuma sirene de alerta havia sido acionada até o momento da última atualização.
Cidade em alerta
Salvador está entre as 147 cidades baianas incluídas em um alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que prevê chuvas intensas e risco potencial devido ao grande volume de precipitação.
A condição climática é influenciada pelo fenômeno La Niña - caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial -, que provoca alterações nos padrões de vento, pressão e chuva.
De acordo com a meteorologista do Inmet, Cláudia Valéria, o estado da Bahia está sob os efeitos do fenômeno durante a primavera, o que favorece a formação de nuvens e o aumento das chuvas.
"Neste momento, essa ocorrência fica mais restrita até quinta-feira, pelo menos, mas novos eventos voltarão a acontecer ainda neste mês, especialmente na segunda quinzena de novembro", explicou.
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