Dom feminino

O privilégio de ser o primeiro lar de alguém é feminino. A alegria de colocar no colo e acalmar um bebê apenas com o contato de peles é feminino. A sofrida dor do parto também é uma particularidade feminina. Só elas entendem a angústia de ter que ir trabalhar e deixar uma criança tão indefesa em casa. Apenas as mulheres sentem a dimensão de gerar, criar e educar um ser humano. As mães carregam na consciência, no coração e no ventre o amor mais puro, aquele sentimento que não se desfaz sob nenhuma condição. Aquele tal sentimento que nós, homens, nunca sentiremos.“Ter pai é bom, mas ter mãe é maravilhoso,” dizem alguns. Sem minimizar a genuína importância da figura paterna, eles mesmos reconhecem que as mães são de uma doação incomparável. Incontestavelmente parciais, seus olhos sempre enxergam seus filhos como os mais porretas. As genitoras não largam suas crias nem quando estão sob perigo, sob ameaça de atentado ou terrorismo mesmo. Filho único, um casal, gêmeos, “tetragêmeos” ou uma verdadeira prole. Vá, você, dizer pra uma mãe que seu filho foi adotado e por isso ele não é lá bem seu filho. O resultado pode ser trágico.O garoto pode chegar aos 30. Para a mãe, ele sempre terá uns 9, 10 anos. A garota pode já ter filhos. A avó vai dar conselhos como se a filhota ainda fosse a menininha que lhe grudava chiclete no cabelo, que lhe fazia comprar bonecas a cada ida ao shopping e que lhe pedia batom com apenas três anos. Filho nunca cresce. Família nunca é segundo plano. Mãe nunca dorme. Ela está sempre acordada para possíveis choros, pedidos, dores ou chegadas. O bater na porta, o tocar da campainha ou o barulho de uma chaveiro em plena madrugada é mais do que o simples retorno do descendente. É o alívio maior de um coração.Filho que é filho sabe: o que mãe fala, se escreve em letras garrafais. Se não levar a risca os conselhos, cuidado! A gripe pode chegar, a festa pode ser desanimada, aquela paquera pode não vingar. Ser mãe é ser vidente também, afinal. É padecer no paraíso. É pensar neles em primeiro, em segundo, em décimo lugar. Como elas conseguem depositar tão intenso carinho e atenção sem cobrar nada em troca? Que se pronunciem as mães. Pensando bem, talvez nem elas consigam explicar esse dom feminino.