Da cozinha da mãe quando criança, aos corredores da faculdade vendendo doce, até se tornar uma microempreendedora com a própria confeitaria, Natalia Hegouet, de 26 anos, enfrentou dúvidas e medos. Mas enfim, parece ter encontrado a resposta que procurava, ao participar da 10ª temporada do "Que Seja Doce", programa de confeiteiros realizado pelo canal GNT.
A baiana de Salvador, que começou a carreira cursando engenharia de produção, ficou em segundo lugar no programa, que teve o episódio exibido na noite de terça-feira (9). E apesar de não ter ganho a disputa, o prêmio veio de outra forma, em elogios e na autoafirmação do seu lugar na confeitaria.
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"Eu precisava de uma afirmação. Acho que participar do 'Que Seja Doce' me trouxe uma afirmação muito grande, me fez acreditar em mim mesma. Porque acho que eu tinha aquele negócio na cabeça: 'hm, será que eu fiz certo em ter largado engenharia?'. E ter participado do programa, ter escutado os elogios e o que chefes falaram de mim e do meu doce, foi uma afirmação gigante de que fiz o que deveria ter feito", disse em entrevista ao iBahia.
E tudo parece ter levado Natalia a este momento, já que, a trajetória dela com o programa começou dois anos atrás, quando se inscreveu pela primeira vez. Ao Portal, ela contou como o convite chegou.
"Na verdade, eu me inscrevi alguns anos atrás, eu acho que há uns dois. Em 2022 eu recebi um e-mail para participar, só que eu não vi e passou. E aí em 2023 eu recebi novamente, e entraram em contato comigo no WhatsApp", explicou.
Antes das gravações em São Paulo, em novembro de 2023, ela passou por duas etapas prévias, com resposta de questionário e vídeo de apresentação. Aprovada, ela precisou escolher uma pessoa para a auxiliar nas provas, e decidiu levar Laura Santana, "braço direito" dela na "Oxe como é Doce", sua confeitaria na capital baiana.
Gravação de programa do GNT
Segundo Natalia, as gravações duraram dois dias. Este ano, o tema geral do programa é "Artes". Para as provas, ela e os outros confeiteiros precisaram apresentar receitas baseadas no sub-tema samba.
Ela contou ao iBahia que, na primeira etapa, precisou apresentar um doce próprio para os jurados Lucas Corazza, Carole Crema e Michele Crispim.
"Sempre tem um 'cartão de visita', e aí você leva um doce da sua confeitaria para os jurados experimentarem e verem qual vão escolher, para você já começar a primeira prova com uma vantagem. Eu levei uma 'Matilda' de 18 camadas e ela ganhou", diz sobre o bolo de chocolate com brigadeiro tradicional e brigadeiro meio amargo que levou de Salvador para São Paulo.
As outras duas provas que definiram o vencedor tiveram como inspiração o músico "Cartola" e a escola de samba "Mangueira". Na primeira, ela precisou criar uma sobremesa com queijo, banana e canela e o resultado surpreendeu os jurados e a ela própria, que conquistou o principal objetivo no programa ao agradar um dos chefes mais difíceis.
"Eu acho que foi Michele que raspou o prato, lambeu os dedos e Lucas tirou o óculos para a sobremesa e falou: 'eu pagaria por esse doce'. Eu me arrepiei toda nessa hora. Quando ele tirou o óculos, meus olhos encheram de lágrimas. E foi uma brincadeira minha e de Laura, antes de ir para o programa, que eu queria muito que isso acontecesse. [...] Foi uma vitória, foi emocionante, foi loucura", disse.
Ela saiu vitoriosa na primeira etapa, mas, infelizmente, o mesmo não aconteceu na segunda. Para a prova inspirada na "Mangueira", ela precisava obrigatoriamente utilizar manga na receita. A falta de experiência com a fruta e outros detalhes acabaram atrapalhando o resultado final.
"Em relação a minha sobremesa, eles me deram uma tapioca que eu não uso aqui em Salvador. Eu hidratei, mas o cuscuz ficou duro. A tapioca não hidratou o suficiente", contou.
A receita de quindim de manga, com cuscuz de tapioca, creme inglês de manga, coco e gengibre não conquistou o paladar dos jurados e ela acabou perdendo a prova e a disputa, mas o resultado não a abalou, já que além dos elogios, ganhou também a certeza do seu caminho.
Planos para o futuro
Antes mesmo de abrir o próprio negócio, em 2016 ,Natalia já andava pelos corredores da faculdade vendendo doces. Foi lá também que conheceu a sócia Fabiana Souza. Juntas, alguns anos depois, elas abriram a "Oxe, Como é Doce", uma doceria e padoca localizada no Caminho das Árvores, no bairro da Pituba.
Atualmente, o local tem 12 funcionários, incluindo ela e a sócia, que continuam a assumir funções na cozinha e no atendimento. Ao iBahia, ela explicou que ainda sente receios diante da responsabilidade.
"A Oxe está aberta há 1 ano e 4 meses. Ainda está naquele início, ainda não somos uma mega empresa. É luta atrás de luta, combatendo 30 leões por dia. [...] A gente acaba alimentando várias famílias dentro da 'Oxe' hoje, porque já temos uma equipe com uma quantidade razoável de pessoas", salientou.
Mas, é com a mesma coragem da decisão que tomou anos atrás para seguir o caminho da gastronomia, que ela segue em frente em busca dos objetivos, com planos para o futuro sem medo de sonhar.
"Meu plano atualmente é fazer a 'Oxe' dar certo, a primeira empresa, ter mais e mais pessoas conhecendo nosso produto, gostando nosso produto. O futuro para mim é conseguir estruturar a 'Oxe', fazer com que ela cresça e quem sabe aumentar e abrir outras lojas".
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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