A Páscoa desperta nas crianças uma curiosidade maior em relação aos coelhos, mas antes de comprar um bichinho por impulso é importante conhecer os hábitos desse animal. Os coelhos vivem por pelo menos 12 anos e possuem necessidades diferentes de cachorros e gatos. É um animal, por exemplo, que não pode ficar um dia inteiro em piso liso, para não prejudicar a parte motora dele.
Os coelhos também costumam fazer mais sujeira do que os outros pets, já que se alimentam de feno e capim. De acordo com o médico veterinário de animais silvestres e exóticos, Rodrigo Arapiraca, os cuidados com o manejo do animal devem ser redobrados.
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“Eu costumo brincar que o coelho é um gato com osso de galinha. Não é um animal para ser pego no colo de qualquer forma, ele fratura com muita facilidade. Até brincando, subindo e descendo de algum lugar, ou colidindo contra a parede correndo. Já teve caso de paciente meu que fraturou porque correu com tanta velocidade que não conseguiu frear, bateu na parede e fraturou o fêmur. Então é um animal delicado, não dá para ter sem planejamento”, explica o veterinário.
A pessoa que decidir ter um coelho como bichinho de estimação precisa preparar o ambiente para receber o animal. O mamífero adora destruir os fios da casa, por exemplo. Outro detalhe é em relação ao piso da casa. O ideal é que um espaço seja reservado com piso emborrachado ou outros tipos mais aderentes, para evitar problemas de coluna. E ao contrário do que muita gente pensa, os coelhos não se alimentam apenas de cenoura. Muito pelo contrário. A hortaliça deve ser uma exceção.
“Você vai precisar oferecer feno em grande quantidade. Sempre falo que coelho é um cavalo em miniatura. É importante oferecer uma quantidade grande de fibra. A ração nesse caso é diferente de cachorro e gato, é importante ter, mas em pequena quantidade. E as outras coisas como cenoura, tomate, que o pessoal gosta de dar em grande quantidade, tem que dar bem pouquinho. Uma ou duas vezes por semana. A gente sempre olha para o Pernalonga e acha que o coelho come cenoura todos os dias, mas tem que ser bem comedido”, conta Rodrigo.
É importante agendar uma consulta com um médico veterinário de sua confiança para tirar todas as suas dúvidas antes de levar um coelhinho para casa. E já tendo o bichinho em casa, o ideal é fazer o acompanhamento para receber novas recomendações.
Raças de coelhos
Existe hoje em todo o mundo uma variedade imensa de coelhos. Na Europa, por exemplo, já tem clínica veterinária só para eles.
No Brasil a gente encontra espécies de raças menores como os Funny Lop, Mini Lop, Teddy, Dwarf Hotot e o difundido Lion Head.
“Essas raças são consideradas como mini coelhos, mas nem todos de fato são pequenos. Antigamente era mais fácil achar raças de coelhos maiores que estavam associadas a cunicultura de corte e a atividade experimental em laboratórios de pesquisa como as linhagens Nova Zelândia e Botucatu”, explica o médico veterinário Rodrigo Arapiraca, que atende animais silvestres e exóticos em clinicas da capital baiana.
Hábitos do coelho
Antes de pensar em escolher o coelho como o mais novo animal de estimação da sua casa, você precisa saber de algumas coisas.
Os coelhos, assim como cães, gatos e outros pets, têm consciência e desenvolvem vínculos com seus tutores. Eles também possuem necessidades que vão envolver muita dedicação, paciência e dinheiro.
“É sempre importante buscar informações com profissionais veterinários e criadores para entender se a sua realidade é compatível para criação de um coelho”, afirma o veterinário.
Os coelhos são animais atléticos, possuem ossos leves, musculatura desenvolvida para velocidade e patas especializadas em solos macios.
“O coelho vai precisar de um cercado amplo, nunca gaiola, além de um piso adequado e atividades ao ar livre. Assim como os cães, os coelhos são diurnos, mas ficam mais ativos no início do dia e final da tarde, quando a temperatura está mais agradável”, conta Rodrigo.
Os coelhos devem viver livres e as gaiolas só podem ser usadas para transportar ou como banheirinho para o animal. De acordo com o especialista, um coelho bem-educado pode ser manejado semelhante a um cachorro dentro de casa.
“Ele fará suas necessidades no local certo, vai brincar e interagir normalmente com sua família. É preciso paciência e dedicação nesse processo. Assim como o cachorro que ainda está sendo educado morde as coisas que não deve, os coelhos possuem uma atração peculiar por fios elétricos. Todo cuidado é pouco nesses casos.
O tutor deve protegê-lo contra choques e garantir que sua casa continue com internet”, brinca.
Macho x Fêmea
Segundo Rodrigo Arapiraca, a escolha do gênero do coelho é muito relativa, tudo vai depender da personalidade de cada indivíduo. A atenção deve ser maior apenas quando os dois vivem juntos e não são castrados. O animal é símbolo da fertilidade.
“Você só deve juntar um macho com uma fêmea se tiver intenção de reproduzi-los. As coelhas ovulam assim que cruzam, basta alguns segundos, e pronto, a coelha fica gestante. Com 4 meses uma coelha já pode estar apta a se reproduzir, sua gestação dura cerca de 30 dias, podem ter ninhada de até 10 filhotes e desmamam em até um mês e meio”.
Para evitar e controlar a população de coelhos o ideal é castrar o animal. A cirurgia também traz outros benefícios.
“Além de diminuir comportamentos territorialistas indesejados, a castração também evita doenças relacionadas aos órgãos reprodutores como cisto ovariano e câncer. A demarcação de território dos coelhos é um problemão, pois a urina deles se fixa facilmente no local onde excretam”, explica o veterinário.
Cuidados com a saúde
A maioria das doenças nos coelhos está associada a erros na criação como distúrbios nos dentes devido alimentação sem capim e/ou feno, obesidade por excesso de ração, infecção nas patas por falta de espaço e piso inadequado, fraturas por manipulação errada.
Higiene
O coelho pode tomar banho, principalmente à seco. Infelizmente não existem sabonetes e shampoos adequados para espécie no Brasil.
“Mesmo os shampoos neonatais humanos podem causar um desequilíbrio na pele e originar doenças, por isso os banhos úmidos devem ser evitados, exceto em casos especiais e preferencialmente com indicação médica”, esclarece Rodrigo.
Estou decidido. Quero um coelho!
Tudo bem, agora que você já conhece as peculiaridades do coelho e está mais animado para ter um bichinho para chamar de seu, você precisa observar alguns detalhes antes de retirar o animal da loja.
“Por exemplo, você vai ao Pet Shop comprar o animal e percebe que o coelho não tem feno disponível, não tem espaço para ele se movimentar ou não existe nenhum tipo de atividade recreativa para eles, são sinais que algo não vai bem. Para completar o criador não possui um médico veterinário que acompanhe sua saúde. Muitos compram no impulso de ajudar o animal tirando ele daquela situação quando na verdade estão financiando aqueles maus tratos”, alerta Rodrigo.
Nesses casos o certo é denunciar o local para o Órgão de Proteção Animal ou para o Conselho de Medicina Veterinária.
Gabriela Braga
Gabriela Braga
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