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MÚSICA

Nana, Danilo e Dori regravam canções pouco conhecidas do pai

O álbum, que tem capa e sobrecapa ilustradas por um autorretrato de Caymmi, é também uma boa chance de conhecer as pinturas do músico

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15/07/2013 às 9:56 • Atualizada em 02/09/2022 às 2:49 - há XX semanas
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O novo álbum gravado pelos irmãos Caymmi temum encarte ilustrado por quadros pintados pelo pai, Dorival, que completaria 100 anos em 2014
O que É que a Baiana Tem?, João Valentão, Maracangalha e Marina... Certamente, é desnecessário lembrar o leitor que o autor desses clássicos da música brasileira é Dorival Caymmi (1914-2008). Mas talvez você não conheça Sereia, Itapoã, Francisca Santos das Flores e outras dez canções, tão belas quanto as anteriores, mas menos populares do compositor baiano. E, se ainda não as conhece, o álbum Nana, Dori e Danilo - Caymmi (Som Livre) chega para lhe apresentar essa espécie de 'lado B' do mestre, mais uma vez interpretado por seus três filhos. "Foi um disco penoso para nós três, porque deu muita saudade de papai e mamãe. Mas também fizemos com muito gosto", resume Dori, 69 anos, que assina a produção e os arranjos do disco que antecipa as comemorações do centenário do compositor. Mas não é um 'resgate', avisa Dori: "Não gosto dessa história de ‘resgate’. Eu só resgato letra de câmbio", brinca. PinturasO álbum, que tem capa e sobrecapa ilustradas por um autorretrato de Caymmi, é também uma boa chance de conhecer as pinturas do músico. O encarte traz reproduções de cinco quadros pintados por Caymmi, além de uma Iemanjá, também criada por ele, impressa no disco, depois que Danilo sugeriu incluir uma imagem da Sereia. A escolha das canções foi baseada principalmente no livro clássico Cancioneiro da Bahia, de autoria de Caymmi e publicado em 1947. A obra, que tinha prefácio do escritor Jorge Amado (1912-2001), reunia partituras e letras de Caymmi, acompanhadas de ilustrações de Clovis Graciano (1907-1988). O próprio Dori fez uma escolha inicial do repertório, que depois passou pela aprovação dos irmãos. Aí, claro, pesou bastante a ligação afetiva com as músicas: "Quando éramos pequenos, gostávamos muito de Fiz Uma Viagem, principalmente por causa do tatu-bolinha", diz Danilo, 65, referindo-se à única música que interpreta sozinho. Nessa canção, sobre uma família retirante que enfrenta uma série de problemas na sua caminhada, Danilo optou por um tom triste, bem diferente daquele que ele dera numa gravação anterior, no álbum Danilo e Amigos. A nova versão é muito mais parecida com a original de Caymmi, de 1957. "O pior é que todo aquele sofrimento por que passa aquela família continua existindo ainda hoje", lamenta Danilo. SotaqueNana, 72, também escolheu interpretar músicas que lhe marcaram. Uma delas é Francisca Santos das Flores, que ganha um toque de fado com direito a sotaque português da cantora: "O sotaque foi uma surpresa para Dori e Danilo, que não sabiam que eu cantaria assim", revela a grande intérprete. Com os irmãos, Nana canta, entre outras, Cantiga de Cego, composta para a trilha sonora de um teleteatro baseado no livro Terras do Sem-Fim, do amigo-irmão Jorge Amado. A amizade dos dois baianos rendeu, entre muitos frutos, a letra de Retirantes, cantada por Danilo e Dori. Modinha para Teresa Batista, que estava na trilha da série de TV Teresa Batista (1992), baseada no livro de Jorge Amado, também foi criada pela dupla de amigos.
É claro que as canções praieiras, com um "perfume folclórico", como diz Dori, também estão no disco. É o caso de Caminhos do Mar, Rainha do Mar, Sereia e Itapoã. Essas duas últimas eram pouco conhecidas até por Danilo, que a todo tempo destaca a simplicidade das canções do pai: "Ele tinha uma simplicidade com um toque de sofisticação e um violão muito especial, atípico para a época dele. Além disso, sempre se preocupou em compor canções fáceis de cantar, para chegar ao povo". O lirismo característico de Caymmi também está nas canções desse álbum, como lembra Danilo: "Papai era muito contemplativo, por isso demorava um pouco pra fazer as músicas". Nana, que concorda com o irmão, acha que o pai, se pudesse, não teria saído da Bahia para o Rio, em 1938: "Mas o estado não comportava os artistas naquela época. Se tivesse ficado, ele teria tido mais serenidade para compor, porque Salvador era o cenário ideal para ele". Até agora, só o público de São Paulo teve o privilégio de ouvir ao vivo as canções do disco: "A gente gostaria muito de levar o show pelo país, inclusive para comemorar o centenário de papai, mas é um show grande e fica caro", diz Dori. Mas os baianos sentirão um gostinho do álbum dias 26 e 27, quando Nana Caymmi faz show no TCA e, claro, canta algumas músicas do pai. Dori prepara livro e outro disco para o centenário Dori está inquieto com as comemorações do centenário de Dorival Caymmi, nascido em 30 de abril de 1914. Tanto que decidiu antecipar a celebração para evitar concorrência com a Copa do Mundo, no ano que vem. “Já comecei a encher o saco de todo o mundo com isso", brinca.
Entre os itens que integram a comemoração está um livro com partituras de mais de 60 canções de Caymmi. "Escrevi música por música, à mão", diz, cheio de orgulho, enquanto espera os resultados de alguns editais em que inscreveu o projeto. Por encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Dori preparou também uma peça musical de dez minutos que será executada pela prestigiada orquestra em breve: História de Pescadores, do disco Caymmi e o Mar (1957), com a famosa introdução "Minha jangada / Vai sair pro mar...". A composição permanecerá no repertório da orquestra mesmo após as celebrações do aniversário. E ainda tem mais: um disco só com cantoras e cantores baianos interpretando Caymmi. "Tem muita gente que eu quero que participe, como Gil, Caetano e Jussara Silveira, que fez um belo disco só com canções de meu pai. Mas aceito o pessoal de qualquer estilo, desde que respeitemos a obra dele". Matéria original: Correio 24 horas Um outro Caymmi: Nana, Danilo e Dori regravam canções pouco conhecidas do pai

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