Músicos, atores, cantores, humoristas, palhaços, artesãos e diversas outras categorias da classe artística costumam oferecer o melhor da arte e entretenimento para o público. Em Salvador, um dos principais polos de formação artística do país não é diferente.
E quando o trabalho e esforços não são reconhecidos? E quando a política invisibiliza projetos e impedem que eles sejam realizados? Embora carregue consigo o título de "Cidade da Música" - concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) -, fazer arte em Salvador vai além de ser uma tarefa desafiadora.
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Nesta sexta-feira (29), dia em que Salvador completa 475 anos, nomes importantes da arte soteropolitana e brasileira destacaram que é preciso pés nos chão e cabeça no lugar para mergulhar no universo escolhido por cada um. Para eles, o amor pela arte tem de vir em primeiro plano.
Veja depoimentos de diferentes artistas abaixo:
Carlinhos Brown - Cantor e multi-instrumentista
A arte está nas pessoas, no sorriso, fazer arte aqui em Salvador é muito bom, afinal as pessoas vem nos visitar e eu sou louco por esse bônus. O ônus fica com o 'sair daqui', e quase que uma reclamação é que as vezes as pessoas não percebem um todo e que isso é um coletivo, que não se pode escolher apenas os 'medalhões', nós somos o movimento. Quando se inclui o nós sobra doce para todo mundo. Eu amo estar aqui com o bônus e o ônus". Carlinhos Brown
Tatau - Cantor
"Fazer arte aqui na cidade é fazer arte em casa. O reconhecimento ele vem de um jeito mais caseiro e isso é motivo de muito orgulho, as pessoas nos acolhem com muito carinho e respeito, é gostoso sair daqui e representar a nossa terra, transformador estar fora do país, estar em outros estados [...] Mas, em alguns momentos, principalmente no Carnaval, a gente se sente com pouco espaço para trabalhar, até pela demanda de vários artistas, aqueles que vem e tomam conta do nosso Carnaval. A gente termina tendo que fazer festa em outros lugares. Nesses momentos a Bahia precisa ser mais Bahia".
Ju Moraes - Cantora
"As delícias é que a cidade vive de música, inspira música, a gente tem uma relação quase antropofágica, a gente tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, é muita cultura, dinamismo, uma música que é democrática, palcos diversos, do rock ao pop, do forró ao axé e tudo isso engrandece a gente enquanto artista. Eu gosto muito de viver a música de Salvador. Essa cidade me dar muita coisa e é por isso que eu vivo aqui. Ao mesmo tempo, a dor reflete nos espaços limitados. A cidade carece de espaços que tenham estrutura para suportar a música, que não tenham armengues, problemas de acústica. Existe a necessidade de um investimento e que o mercado da música entenda que ele precisa devolver para a cidade aquilo que tira da cidade e principalmente olhar pelo novo artista, são eles que nos trazem a garantia de que podemos viver longamente de música aqui na cidade".
Tânia Toko - Atriz
"Salvador é polo cultural. Aqui baiano não nasce, ele estreia! Sou muito orgulhosa de ser soteropolitana, negra, oriunda de comunidade, e vários artistas vieram de comunidade assim como eu. É preciso ter esse olhar para a comunidade. Festejar o aniversário de Salvador como artista, estar aí lutando com meu instituto em prol de mulheres, eu como cidadã sei que estou contribuindo para uma sociedade melhor, mais feliz".
Magali Moraes - Humorista
"Sou fotógrafa, roteirista, humorista e trabalhar com o humor e arte em Salvador é uma grande riqueza porque se tem muitos estímulos, mas existem muitas dificuldades, o dinheiro não chega para o Nordeste, para Salvador, mas nós, de maneira muito honesta, resistimos e misturamos a cultura, a diversidade, são muitas influências e isso faz com a gente faça uma arte que é só nossa, com o jeitinho soteropolitano, com nossa identidade e é por isso que a gente atravessa todas essas barreiras".
Lucas Sales
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