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"Eu invisto em ser mãe", diz Mariene de Castro

Grávida do quarto filho, Mariene de Castro lança seu novo disco “Tabaroinha”, em show na Concha, no domingo dela e de todas as mães

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11/05/2012 às 15:44 • Atualizada em 14/09/2022 às 10:17 - há XX semanas
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“Sou predisposta a ser mãe e nasci pra cantar. É um desafio prazeroso nos dois caminhos. Talvez nem seja uma escolha minha, é de minha natureza”. A cantora e compositora Mariene de Castro considera tais funções muito naturais e diz saber lidar bem com isso. “Agora mesmo, Scott (seu assessor) arregalou os olhos quando viu as três crianças no meu carro. Venho trazendo eles pra escola,” diz caindo na risada.Nesse dia, uma bateria de compromissos profissionais a esperavam. Mas, assim como as entrevistas não poderiam deixar de ser feitas, suas crias – João Francisco (13), Pedro (3) e Bento (1) – também não poderiam ficar sem sua presença. A artista anda mesmo atarefada com a proximidade do show de lançamento do seu disco “Tabaroinha” (Universal Music), a ser realizado no imponente palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, nesse domingo, 13, às 18h30, em pleno Dia das Mães. O show será ainda mais importante porque, um dia antes, ela completa 35 anos de idade.Mariene se considera uma produtora do lar e da carreira. “Administrar isso é uma logística. Você tem que acordar todo dia pensando em como as coisas vão acontecer”, conta. Na última segunda-feira mesmo, foi o aniversário de Pedro. Um dia antes, a artista voltou do Rio de Janeiro mas tudo já tinha sido previamente acertado pra festinha dele na escola. “É uma questão de estar disposta a isso. Amo ser mãe como amo cantar.” Segundo a cantora, acordar de madrugada e amamentar por um ou dois anos, por exemplo, não são problemas, mas prazer. “Assim como ter quatro filhos, o que não é a realidade de muitas mulheres, muito menos cantoras”, reconhece. “Tem gente que investe em loucuras, viagens, em marcas, em vícios. Eu invisto em ser mãe”. Na maioria das vezes, seus filhos a acompanham em viagens à trabalho. E em casa, apesar de contar com a família e uma babá, ela não abdica da rotina de acordar as crianças, dar banho nelas, arrumá-las pra escola e, mais tarde, buscá-las e ajudá-las no dever de casa. “Mãe desde pequena”, inclusive da sua própria genitora Mariene sempre cuidou das irmãs mais novas. “Natureza de mãe é assim. Vim com essa missão, com esse sentimento materno. Tem meninas que não vêm.” Quanto a postura de palco nada se alterou com a chegada da meninada. “Não passei a ser mais conservadora porque passei a ser mãe. Sempre fui muito preocupada, cuidadosa,” comenta a amante dos vestidos longos e das saias rodadas. Muitas meninas, aliás, vão ao seus shows vestidas de dourado, cheias de pulseiras e com flores as enfeitando. “Marieninhas” de até três anos se espelham no visual da cantora. Para ela, essa é uma prova de que essa relação intensa com as crianças é natural.
A tabaroa“Todo mundo é tabaréu. Todo aquele que sai da sua taba, vai pra outra tribo, pra outro lugar ou região, se torna tabaréu.” É esse o olhar de Mariene de Castro sobre si mesma. O título do seu mais novo álbum é uma alusão a esse sentimento de “Tabaroinha”. Apesar de ter nascido na capital baiana, ela diz não perder suas referências familiares e musicais do interior do estado. “É desse olhar que falo no disco. É muito mais esse sentimento de quem olha o mundo saindo da sua origem, sem perder o sotaque.”Saindo da esfera dos compositores baianos que permeou seus álbuns anteriores ("Abre Caminho", de 2004, e “Santo de Casa - Ao Vivo”, de 2010), ela agora canta Arlindo Cruz, Martinho da Vila, João Nogueira, Paulo César Pinheiro e Flávia Wenceslau. Canções de outras praças ganham nova vida através de sua robusta voz. “Canto músicas de fora sempre com minha tabaroice, com a essência do meu trabalho,” adverte. Os coros e a presença de acordeon em seu trabalho também são responsáveis por agregar personalidade às canções de outros. “Meu sotaque vai a qualquer lugar que eu chegue.” Produzido pelo paulista Alê Siqueira – “que também é tabaréu pra gente aqui” –, o álbum foi realizado coletivamente. Apesar de ter sido uma indicação da gravadora Universal Music e de não tê-lo conhecido pessoalmente até então, a sambista diz que a sintonia foi intensa: “descobrimos muitas afinidades. Inclusive esse sentimento de ter família grande, de gostar muito de casa, de gostar de coisas simples, de muitos filhos, de ter atenção com certas coisas, o que é típico do matuto.” O disco foi resultado de um mês de imersão com banda e equipe técnica em um parque florestal na região de Mata de São João.O making of desse período de gravações foi registrado e deve compôr um DVD que começa a ser planejado pela cantora.
Samba para os bambas e suas mãesCom 14 anos de estrada, o samba-de-roda segue permeando sua trilha de carreira e vida. Algumas das canções que compõem o repertório de "Tabaroinha" já tinham sido experimentadas em apresentações. Naturalmente, o show levará ao palco o novo setlist, composto por “Roda Ciranda”, “Filho do Mar”, “Amuleto de Sorte”, “A Pureza da Flor”, “Um Ser de Luz”, “Tia Anastácia”, “Isto é Bom” e “Foguete”. A simbologia do ouro presente na capa do CD é uma homenagem a Oxum: "essa moça que me acompanha, que me zela, que cuida de mim.”Nos últimos anos, a cantora vem obtendo uma maior visibilidade ao seu trabalho, bem como reconhecimento de artistas nacionais do gênero, como Beth Carvalho, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Dessas experiências, ela conta que por mais que tenha se misturado, seu forte sotaque ainda permanece. “O que mais contribuiu para o meu trabalho em si no encontro com essas pessoas foi perceber as nossas diferenças e notar o quanto o meu trabalho chegava com algo muito pessoal e autêntico,” conclui. Os bambas podem levar as suas mães porque o show promete um samba no pé de qualidade.

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