Este ano não vai ser igual aquele que passou... O carnaval vem ganhando regras rígidas de comportamento. Marchinhas tradicionais estão com os dias contados e a nudez feminina, que há anos é vista como mais uma alegoria dos desfiles de escolas de samba, é apontada como uma ameaça ao empoderamento. Na contramão desta folia politicamente correta, as musas purpurinadas militam pela exposição democrática do corpo e decretam: vai ter pouca roupa, sim!
Juju Salimeni, musa da Unidos da Tijuca no Rio pela segunda vez, quer nem saber se os movimentos feministas estão torcendo o nariz para a exposição do corpo. A paulista chegou ao carnaval carioca em 2016 destruindo a Sapucaí com suas formas esculpidas em horas na academia. “Empoderamento é fazer o que eu quero. Meu corpo, vestido ou não, não define a minha essência, não muda quem eu sou”, avisa ela, que na Avenida vai representar Madona no enredo tijucano: “Quer mulher mais feminista que ela? E ela usou a sensualidade para dar seu recado de liberdade”.
Salimeni lembra da época em que trabalhava de biquíni como assistente de palco. “Nunca me senti desrespeitada ou objetificada. Era um trabalho e eu sabia o que era desde o início. Eu procurei estudar, nunca quis fazer a linha ‘mulher bonita e burra’. Falo inglês fluentemente, fiz Administração, e aos poucos mostrei que era mais que um corpo, embora minha encucação com isso seja zero”, explica: “O corpo nu ou quase nu para mim, que sou atleta, tem a ver com a transformação, com a parte visual do que conseguimos fazer com nossas formas”.
Musas se manifestam
Dani Sperle, há anos no carnaval carioca ostentando um micro tapa-sexo, promete continuar com a fama. “Ano passado vim praticamente coberta!”, esbraveja ela, que garante não se sentir discriminada pela nudez: “Faz parte desfilar com pouca roupa e malho para isso. Estou podendo”, provoca Dani, que poderá ser vista como musa da União da Ilha.
Ela diz que não chega a defender a nudez na foilia porque nunca saiu totalmente nua, e que assédio é algo natural. “Até fora da concentração somos assediadas, mas tudo tem limite. Sempre fui assediada, mas sem abuso. Me pedem apenas fotos e me fazem elogios”, garante.
Denise Dias, madrinha da Inocentes de Belford Roxo, nunca posou nua e nem quer para ela o bastão de guerrilheira da nudez. Mas este ano ela diz que sua fantasia pode chocar. “Terá um efeito em que vou parecer nua”. Denise diz que curte o assédio em torno dela na concentração, mas é de dar chega para lá em engraçadinhos. “Defendo que a mulher pode ser livre, mostrar o que quiser e ainda assim, ser respeitada”.
Mãe de dois filhos, a musa fitness Dayse Brucieri vai sair na Grande Rio e na Unidos do Peruche, em São Paulo. Não espere da loira um maiô como o desta foto. Para a modelo, menos é mais. “Sou linda, sexy e ousada. Por que esconderia o que tenho de mais bonito?”, questiona ela, que se considera uma feminista: “O respeito deve ser para qualquer pessoa”.
Elas fizeram escola no carnaval
Em 1989, Enoli Lara, na foto em preto e branco, foi a primeira mulher a desfilar totalmente nua na Sapucaí. A genitália desnuda deu o que falar. Além dela, Nana Gouvêa (ao lado) sempre causou com suas curvas e desenvoltura no carnaval carioca. Fabiana Andrade foi outra musa que ganhou fama com o corpo à mostra: “Nunca me senti um objeto sexual. Eu sempre pensei nos desfiles como algo artístico. Tenho orgulho de representar uma geração de brasileiras, de mulheres que ajudaram o carnaval a ser o que é”.
Este ano Fabiana não vai desfilar porque está de férias com o filho em Miami. Mas promete estar no Desfile das Campeãs caso a Grande Rio esteja entre as seis.
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Redação iBahia
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