Mariana Goldfarb não tem nem 30 anos e já fez muita análise diante do espelho. Desconfortável com o próprio reflexo, descobriu medos, virtudes e uma avalanche de imagens deturpadas. No início do namoro com o ator Cauã Reymond — com quem se casou no mês passado, em uma cerimônia intimista, em Ibitipoca, interior de Minas Gerais — sofreu tanto que não havia dieta que a fizesse sentir-se magra nem preenchimento que sustentasse a pele que os haters teimavam em derrubar. Foram meses de jejuns, procedimentos estéticos e muita terapia até que a apresentadora finalmente percebeu que seus algozes não eram os milhares de seguidores que morriam de inveja da mulher que fisgou um dos homens mais interessantes do país — mas ela mesma.
Aos 28 anos, recém-casada, cursando faculdade de Nutrição e cheia de projetos bacanas de trabalho, Mariana está em paz consigo mesma. “Hoje eu me enxergo como uma mulher forte e batalhadora, querendo evoluir e crescer sempre. Foi uma jornada longa de autoconhecimento e a estrada só vai acabar quando eu morrer”, diz, com uma doçura capaz de quebrar a sisudez de qualquer interlocutor. Foi, provavelmente, com ela que Mariana convenceu Cauã a nos deixar publicar no fim desta reportagem uma das mais divertidas fotos de seu casamento. Irredutível, o noivo não quis aparecer. Mas... quem precisa dele quando tem uma mulher como ela?
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Vida de modelo
“Sempre quis trabalhar para não depender de ninguém nem sobrecarregar meus pais ( ela é filha de uma psicóloga com um economista ). Meu sonho era comprar meu próprio carro, ter um apartamento, e fui atrás com o que dava. Fui caixa na papelaria da família e cheguei a distribuir currículos para ser vendedora de loja. Foi um sucesso e fui chamada para várias entrevistas, mas acabei sendo ‘descoberta’ por um olheiro de agência, isso há 10 anos. Achei que seria fácil. A história, no entanto, não foi bem assim. Pediram para eu perder peso e mudar meu jeito de falar e de andar. Só que isso não aconteceu. Minha personalidade é o que tenho de melhor. Nunca fui um cabide."
Relação com a comida
“Há dois anos e meio, sofri com distúrbios alimentares. Não estava me permitindo comer. Minha figura estava feia, parecia um esqueleto e minha saúde estava debilitada. Foi um período complicado, de muita pressão ( nas redes sociais, por causa do namoro ). Cauã e minha família me alertaram, mas eu não enxergava a situação como eles. Perdi o controle. Estava num ciclo vicioso: não ingeria uma fruta sequer durante o dia, mas me jogava na barra de chocolate à noite. Certa vez, vomitei por me sentir culpada. Esse episódio foi marcante e percebi ali que estava doente, anoréxica. Fui procurar ajuda médica.”
A força das redes
“Na análise, a minha alimentação não é mais um tema. Falamos muito sobre minha relação com as mídias sociais. Pergunto o que as pessoas ganham destilando tanta maldade por ali. Criticam meu corpo, meus cabelos, minhas roupas, minhas sobrancelhas. É verdade que os ataques diminuíram bastante de uns tempos para cá, mas ainda estão lá. Também estou mais seletiva com o que posto no Instagram. A rede é uma ferramenta que pode colocar alguém nas alturas ou lá para baixo. Compartilho apenas o que vai somar. Não cravo uma perfeição que não existe. Demorei para entender que poderia estar fazendo mal para alguém.”
Como tudo começou
“Conheci o Cauã na natação há 17 anos, acredita? Nadávamos no mesmo clube. Eu era uma garota e ele já estava na TV como o Maumau, de ‘Malhação’. Em 2015, nos reencontramos numa festa no Rio. Nunca tinha passado pela minha cabeça a possibilidade de namorar um ator ou alguém público, mas nos apaixonamos. No ano seguinte, engatamos um romance. Estávamos juntos há três anos quando decidimos oficializar a união. Não tem por que casar senão for por amor. Por qualquer outro motivo, vai dar errado. Foi uma novela com final feliz, com algumas idas e vindas (a última crise, em 2018, durou quatro meses). Mas quer saber? Foi bom passarmos por dificuldades para termos certeza do que queríamos.”
Vida em família
“Quero muito ter filho. Mas vou aproveitar a vida de casada um pouquinho. Meu único medo é colocar um neném no mundo do jeito que estão as coisas. Vou sofrer vendo um ser que saiu de mim, e que amarei incondicionalmente, tendo que lidar com tudo de ruim que está acontecendo. Temos que nos rever o tempo todo. Uma parte da minha família é portuguesa, daquelas bem tradicionais; a outra metade é judia. Ou seja: tive uma educação machista. Aos poucos, fui deixando alguns hábitos para trás e me descobrindo feminista. É tão lindo ver as mulheres se apoiando. Gosto de usar meus canais na internet para debater o assunto.”
Liberdade de expressão
“Antes do casamento, li que o Cauã aceitou a união porque eu tinha mudado minha personalidade. Fiquei aborrecida por terem colocado uma mulher numa posição tão submissa. Claro que ele não me pediu nada. Cauã me ama do jeito que eu sou; e eu, do jeito que ele é. É uma violência fazer isso com o outro. Temos uma relação de respeito e de admiração. Imagina: ‘Vou casar com você, mas você só vai usar branco’. Foi um absurdo. Não podemos mais alimentar esse tipo de coisa.”
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Redação iBahia
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