O recado em forma de reclamação dado por Mallu Magalhães no palco do Encontro com Fátima Bernardes na última sexta-feira (23) ainda rende. A afirmação polêmica que tem repercutido na internet aconteceu no momento em que a cantora foi convidada para cantar Você Não Presta, música do recém-lançado álbum Vem. "Essa é para quem é preconceituoso e acha que branco não pode tocar samba", alfinetou.
A fala da cantora se deu após uma longa discussão com a jornalista baiana Maíra Azevedo, a Tia Má, sobre a repercussão negativa que o clipe da música teve por conta do reforço a estereótipos racistas, como o dos corpos negros hipersensualizados e de peças deslocadas do ambiente, sem interação com a cantora.
Como o comentário de Mallu sobre brancos, preconceito e samba foi feito assim que o intervalo comercial foi chamado, Tia Má não conseguiu responder à cantora e o debate foi encerrado. No entanto, neste sábado (24), a jornalista baiana escreveu um texto no Instagram comentando o ocorrido.
"Quem me acompanha sabe que eu discordo...é uma roupagem do RACISMO REVERSO. Ela demonstrou incômodo de ter a sua obra questionada e quis se colocar também no lugar de vítima. Mallu é uma Jovem, branca, rica e que tem uma série de vantagens na vida. Para pessoas como ela, ser questionada é uma afronta", escreveu Tia Má.
Ainda segundo Maíra, a ideia não era transformar o programa em uma "batalha" e como o comercial havia sido chamado ela não retomou a discussão para não ser classificada como a "preta raivosa".
"Não iria transformar o palco do programa em uma batalha... Sabia que a internet daria conta. Ali, eu seria a 'preta raivosa que não compreende as dores de uma artista'. Esse papo de que branco não pode cantar samba....rsrs... A gente até rir....os principais ritmos brasileiros foram criados por pessoas negras, em espaços negros e quando se tornaram populares ganhou roupagens e intérpretes brancos".
Tia Má pediu ainda que Mallu Magalhães respeitasse sua "dor e história". "Branco aqui faz o que quer e sempre foi assim. A única coisa que branco não pode ser é racista, pois isso é crime! Nós, negros, vemos a nossa história e contribuição sendo apagada cotidianamente e mesmo assim...tentam transformar, aqueles e aquelas,que são barrados no baile por terem a pele da cor da noite, em algozes! Malu, cante o que vc quiser, mas na moral respeite a nossa dor e a nossa história." Assista o vídeo:
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Redação iBahia
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