Tomate se prepara para Carnaval e aposta em Cheirinho da Vovó

Foi com a Coração, no Carnaval de 2005, que Tomate, então na banda Rapazolla, conquistou o público. O sucesso da canção já dava sinais de que ele seria um dos grandes puxadores de trios da nova geração baiana. Em 2008, o soteropolitano Tomate, hoje com 30 anos, decidiu deixar a banda para seguir carreira solo e gravou seu primeiro disco. O álbum deu início a uma bem-sucedida carreira solo que o fez conquistar fãs em vários estados, especialmente Minas Gerais, onde ele diz se sentir em casa: "Os mineiros são muito parecidos com os baianos, amam o axé, o pop e valorizam a música e respeitam os artistas baianos". A agenda de Tomate está cheia: quinta-feira, ele anima o bloco Cerveja & Cia e, na sexta, o Eu Vou!. De domingo a terça, puxa o Inter: "Nada, nenhum show em nenhum lugar do mundo se compara ao show do Carnaval de Salvador". Na festa, o artista aposta no sucesso de Cheirinho da Vovó, que ele garante não ter duplo sentido: "A minha ideia com Cheirinho da Vovó foi prestar uma homenagem à turma da melhor idade, de resgatar os carnavais antigos do tempo das marchinhas". Outra candidata a sucesso é Vou dar PT, carregada de crítica social. "Chega uma hora que a gente cansa de ser enganado e eu tenho o privilégio de poder usar a música para levar alegria amor e esclarecimento ao povo", explica. A seguir, confira entrevista com o cantor. Você é considerado um dos melhores puxadores de trio de salvador. A que atribui isso? Eu não sou de rótulos não, mas acredito no povo e, se dizem isso, deve ser uma verdade. Eu atribuo isso a toda energia que eu deposito em cada show, eu vivo e me entrego por inteiro, aquele momento ali é só eu e eles (o povo). Vou no meu limite, me entrego de verdade, de corpo, alma e coração. O show de trio é sempre muito gostoso e especial, pois o trio anda, o que significa que a cada metro novas pessoas estão te vendo naquele momento pela “primeira vez”. Puxar um trio durante 3 ou 5 horas não é fácil, mas tenho energia de sobra. Você se considera realmente um cantor de axé music? O axé hoje é visto como base da minha carreira, a primeira opção de musicalidade. Acredito que o meu trabalho seja diferenciado porque coloco sempre vertentes, arranjos e influências do rock e do pop na minha música, nos meus shows, e acaba gerando esta mistura. Acredito que consigo passar o que curto, o que gosto e dar o recado que a música pede atendendo às necessidades do público. Você vai puxar três blocos no Carnaval. O que preparou para os foliões? A energia do povo no Carnaval é fora do normal. Nada, nenhum show em nenhum lugar do mundo se compara ao show do Carnaval de Salvador. Então, a preocupação aumenta, tanto na preparação com a minha resistência, voz e saúde como na pesquisa em saber o que o povo quer ouvir, em criar arranjos, repertório, convidados, surpresas, figurino, decoração do trio, o som, a luz, tem que estar tudo impecável. Tudo isso somado nos faz levar o melhor para a rua e reflete a nossa felicidade em forma de canção. Só posso garantir que vai ser massa! Cheirinho da Vovó é uma de suas apostas para o Carnaval de 2013 e alguns dizem que ela tem duplo sentido. O que o inspirou a fazer essa música? Com Cheirinho da Vovó, eu queria relembrar o Carnaval de rua e o povo vai sentir esse clima no meu bloco, o Inter, de domingo a terça. A minha ideia foi somente prestar uma linda homenagem à turma da melhor idade, de resgatar os carnavais antigos do tempo das marchinhas, confetes e serpentinas, pierrôs e colombinas. Cheirinho da Vovó vai sacudir baianos e turistas na avenida. Você lançou recentemente o videoclipe de Vou dar PT (parceria com Wilson Sideral e Havok). Por que compôs uma música, de tom roqueiro, com crítica social?Chega uma hora em que a gente cansa de ser enganado e eu tenho o privilégio de poder usar a música para levar alegria, amor e esclarecimento ao povo. Então, eu fiz, faço e sempre farei uso disso. Daí, para deixar realmente registrado, resolvi fazer o clipe que retrata de verdade toda esta história de artista/empresários/gravadora/político e coloquei tudo com uma pitada de humor para que as pessoas pudessem tirar suas conclusões. Você acha que essa música cumpre bem seu objetivo? Acredito que tenha funcionado, pois por onde passo no Brasil, o público pede e canta com fervor. Vale a pena vocês assistirem ao clipe de deixar os comentários no nosso site e nas nossas redes sociais. Você opta por dirigir e produzir seus shows. Acha que assim os espetáculos têm mais sua cara? Você consegue dar conta de produzir, dirigir e cantar? Rapaz, é complicado porque acabo não tendo tempo para certas coisas que me dão muito prazer, como por exemplo pescar, que adoro e nem me lembro da última vez que fiz isso. Tenho, lógico, uma equipe que administra todas as minhas ideias, mas confesso que chego junto mesmo, opino em tudo, brigo, luto, grito, falo mesmo como quero. Vou lá, faço e mostro que tem como ser feito sim. Sempre fui de correr atrás do que quero e de não ficar esperando muito. Então isso acaba fazendo com que eu interfira em todos os segmentos. Quais são suas influências e o que você costumava ouvir antes de ser profissional? Escuto de tudo um pouco, sempre gostei muito de música, sempre fui muito curioso e pesquisei muito. Música não tem classe, não tem sexo, não tem idade. Sou fã de Raul Seixas e até fiz uma música em homenagem a ele chamada Disco de Raul. No meu show, tem sempre um pouco dos sucessos de grandes grupos e artistas como Mamonas, Engenheiros do Hawaii, funk, arrocha, sertanejo e até mesmo o pagode. O meu show é uma energia só. Mas não adianta ficar aqui só falando. O negócio é o público ir lá pra sentir a vibração. Você considera que o rock influenciou muito sua carreira? Claro, nunca escondi isso e acredito que as pessoas percebem quando estão assistindo ao meu show, ou simplesmente olhando pra mim, o meu estilo, o meu visual. O rock sempre teve uma influência grande na minha vida. O rock é um ritmo universal e atravessou gerações. Não conheço ninguém que não curta o rock, em algumas de suas tantas vertentes. Quais são, em quaisquer gêneros, os seus grandes ídolos musicais? Raul Seixas é um fenômeno, um ícone, um ser humano especial e iluminado. Eu adoraria ter conhecido e ter aprendido mais com ele. A banda inglesa Coldplay faz um rock meio alternativo, bem parecido comigo. A sonoridade é incrível. Viajo no som dos caras. Tim Maia é outro artista de personalidade forte e talento indiscutível. Sabia o que queria e fez história na música popular brasileira. Você conquistou muitos fãs fora da Bahia e, especialmente em Minas Gerais, onde você gravou um DVD. Qual é a sua história com aquele estado? Minas foi um estado que me abraçou de verdade, sempre me recebeu de braços abertos, com muito carinho, acreditou em mim, na minha carreira, na minha história e acabamos criando um laço muito forte. Estar em Minas para mim é como estar na Bahia, que é a minha casa. Os mineiros são muito parecidos com os baianos, amam o axé, o pop e valorizam a música e principalmente respeitam e enaltecem os artistas baianos. Eles têm uma energia massa, um calor gostoso, uma troca muito verdadeira. Costumo dizer que sou baiano de sangue e mineiro de coração. *ÍDOLOS E PARCEIROSIvete Sangalo "Veveta é guerreira, uma pessoa de uma simplicidade absurda", diz Tomate. No DVD ao vivo dele, A7i7ude (2011), Ivete faz participação especial na música Nenhum de Nós.Thiaguinho Os dois se conheceram no programa Fama, onde ficaram amigos: "Quando saí do programa, foi Thiaguinho que fez minhas malas", diz Tomate, que cantou com o amigo no Carnaval de 2011.Raul Seixas (1945-1989)O roqueiro baiano já foi homenageado por Tomate na música Disco de Raul. "É um ser humano especial e iluminado. Eu adoraria ter conhecido e ter aprendido mais com ele". Matéria original: Correio 24 Horas Tomate se prepara para Carnaval e aposta firme em Cheirinho da Vovó