- Aposentadoria? Brasileiro quer mesmo é continuar ativo

Engana-se quem pensa que os profissionais mais velhos não têm chances no mercado de trabalho: na hora de contratar, muitas companhias têm optado por candidatos mais experientes. Mas o que fazer para aumentar as chances de ser contratado na melhor idade?

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a perspectiva de vida no Brasil passou de 74,6 em 2012, para 74,9 anos em 2013. O estudo mostrou ainda que pessoas com 60 anos de idade ou mais estão cada vez mais ativas no mercado de trabalho – dos 15 milhões de idosos no país, aproximadamente 4,5 milhões trabalham para complementar a renda ou se manterem ativos.

Muitos brasileiros desejam continuar a trabalhar após a aposentadoria, mas é preciso que a sociedade esteja preparada; afinal, também segundo o IBGE, em 2030 a população de idosos representará 25% da população brasileira.

No entanto, para o profissional que está vivendo esta situação hoje, atuando no mercado de trabalho ou buscando uma recolocação, uma dica valiosa para garantir uma maior satisfação pessoal e perspectivas de carreira é identificar as oportunidades.

“É importante que o profissional que já se encontra na terceira idade descubra seus talentos, competências e diferenciais competitivos, aproveite a experiência acumulada ao longo dos anos de trabalho e se mantenha sempre atualizado”, afirma Juliana Pereira, assessora de carreira da Catho.

Segundo ela, as empresas modernas estão cada vez mais optando por ter em seu quadro de funcionários profissionais da terceira idade, com destaque para as companhias do segmento de serviços, áreas de vendas e de atendimento ao cliente. “Estes setores estão em expansão, logo, não apenas contratam ao longo de todo o ano, como também aumentam significativamente suas equipes em períodos sazonais. Nelas, os profissionais mais velhos costumam atuar também como consultores, por conta da ampla experiência”, aponta.

Mas contratar um profissional já aposentado ou prestes a se aposentar traz benefícios para as empresas? De acordo com Juliana, a resposta é sim. “Tecnicamente, as principais vantagens na contratação desses profissionais estão na experiência profissional maior e no conhecimento técnico da área em que atuam. Em uma esfera mais comportamental, os principais benefícios estão na paciência e na resiliência, características adquiridas com a maturidade e que se aprimoram com o tempo”.

Hoje engenheiro elétrico e ex-professor de mestrado, Andrea Levy, de 70 anos, é um dos mais de 4 milhões de idosos brasileiros que seguem ativos no mercado. “O homem de 70 anos de hoje é o homem de 50 de ontem”, justifica.

Levy se aposentou pelo INSS depois de 20 anos de trabalho na companhia, mas nunca parou de trabalhar. “Estou devolvendo para a sociedade o conhecimento que adquiri esses anos todos e acredito que muitas pessoas têm condições de fazer o mesmo. As empresas precisam entender o valor da experiência que só se adquire com o tempo”, avalia ele, que também é especialista em longevidade da Mongeral Aegon, companhia de seguros e previdência.

Para Levy, o país precisa se adaptar ao aumento da população idosa para atender aos seus anseios. “Temos menos jovens no país e as mulheres estão tendo menos filhos. É importante que os mais velhos possam ter acesso a uma jornada mais flexível para gerar renda e se manter ativos. Para isso é essencial rever a própria CLT, que não considera uma jornada de trabalho menor de oito horas, e mudar a forma de pensar das empresas”, diz o especialista.

Considerando essa tendência de aumento de vida e os novos cenários que estão por vir, alguns países já começam a se adaptar, elevando a idade mínima para se aposentar. A Alemanha, por exemplo, está aumentando gradualmente a idade mínima de 65 para 67 anos até 2029. Já na Holanda, a idade para se aposentar aumentará de 65 para 66 anos até 2019, e para 67 anos até 2023.