Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede o emprego formal (com carteira assinada), revelam que é mais fácil encontrar uma vaga de emprego na Bahia se ela estiver no setor de Serviços e fora de Salvador.
O setor de Serviços foi responsável por 66,7% do saldo positivo na Bahia nos seis primeiros meses do ano. Foram criados 16.431 novos postos de trabalho nesse segmento. Neste período, o estado abriu 24.605 vagas formais em todos os setores, com 421.154 admissões e 396.549 desligamentos.
Foto: Robson Mendes |
Santos diz que o aumento de renda da população também impacta diretamente no resultado do setor. “Com mais dinheiro nas mãos, as pessoas passaram a ter mais acesso a lazer, bem-estar, saúde, educação. Tudo isso afeta o setor de serviços”, justifica. Segundo o diretor de pesquisas da SEI, Armando Castro, dos 580 mil empregos gerados na Bahia nos últimos sete anos, 66% foram criados nos setores de Serviços ou Comércio, 51% no interior e 98% em micro e pequenas empresas. “Isso é consequência do efeito multiplicador do aumento da renda dos mais pobres via transferência direta de renda”, diz.
Restaurante Na prática, esses números são explicados pelo maître Robson Almeida, 42 anos, que define assim o mercado de trabalho na área de Turismo: “Quem trabalha certo tem boa audiência e só fica desempregado por opção”. Contratado para integrar a equipe do restaurante Mahi Mahi no mês de junho, ele contribuiu para que o setor de Serviços, que inclui desde bares a negócios relacionados a beleza, fosse o destaque na geração de empregos no 1º semestre de 2014 na Bahia.
Mas as atividades relacionadas ao turismo não são as únicas responsáveis pela liderança do setor de Serviços. A técnica do Observatório do Mercado de Trabalho da Bahia e economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), Flávia Rodrigues, informa que o subsetor de comércio e administração de imóveis, valores mobiliários e serviço técnico gerou 7.091 vagas formais no período, ou seja, 43,2% do total. “A construção civil trabalha com um cronograma. À medida que as obras são concluídas, é preciso mão de obra para comercializar ou administrar os empreendimentos”, analisa.
O sócio presidente da Ello Imóveis, José Azevedo Filho, conta que ampliou o quadro de funcionários da imobiliária em 25% no semestre. O reforço, segundo ele, foi para cargos de gerente de vendas de imóveis e administrador dos empreendimentos. Ao todo, foram 15 admissões no período. “Os números do Caged retratam uma realidade de mercado. Entramos em campo quando os empreendimentos ficam prontos”, declara, informando que, desde o ano passado, a Ello está em processo de interiorização e hoje está presente em nove municípios baianos.
Além do fluxo normal do segmento, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos, afirma que outros fatores contribuíram para o fraco desempenho do setor. “Desde 2012, o mercado imobiliário sente uma redução na quantidade de lançamentos de projetos e obras”. Ele destaca que as obras públicas estão bem focadas em mobilidade urbana, que não geram tantos empregos quanto as de construção civil.
Segundo Passos, é preciso reverter a situação com obras pontuais. “O lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida 3, se for rápido, pode nos beneficiar. Isso porque não demanda tanto tempo para gerar empregos como uma obra, por exemplo”.
O economista Gervásio Santos lembra que esse cenário desfavorável tem relação com o atual contexto econômico do país, definido por crédito escasso e juros altos. “Com isso, as pessoas compram menos imóveis. Boa parte da construção civil é representada pelo setor imobiliário”, pontua. Ele ressalta que fatores locais, como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), que ainda está em discussão, têm impactado negativamente este setor.Os municípios baianos da região metropolitana foram os que apresentaram maior saldo positivo na comparação entre criação e extinção de vagas, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), sistematizados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). A cidade de Lauro de Freitas teve a melhor performance, com 29,612 trabalhadores admitidos, saldo positivo de 5,896. Para a superintendente de Desenvolvimento do Trabalho da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Maria Thereza Andrade, o setor de serviços também foi o grande gerador de empregos em Lauro de Freitas. “O que determinou esse desempenho positivo do município foi o saldo da área de Serviços, correspondendo a 87,1% do total”, diz. Ela ressalta que o município sempre apresenta uma posição de destaque no Caged. “Historicamente, Lauro de Freitas tem posição destacada no Caged, e isso se dá pelo êxito da política de atração de investimento do município. Também observamos que, dentre outros fatores, por ter uma carga tributária de menor valor, muitas empresas optam por fazer seu registro em Lauro de Freitas. Assim, elas têm sede naquele município, mas a sua atuação se dá em Salvador e outras cidades vizinhas da RMS”.
A capital do estado, por sua vez, foi a cidade que mais demitiu de janeiro a junho de 2014, ao registrar o maior saldo negativo (-3.007 vagas). “Esse resultado foi motivado pelos saldos negativos dos setores de Comércio (-3.194 empregos) e Construção civil (-2.827 empregos) que impactaram decisivamente”, explica Maria Thereza. A maior parte desses empregos foi criada pelos municípios do interior do estado. Foram 87,5% do total. A RMS contribuiu com 3.083 de empregos gerados. No geral, ela avalia com destaque o desempenho do estado. “O saldo da Bahia no primeiro semestre de 2014 foi de 24.605 empregos, o maior da Região Nordeste”. Matéria original: Jornal Correio Pesquisa indica onde há emprego na Bahia; confira
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