"Não adianta a empresa ter uma máquina supermoderna e inovadora se não há um funcionário que tem capacidade de usar de forma eficaz esse equipamento”, diagnostica a gerente da Unidade de Acesso a Mercado e Serviços Financeiros do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Sueli De Paula.
Nos próximos anos, a Bahia terá crescimento na oferta de emprego em diversos setores como Tecnologia da Informação, Agronegócio, Energia e Petroquímica. Mas, para conquistar uma dessas vagas, é preciso que o trabalhador esteja qualificado.
Especialistas apontam o perfil que o mercado irá exigir. “O agronegócio, por exemplo, é a grande força baiana que precisa e pode ser explorada. Entretanto, esse desenvolvimento passa não só pela implementação de novos equipamentos mas também pela formação de profissionais que consigam melhorar a produção”, diz Sueli.
Na contramão, segundo Sueli, estão setores como o de comércio: “A violência faz com que as pessoas comprem menos em lojas de rua. Esses empresários precisam rever esse método de trabalho para que o setor se recupere”.
Potencial
Outras atividades com crescimento exponencial da Bahia, segundo o gerente do Núcleo Estratégico do SENAI, Luis Alberto Breda, são energias renováveis e indústria petroquímica.
Mas para o desenvolvimento desses setores será necessário que o estado desenvolva força de trabalho capacitada. Só o Senai forma por ano 150 mil profissionais por ano na Bahia em várias áreas.
“A energia eólica, por exemplo, tem um potencial importante de atração de mão de obra especializada nas áreas de instalação, manutenção, automação e engenharia mecatrônica”, argumenta.
Breda ressalta que o trabalhador que faz a diferença em processos de logística das empresas serão os mais cobiçados, principalmente em setores estratégicos para a economia baiana.
“Um bom profissional é o elemento chave do processo competitivo. Espera deles cada vez mais uma visão sistêmica e capacidade de solução de problemas. Isso se mostra mais necessário em áreas como de TI, pelo desenvolvimento de programas, e também de logística”, ressalta.
Para o economista e consultor da Fecomércio-BA, Fábio Pina, a Bahia é rica em recursos naturais. Esse é um diferencial do estado, segundo o especialista, na atração de investimentos que podem impulsionar o potencial competitivo de setores importantes da economia baiana.
Apagão de talentos
“A Bahia tem recursos naturais para explorar energia sustentável. Mas para esse setor ser explorado precisa de mão de obra qualificada no setor industrial. São engenheiros, técnicos e tecnólogos, dentre outras atividades. De forma geral esses são os recursos mais escassos hoje no Brasil, em especial na Bahia pelo seu potencial”, explica.
Dados do último da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), divulgados no início do mês, relacionados à educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) mostram que 14,3% da população do estado é composta por analfabetos, sendo que o maior percentual de analfabetos está na faixa etária acima dos 40 anos.
A Bahia também teve fraco desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado este ano: no Ensino Médio, por exemplo, está abaixo da média nacional (3,7) e caiu de posição (de 3,0 para 2,8).
Essa situação reflete diretamente na qualidade competitiva da mão de obra. “Percebo que o setor de serviços é o que mais sofre com isso. Vivemos um apagão de talentos. Temos uma falta de pessoas qualificadas para trabalhar nas empresas do ponto de vista técnico e também comportamental”, opina Ricardo Galvão, Grupo de Líderes Empresariais (LIDE Bahia).
Galvão reforça que o profissional baiano precisa melhorar na qualificação e na eficiência. “O baiano tem a flexibilidade e a criatividade como diferenciais, mas precisa que governo e os próprios empresários investam mais na formação desses profissionais”, destaca.
BA: indústria calçadista perdeu mais empregos; Serviço cresceu
A Bahia vive situações antagônicas nos 25 principais subsetores de atividades econômicas. É o que aponta levantamento realizado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Coordenador de Pesquisas Sociais da SEI, Roberto Maximiano Pereira explica que os subsetores de atividade econômica do mercado de trabalho formal que mais se destacaram positivamente de 2012 a outubro de 2014 na geração de empregos formais na Bahia foram na área de serviços e comércio.
“Os serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção tiveram a criação de 26.605 novos postos de trabalho. Em segundo lugar, veio o setor de comércio varejista com a criação de 26.033 novas vagas. Em terceiro lugar, o setor de Construção Civil, que apesar de ter perdido força neste ano, gerou no período 20.261 postos de trabalho”, diz.
Na outra ponta, os subsetores econômicos que mostraram uma retração na criação de postos de trabalho estão os ligados à indústria, principalmente, como a Calçadista (com a supressão de 11.574 vagas, pelo fim de uma fábrica no Sul da Bahia); a de Material Elétrico e de Comunicações; e a Metalúrgica.
Outros setores ganham mais força na economia baiana
Para Roberto Maximiano Pereira, a Bahia tem potencial para crescimento em diversos setores. “Os de serviços ligados ao turismo, subsetores de ensino e serviços médicos e hospitalares e serviços técnicos apontam como maiores empregadores neste momento da economia, com boas perspectivas de continuar crescendo nos próximos anos”, explica o coordenador do SEI.
A gerente da Unidade de Acesso a Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae, Sueli De Paula, destaca que uma importante solução para melhorar o mercado de trabalho baiano é apostar em setores da economia criativa e também de logística.
“Salvador, por exemplo, é rica culturalmente e tem muito potencial que pode ser explorado para dinamizar seu mercado. Além disso, hoje, o setor de logística de serviços - com o crescimento de delivery - tem um grande potencial de atração de mão de obra trabalhadora”. Matéria Original Correio 24 Horas: Saiba o que o mercado espera do trabalhador nos próximos anos
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