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Mães solo: mulheres contam como venceram o preconceito

Se reinventar é uma alternativa para lidar com as pressões e cobranças (muitas vezes, de outras pessoas)

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Redação iBahia

08/05/2018 às 17:03 • Atualizada em 27/08/2022 às 9:49 - há XX semanas
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Para falar de maternidade solo é preciso desconstruir um conceito essencial e tradicionalmente conhecido: "Mãe Solteira". O psicólogo Alessandro Marimpietri explica que maternidade não tem ligação com o tipo que de relacionamento que a mãe se encontra. "A designação solteira que não se refere à parentalidade e sim a conjugalidade", alerta. Por isso, a expressão "mãe solo" refere-se às mulheres que são mães e são as únicas ou principais responsáveis pelos cuidados dos filhos.
Lidar com o preconceito e olhares de julgamento são alguns dos desafios enfrentados diariamente por mulheres que criam seus filhos quase sozinhas. Mãe de Miguel, de 6 anos e Guilherme, 9 anos, a psicóloga e doula Erika Mariana Oliveira critica o mercado de trabalho. "A gente não tem mercado que inclua as mães, não é um mercado receptivo. Geralmente, nas entrevistas há perguntas se você é casada ou se tem filhos. Independente da maternidade ou das relações, essa mulher vai ser uma boa profissional", aponta.

Erika tem uma rede de apoio forte a ajudou a cuidar dos filhos Foto:Ingrid Milazzo

Se reinventar é uma alternativa para lidar com as pressões e cobranças (muitas vezes, de outras pessoas) a respeito das escolhas das mulheres que são mães sozinhas. "As mães de hoje em geral são muito ocupadas, preocupadas e culpadas. Uma triangulação nefasta para mães e filhos. Cada vez menos tempo para estar com as crianças, cada vez mais preocupadas com o sucesso dos pequenos e cada vez menos culpada de não dar conta de tudo. Toda mãe falha com seus filhos e isso em níveis aceitáveis é bom. Nessas fissuras entre o esperado e o que se apresenta as crianças têm a chance de se reinventar para além das expectativas dos pais", relembra Marimpietri.

Há quatro anos separada, Erika afirma que ter uma rede de apoio forte a ajudou a cuidar dos filhos e da carreira. "Eu trabalho com duas empresas hoje, apoio partos e e nãotenho horários fixos. A primeira dificuldade é a divisão do trabalho. A mulher que escolhe trabalhar cedo mãe tem essa coisa de precisar conciliar", diz. O convívio com outras mulheres ajudou a psicóloga a lidar não somente com a culpa, mas também a enxergar outras perspectivas para a sua vida. "Meu trabalho acabou me fortalecendo e não quero ser essa mãe perfeita, maravilhosa, ideal. Sempre achei que não iam rolar outras relações, tinha essa neura. Hoje eu sou mais empoderada e sei que ter dois filhos não modifica meu caráter, minha força, meu desempenho e não muda minhas relações", garante.

Quando o assunto é como ajudar e aconselhar outras mães solo, Erika reforça a importância do acolhimento. "Eu tenho uma relação fixa hoje, um cara que nunca me questionou sobre meus filhos. A maternidade é muito solitária, e não é fácil lidar com o olhar de preconceito do outro. Mesmo tendo uma relação simbiótica com o bebê, a gente quer voltar para o mercado e é importante dar esse espaço para o acolhimento das escolhas das mães", reflete.

O sonho de ter uma família tradicional sempre ocupou os sonhos de Lorena Ifé, de 29 anos, que sofreu muito para entender que teria na sua vida um novo tipo de família. "Sofri muito, mas com o tempo eu entendi que a minha família somos eu e meu filho. Com ele aprendo a cada dia. E aprendi também a pedir ajuda. Já ouvi várias pessoas falando a frase "quem pariu mateus que balance", discordo totalmente, acredito na frase que diz "é preciso uma aldeia para educar uma criança". Achei que podia dar conta de meu filho sozinha, mas é impossível", desabafa. Com a ajuda da mãe, do pai do seu filho, de amigas e vizinhas, a jornalista e empreendedora enfatiza ter deixado a culpa de lado para garantir o bem estar do pequeno Miguel, de 2 anos e 9 meses."Me permitir deixar uma pessoa de confiança com meu filho para eu trabalhar e me divertir também.Porque isso faz parte dos cuidados com minha saúde mental. Se eu não estiver bem, como vou cuidar dele?", questiona a jornalista.

Lorena sofreu para se adaptar à nova rotina. Foto: Acervo Pessoal

O tempo dedicado à criação do pequeno Miguel ocupava o tempo livre da empreendedora e, então ela resolveu criar uma rede virtual para se relacionar. "Quando me tornei mãe solo criei um grupo de relacionamento virtual para pessoas negras, o Afrodengo, porque eu não tinha como sair para namorar, não tinha com quem deixar meu filho", se diverte. A adaptação à nova rotina também foi um complicador nos primeiros meses. "Queria deixar tudo impecável, mas vi que não podia, já tive crises de ansiedade, já me achei péssima mãe, mas como válvula de escape criei um um projeto de escrita Preta é a Mãe! em que relatava nas redes sociais os desafios de ser uma mãe negra. Era uma espécie de desabafo. Então comecei a ver que minha história se parecia com a de muitas. Hoje meu maior desafio é adaptar a rotina materna com o trabalho em casa. E olhe, tenho dois anos e meio conseguindo, não sei como! Me pergunto todos os dias", reflete.

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