Negócios de moda precisam estar conectados às mudanças de consumo

Rio de Janeiro - "Em moda, o que interessa é fazer antes, porque uma hora todo mundo vai fazer a mesma coisa". Foi com esse recado que o administrador de empresas e especialista em Marketing de Moda, Silvio Chadad, iniciou a palestra sobre como gerenciar marcas em tempos imprevisíveis, para os lojistas que visitaram o Senac Rio Fashion Business, na tarde da quarta (12), na Marina da Glória.

Com a intenção de ser uma injeção de ânimo para os profissionais na plateia, Chadad tocou em pontos importantes que revelam a mudança nos modos de consumo atualmente. Ele destacou, por exemplo, que no mundo cada vez mais robotizado e automatizado, o que vai fazer a diferença nos negócios são os talentos, por isso, observar a vocação da empresa é um dos primeiros passos para o sucesso. Mas não só. Selecionar vendedores e gerentes pela personalidade e não apenas pelo currículo é fundamental para formar uma equipe de confiança, mas é importante que todos saibam qual a vocação do negócio para se sentirem participantes dos processos.

Capacitação e atualização também mantêm o time de olhos abertos para as mudanças do mercado e os desejos do consumidor/cliente. O empresário deve ter em mente que os funcionários que mais garantem retorno e lucro para a empresa precisam de bons salários. Tudo isso, claro, na teoria é muito bonito, mas na prática há muitas dificuldades e o desafio está exatamente aí.

Mesmo com uma carga tributária pesada, com as limitações de mercado, a alta concorrência - sobretudo no segmento de vestuário -, lojistas e criadores de moda precisam ter negócios sustentáveis economicamente, por isso, com todas as mudanças de comportamento de consumo, os empresários, de que porte forem, precisam encontrar fórmulas alternativas para seus negócios a cada dia. "O cliente é bombardeado por informações e carente de atenção. Há influências por todos os lados, o mundo nunca mudou tão rápido como acontece agora", frisa Chadad. "O que está dando certo hoje não significa que vai dar amanhã, porque a moda é mais sazonal do que a comida, que pode ser congelada. Na moda, uma estampa de hoje não vai valer amanhã", completa.

Tão fundamental quanto estar conectado às transformações do mundo contemporâneo, é preservar o capital de giro para evitar ficar nas mãos de bancos com empréstimos a juros exorbitantes. Ou seja, toda ação a ser realizada na empresa precisa ser bem pensada e tomada estrategicamente, porque por menor que seja impacta nos custos e isso pode ser determinante para a saúde financeira. Imagine uma loja multimarcas, por exemplo, que compra muito para revender e obtém bons resultados em datas de grandes apelos comerciais, mas fecha o balanço anual com estoque alto. O meio de reduzir a quantidade de peças é fazer promoções generosas com até 80% de descontos para garantir a saída dos produtos com rapidez. Exemplificando em números, se o estoque tem R$ 1 milhão em peças, com promoções de 80%, o prejuízo é de R$ 800. Ou seja, é preciso saber claramente o que quer o cliente para fazer compras na quantidade certa e evitar perdas.

Outras dicas de Silvio Chadad para gerenciar bem uma marca:

- Cumprir o que a marca promete;
- Ter cuidado com os valores intangíveis: atendimento, ambiente, iluminação do ponto de venda, tudo pode elevar ou comprometer a marca;
- Quem trabalha com moda, precisa ter interesse em outras áreas como cinema, arquitetura, pessoas e coisas simples da vida, como ver um pôr-do-sol, pois tudo isso aguça a criatividade;
- Ter persistência e saber que uma marca desejada não se constrói de um dia para o outro;
- Cuidar da comunicação da marca: ter um site é hoje a maneira mais rápida e barata de se relacionar com consumidores, imprensa e formadores de opinião, mas é preciso estar atualizado e fornecer informações sobre a marca.

* Jornailista viajou a convite da organização do evento